As 5 Etapas Para Mudança de Profissão — Planejamento (2/5)

Matheus Castro
10 min readSep 25, 2019

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Me formei em odontologia, trabalhei por quase um ano como dentista, e larguei tudo para me tornar desenvolvedor de software, profissão na qual atuo há 5 anos.
Para te ajudar na sua jornada, aqui estão minhas percepções baseadas na minha experiência, em estudos, e no que outras pessoas compartilharam comigo sobre mudança de carreira.

Primeiro aceite, não será fácil.
É normal ter medos, inseguranças, dificuldades que muitas vezes parecem impossíveis de serem superadas. Algumas pessoas talvez digam que é loucura ou que você não é capaz.
Eu passei por tudo isso, e posso te dizer que realmente não é fácil, mas é possível, necessário e, principalmente, libertador!

Nessa série de artigos vou te mostrar o caminho. Só não espere que eu caminhe por ti; isso depende de você.

Existem 5 etapas (APEEM) para mudar para uma carreira que te faça sentir mais realizado e feliz:

1. Autoconhecimento
2. Planejamento
3. Estudo (artigo em breve)
4. Execução (artigo em breve)
5. Motivação (artigo em breve)

Etapa 2

Planejamento

Photo by Annie Spratt

Depois de entender mais sobre si e sobre qual trabalho quer exercer, é preciso avaliar seu cenário e criar um plano de ação para atingir seu objetivo de mudança de carreira. Se planejar é fundamental, pois tem o intuito de organizar os seus dias de modo a incorporar o estudo da nova profissão à sua rotina. É isso que faremos nesse artigo.

Porém, antes de começar o planejamento, é preciso remover do caminho possíveis empecilhos. Há muitas pessoas que passam da primeira etapa (autoconhecimento), sabem quem são e o que querem, mas ficam paralisadas. Para lidar com isso, é preciso ter consciência do motivo. Se esse é seu caso, se pergunte: “O que me impede?”.

“O que me impede?”

Esses empecilhos podem ser atribuídos a dois grandes grupos: emocional e prático.

Empecilhos Emocionais
Medos.
Você provavelmente tem medo do que pode acontecer nessa transição.

Talvez esteja preocupado em não conseguir manter seu padrão de vida atual, e fica pensando o que as pessoas vão dizer quando perceberem que você deu um “passo atrás”.

Talvez esteja inseguro por trocar o certo pelo duvidoso, e, por mais que sinta ser o melhor a fazer, tem receio de que seja a escolha errada ou que não tenha competência para realizar a mudança com sucesso.

Seus medos não são estúpidos. Eu tive vários deles, sei como é, mas também sei que VALE A PENA lutar contra tudo isso. E você deveria ter medo mesmo, mas tenha também a consciência de que eles só estão se manifestando porque você está lutando para sair da zona de conforto, e isso é ótimo! Só evoluímos de verdade quando enfrentamos nossos medos e desconfortos; portanto não devemos correr para longe deles, mas sim em direção a eles.

Só você conhece o seu sofrimento de levantar todos os dias para fazer um trabalho que não gosta; só você sabe o desânimo no fim de semana ao pensar que a segunda-feira está chegando de novo; só você sabe que os maus hábitos que adquiriu ultimamente, e a maneira que tem tratado as pessoas ao seu redor, são consequência da sua infelicidade com a profissão.

Algumas pessoas tentarão te barrar, desencorajar, outras falarão mal de você. Talvez sejam da sua própria família. Tenha consciência disso. E vou repetir, porque é importante… Só conseguimos vencer verdadeiramente nossos medos quando os encaramos de frente, conscientemente, e por algo significativo.

Vale a pena dar um basta a esse sofrimento? Vale a pena curar esse desânimo? Vale a pena extinguir esses maus hábitos? Vale a pena voltar a tratar bem as pessoas ao seu redor e a si mesmo?
Claro que vale!

Empecilhos Práticos
Dificuldades.

Talvez você pense que não consegue porque não tem tempo para estudar outra profissão.

Talvez precise continuar trabalhando porque o sustento da sua família depende de você, e precisa de cada salário do trabalho atual para conseguir pagar as contas de cada mês.

Talvez esteja gastando muito dinheiro em tratamento para algum problema de saúde, e não pode se arriscar em uma nova profissão.

Eu sei que é complicado — muito complicado em alguns casos — e eu sinto muito por isso, mas você precisa encarar a verdade…

Nada é estável. Você pode ser demitido do trabalho que você já não gosta. Se não fizer nada para mudar sua insatisfação, pode até perder sua família, já que o fato de estar infeliz pode te causar ressentimento, o que te faz desrespeitar as pessoas que você ama, e consequentemente te afasta delas.

Pode parecer mais seguro aguentar seu trabalho atual do que mudar de carreira. Porém, se você parar para pensar em como sua infelicidade tem afetado negativamente a sua vida e a das pessoas ao seu redor, é provavelmente muito mais seguro mudar de carreira do que continuar como está.

