4 meses pra virar programadora (parte 2)

Dicas pra aprender a programar. Acabei o curso, e agora???

Laura Barros
7 min readApr 10, 2017

Obrigada pelos comentários pessoal, muita gente veio agradecer e logo perguntar as dicas que eu ia colocar aqui na segunda parte. Então resolvi continuar logo :)

Um pedido apenas: compartilhem! Tô querendo criar um grupo de discussão, então quanto mais gente ler melhor!

(link pra parte 1)

(se ainda quiser o curso, é só me pedir no laurajbarros@gmail.com)

Vamos lá!

Acabei o curso, e agora?

Tá, passado o um mês e meio que eu levei pra acabar o curso que eu postei, eu fiquei me sentindo meio orfã. Poxa, o professor era o máximo, e eu sabia o que fazer ao chegar no Hangar, mas e agora?

E agora minha filha, que embora você tenha aprendido um pouco do que é esse mundo, ainda tem um universo inteiro pra você. E o seu melhor amigo não vai ser um professor, vai ser a internet.

Minha BFF

A coisa mais forte que eu aprendi ao programar nos últimos meses foi que eu teria que me virar e aprender a fazer perguntas no google da melhor forma possível.

O StackOverflow nessa época foi o melhor amigo, todo mundo já teve alguma dúvida parecida com a minha. Mas toda a vez que eu sentia falta de VER, ou olhar o que alguém tava fazendo, eu ia (e na realidade continuo indo) pro YouTube. Lá encontro professores maravilhosos, indianos com sotaques fofinhos, e um pouco mais de apoio “pessoal” do que nos fóruns.

Foto aleatória porque não achei nada melhor pra ilustrar

Mas vamos lá, o que eu fiz?

Eu vi que embora tivesse feito o curso tudo foi muito no beabá, então eu tinha que aprender a me virar sozinha. Resolvi fazer então uma extensão de uma das tarefas do curso, um app (desktop mesmo, não mobile) de todos.

Peguei um design que eu achei no dribbble (site de ideias para designers, procurei por front, todos app e coisas do tipo) e tentei copiar ao máximo usando HTML e CSS. Fui atrás de aprender a colocar um calendário na busca. De adicionar uma API com email. De fazer um formulário bacana de todo. De aprender algumas animações.

Copiei esse design aqui, e fiz com que ficasse igual, nada mal né?

Isso tudo foi um partinho a cada nova coisa. Libs(?), onde eu adiciono esse pedaço de código? Meldels, que P*&$& é essa.

Passei mais um mês nessa frente, tentando fazer o máximo de coisas nesse app. E aprendi UM MONTE.

Junto com esse app comecei um curso extra de JQUERY no youtube, e mais algumas coisas de Sistema Operacional (pra entender como funciona o Windows, ou melhor: o Linux).

Ah é. O Linux é todo um capítulo a parte. O Linux que eu peguei(Ubuntu 16.04) é um desafio a parte. Desenvolvedores dizem todos que Linux é melhor. Melhor uma ova. Pra abrir o firefox você precisa usar o terminal (tela preta). MAAAASSS, isso de fato te acostuma a procurar online e resolver pepinos. Embora seja um pouco frustrante as vezes…

Linux == pura dor de cabeça… Mas dor de cabeça necessária!

ENFIM $$$.

Depois desse dois meses e meio, três, bateu o: mas eu não tô fazendo nenhum dinheiro. Vou ficar pobre, depender dos pais, do namorido, não quero!

Então, embora soubesse que tinha que aprender muita coisa ainda, defini que ia entrar no Upwork.

O Upwork é uma plataforma onde donos de empresas, projetos, ou qualquer pessoa que queira algo feito vai. Tem muita coisa de tradução, marketing, design mas principalmente programação.

O ponto é que tudo o que não é programação é MUITO concorrido, e sempre vai ter pessoas de países onde o câmbio é super favorável cobrando NADA. E daí não acho que valha a pena.

Em programação você consegue achar projetos que façam mais sentido.

Vou colocar as dicas mais importantes sobre o Upwork aqui:

A) Vá, faça um perfil, coloque suas habilidades (neste momento próximas de nada), mas não precisa se esculachar. Uma coisa que eu sempre entendi foi:
— as pessoas querem fazer negócios com pessoas, então seja agradável, a pessoa tem que sentir SEGURANÇA em você. Tente passar compromisso.
pra exemplificar melhor leia aqui as dicas de um perfil matador no upwork.

