7. Conclusão — A riqueza a ser explorada pelos designers

É necessário que os estudos do design percebam que a arte, o design e os fatores culturais acabam sendo sempre um complemento do outro e não rivais que precisam ser rotulados e desagregados.

O estudo do design é acima de tudo um estudo da cultura, que se propõe ou se concebe um projeto para criar maneiras de reutilização de referências passadas e/ou culturais buscando soluções ou criando problemas que ainda não existem. Deve ser visto não só sobre forma, função, mas integrar todos os fatores que podem contribuir com a criação de novas ferramentas tecnológicas e promover a inovação por meio de processos e não simplesmente de inspirações.

As referências para os designers são puramente criadas a partir de movimentos e estilos artísticos. Porém, na maioria das vezes os profissionais de criação deixam de levar em consideração a gama enorme de possibilidades de referenciações presentes na cultura primitiva.

Temos como exemplo as casas indígenas, que podem ser estudadas como um projeto de design/arquitetura, a estrutura ampla e a resistência. Apesar da forma simples e primitiva, são construídas geralmente de palha, barro e da utilização do cipó. Além da função básica de proteção, a casa também tem a função simbólica de identificação étnica que é recorrente na cultura indígena. Todas essas infinitas relações com o design devem ser levadas em consideração¹.

Esta gama de bagagem estrutural da informação das diversas culturas presentes no mundo deve ser cada vez mais explorada. Talvez ela seja hoje a inovação tão adorada pelos profissionais de design.

Pensando um pouco além, estudos como este podem se tornar a chave para a construção do design nativamente brasileiro, buscando referências em nossos povos e não apenas transcrevendo o design do exterior, que é o mais comum e cômodo para os designers. O processo da descoberta nos estudos culturais podem sim substituir as inspirações nos trabalhos de outros profissionais.

¹VERISSIMO, JOSÉ. As populações Indígenas e Mestiças da Amazônia: linguagem, crenças e costumes. WMF Martins Fontes: 2011.

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