Blockchain: Como funcionam as transferências

Marcelo Vital Brazil
4 min readJan 26, 2018

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Alguns de vocês devem ter lido meu primeiro post sobre o Bitcoin e sua tecnologia Blockchain há alguns dias. Se não leram, sugiro dar uma olhada aqui para entender um pouco mais sobre os motivos para sua criação e uma visão geral sobre a solução.

Nesse segundo artigo sobre a tecnologia, gostaria de continuar explicando um pouco mais sobre os fundamentos da tecnologia criada por Satoshi Nakamoto (seja quem ele, ou eles, forem). Reforço antes o fato de que a tecnologia Blockchain foi criada para o Bitcoin, e por isso a explicação aqui é focada nesta moeda, mas diversas outras aplicações, até melhores, existem. E muitas outras serão criadas!

Como vimos, todas as transações são registradas em blocos de texto, públicos e distribuídos em várias cópias por todo o mundo. Estes blocos seguem uma sequência, formando o Blockchain. Mas o que são essas transações?

Uma transação é basicamente a transferência de valores em Bitcoin (BTC) de um ou mais endereços de origem para um ou mais endereços de destino. Lembro aqui que estes endereços têm 35 caracteres, não relacionados à identidade do “dono” desta carteira, e ajudam no anonimato. A transferência pode ser comparável a uma das linhas em seu extrato bancário, ou ainda melhor, a uma folha de cheque (abaixo, veremos como a analogia do cheque funciona bem).

Você não precisa transferir 1 BTC inteiro, até porque em valores de janeiro de 2018, 1 BTC vale cerca de 11 mil dólares (seria um valor mínimo muito alto!). Os valores em BTC podem ser fracionados até a oitava casa decimal, ou seja, você pode transferir a partir de 0.00000001 BTC (cerca de US$ 0,00011 pela mesma cotação). Este valor mínimo do Bitcoin também é muito comumente chamado de Satoshi, ou seja, 100.000.000 Satoshis equivalem a 1 Bitcoin .

Vejamos um exemplo abaixo. Os endereços das carteiras foram propositalmente simplificados:

Pontos a ressaltar:

  • Toda transação recebe uma identificação alfanumérica, facilitando ser encontrada no Blockchain.
  • A quantidade de endereços de entrada não precisa ser igual à quantidade de endereços de saída.
  • Toda transação precisa acompanhar a assinatura digital criptográfica dos endereços de entrada, provando que o autor possui controle sobre estas carteiras.
  • Importante: Os endereços de entrada devem consumir TODOS os Bitcoins do seu saldo, mesmo que a transferência seja de valor menor.
    Como isso é resolvido? A diferença entre os valores pode ser transferida de volta ao remetente.
    Um exemplo: o endereço “A” possui 1 BTC e deseja transferir 0,5 BTC para o endereço “B”. A transação deve incluir o endereço “A” como única entrada, usando todo seu saldo de 1 BTC, e colocando dois endereços como saída: 0,5 BTC para o endereço “B” e 0,5 BTC para o endereço “A” (ou qualquer outro endereço “C” que seja do mesmo dono).

Feita esta transferência, o valor automaticamente sai do saldo de um endereço e entra em outro? Não.
Esta transferência vai para o mempool, que é como uma fila de transações. Somente a partir do momento em que a transação for retirada do mempool e incluída de fato em um bloco da Blockchain, ela é considerada válida (ainda com algumas ressalvas). Aí é relevante lembrar a analogia da folha de cheque que mencionei acima: quando você emite um cheque, o saldo não é transferido imediatamente, certo? Só quando o destinatário for ao banco depositá-lo, e este cheque passar pelo sistema de compensação bancária, o que leva alguns dias úteis, é que o saldo é efetivamente transferido.

Obviamente, o processo no Bitcoin é bem mais rápido que a compensação bancária! Um novo bloco é criado a cada 10 minutos em média, ou seja, a cada 10 minutos você tem a chance da sua transação ser retirada do mempool e incluída neste bloco que está sendo criado.

Neste momento, os leitores mais curiosos devem estar questionando QUEM cria estes blocos do Blockchain. Ou melhor, QUEM pega a transação do mempool e inclui no bloco sendo criado?
QUAIS seriam as ressalvas mencionadas acima? Quando a transação entra em um bloco ela pode não acontecer?
Os leitores mais atentos devem também ter reparado que no exemplo de transação acima, o total dos valores de saída é MENOR do que os valores de entrada, certo? POR QUÊ?
Os que deram um passo além devem estar questionando POR QUE alguém iria manter no ar uma das diversas cópias do Blockchain distribuídas pelo mundo que eu mencionei, gastando em computadores e eletricidade!
Aliás, para existir saldo a ser transferido, esta moeda foi criada em algum momento. COMO estes Bitcoins são criados, e POR QUEM??

A resposta a todos estes questionamentos está em uma figura muito importante deste ecossistema: O MINERADOR. E ele será o assunto do próximo artigo sobre o Blockchain, em breve!

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Um grande abraço!

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