B) Agora, minha maior dica pra quem está começando lá é:
COBRE SUPER BAIXO (pra começar).

Você é novo, inexperiente, seu github (vitrine de código) não tem nada, você não tem nenhuma recomendação, você não tem nada pra chamar a atenção de quem está procurando freelas, então comece com o preço baixo.

C) Vá bidar (ir atrás de projetos). No começo você vai achar que não tem nada com o que você sabe. Mas é assim mesmo, de vez em quando aparece. A dica é:
— por hora entram uns 10, 15 ou mesmo 30 projetos de programação.
— Quando MAIS rápido você entrar em contato MAIOR a chance de conseguir trabalho.
— seja humano, passe segurança, resolva o problema do cliente, e ele vai querer falar com você.

D) Não se desespere, não receber respostas é normal.
A cada dez mensagens enviadas, uma pessoa falava comigo. Quando a pessoa falar, fale logo. Explique, entenda, tente ver se consegue e então amarre a venda.

Pra resumir os freelas:

Eu passei uns 3 meses fazendo freela e alguns aprendizados foram:
— É uma merda cobrar por projeto, porque você não tem (e provavelmente nunca terá) ideia do tempo que vai levar pra você terminar um projeto, e geralmente é MUITO mais do que você orçou. Eu sempre ficava com a sensação de ter sido passada pra trás.
— MAS, é a maneira que tem de entrar, é a maneira que o cara do outro lado tem de confiar, e paciência. You gotta do what you gotta do.
— Clientes sempre vão querer adicionar pequenas features. Cobre e negocie. Deixe claro o que vai ser entregue.
— Você vai ter que falar com muita gente, perder tempo com muitos clientes que não vão efetivar. É chato. E não rola tanto dinheiro assim no Upwork.

Upwork é trabalho duro e pouco remunerado, mas te abre janelas pro mundo de gente grande da programação.

Mas, apesar de tudo o que eu falei aqui acima, eu consegui duas oportunidades de emprego, através do Upwork. Justamente porque eu ia ganhando a confiança dos clientes, ia fazendo novos trabalhos pros mesmos clientes (que é o melhor dos mundos), e então surgiam as oportunidades.

Eu já vi de começar trabalhos remotos em sites que oferecem esse tipo de iniciativa, mas eles demandam experiência logo de cara. Senti que o Upwork é um ótimo lugar pra quem começa, mas tem responsabilidade, e tá aprendendo direitinho.

Resumo da ópera

Aprender a programar tem sido um desafio, e embora o título do texto sugira que eu aprendi a programar em 4 meses não é a maior das verdades.

Eu aprendi a programar o básico suficiente pro que o mercado começa a pagar em 4 meses. Mas certamente o aprendizado é eterno. Não é tipo negócios que você aprende um pouquinho e daí vai pra prática e pega “as manha” e pronto.

É coisa pra vida inteira, novas tecnologias, adaptações da linguagem, novas versões da mesma linguagem, novas libs, e vários outros termos técnicos que você começa a aprender com o tempo.

Tenha calma! Você não vai aprender tudo de uma vez (eu bem que queria). Se dê tempo, tenha paciência, e avance ao seu tempo.

E pra terminar, fun fact:

Banana pra eles!

Lembra da tal empresa alemã que eu trabalhava e daí não deu certo? Pois é, a verdade é que os caras me contrataram sem perguntar quanto tempo de experiência eu tinha, daí semana passada (quando eu escrevi esse texto) resolveram que eu era bem júnior que não daria mais (eu sempre entreguei o que eles me pediram, mas as vezes demorava um pouco mais, porque tinha que aprender a fazer).

Daí em seguida fizeram uma contra-proposta diminuindo meu salário. Eu falei: not happening bro, tchau então. Não é que hoje quando eu fui perguntar pro meu chefe até quando que ele queria que eu trabalhasse ele vai e me responde:

Desculpe, acabamos decidindo continuar a trabalhar contigo, já que você já conhece o nosso código e ainda temos muito a ser feito.

Eu resolvi sair mesmo assim, porque já tenho um projeto bem legal pelos próximos dois meses, mas o que eu tiro de tudo isso? Embora eu seja júnior meu código leva jeito ;), e o mercado tá quente de fato!!!

Se animou? Foco, disciplina e se joga!

Valeu!

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