Mas é claro que não pode simplesmente jogar tudo para o alto, de modo inconsequente, e tentar mudar de profissão. É preciso agir com inteligência. O planejamento irá aumentar suas chances de sucesso e reduzir os riscos.

Agora está quase na hora de montar seu plano de ação, mas antes precisamos tirar possíveis dúvidas. Vou abordar as duas mais comuns.

Dúvidas Comuns

“Preciso deixar meu emprego atual e me dedicar completamente à transição?”

Você pode fazer isso se a parte financeira estiver em ordem, ou seja, se tiver dinheiro para se sustentar enquanto não consegue uma oportunidade na nova profissão. Porém, não é necessário. É possível se desenvolver em outra área de atuação ainda mantendo seu emprego atual, mas você precisa se organizar e ter comprometimento para se dedicar nas horas vagas. Agora, é evidente que largar o emprego e se dedicar 100% a esse objetivo vai te fazer alcançá-lo mais rápido.

“Preciso fazer faculdade/pós?”

Depende. Se a área na qual você quer atuar exige diploma, não tem alternativa, precisa fazer um curso superior que te dê esse diploma. Porém, se essa profissão não exige diploma, procure cursos online ou presenciais de curta duração que te ensinem com muito mais objetividade o conhecimento e prática necessários para exercer esse trabalho. O mundo está mudando; as empresas de tecnologia já não exigem diplomas, e a tendência é que as outras passem a não exigir também. Portanto, invista mais no conhecimento e aplicação dele. Se você puder provar que sabe fazer aquele trabalho e que entrega resultados, poderá ser contratado em muitas empresas.

Contudo, em algumas profissões, mesmo não exigindo diploma, digo para considerar iniciar uma graduação/pós quando já tiver estudado e adquirido um bom conhecimento por outros meios não tradicionais antes. “Mas por que, Matheus? Se vou fazer faculdade não preciso estudar antes, aprendo na faculdade ué”. Precisa estudar antes sim! Porque a faculdade ensina muito lentamente, abrange apenas matérias muito básicas no primeiro ano inteiro (veja o desperdício de tempo), e demora anos para concluir. Estudando por conta própria, fazendo cursos online, lendo livros e artigos, assistindo a aulas no YouTube, ouvindo a podcasts, você corta caminho, economiza tempo. O intuito de entrar em uma faculdade é apenas para colocar no currículo “Cursando Graduação em X” e demonstrar às empresas que você está mesmo determinado a mudar de carreira. Desse modo você tem mais chances de conseguir um emprego antes de se formar. Depois de conseguir o primeiro emprego na área, se questione se a faculdade está valendo a pena, e se não estiver, tranque o curso para focar nas melhores fontes de conhecimento e não desperdiçar dinheiro.

Então, para resumir e deixar claro, só comece um curso superior se a área exigir diploma ou para economizar tempo — ser contratado antes de se formar por colocar a informação no currículo embasando com conhecimentos adquiridos em fontes mais eficientes.

Você tem outras dúvidas que não respondi aqui? Busque as respostas na internet ou me pergunte nos comentários, mas não fique com dúvidas!

Plano de Ação

Agora que você sabe o que te impede e tem respostas às dúvidas que te pairavam na mente, é hora de criar o plano de ação para começar a por em prática sua mudança de carreira e ser mais feliz e realizado na sua vida.

Criar um plano de ação significa organizar os seus dias com antecedência para maximizar o tempo e esforço dedicado ao aprendizado ou prática da nova profissão, de modo a aumentar a chance de sucesso e reduzir riscos.

Primeiro responda à seguinte pergunta:

“Do que preciso abrir mão para atingir esse objetivo?”

Para os problemas práticos, encare todos eles, mesmo os mais complicados e genuínos, como uma desculpa que você está dando para não sair da zona de conforto. Busque uma solução ou alternativa.
O problema é dinheiro? Mantenha o trabalho atual e use o tempo livre para adquirir o conhecimento necessário na nova profissão.
Agora o problema é tempo? Abra mão de atividades que estejam ocupando seu dia e não te levam em direção ao seu objetivo de mudança de carreira. Cortar festas e happy hours? Deixar de usar o YouTube para diversão e usar para adquirir conhecimento? Substituir músicas por podcasts, e televisão por livros? Você sabe onde está desperdiçando tempo. Eliminando esses desperdícios, abrirá espaço para se desenvolver.
Continue respondendo às suas objeções práticas dessa maneira, e em algum momento não restará nenhuma.

Geralmente, quando esgotamos as desculpas práticas começamos a dar desculpas subjetivas, emocionais…
É preciso abrir espaço mental para focar no objetivo, e encarar que qualquer objeção emocional só existe na sua cabeça. Depende apenas de você enfrentar seus medos e receios, enfrentar a si mesmo, enxergar que é capaz e colocar o plano de ação em prática.
Com problemas emocionais é possível que precise cortar relações com quem se opõe ao que você está se propondo a fazer. Isso pode significar se afastar de amigos e até familiares. Talvez seja a hora de terminar o relacionamento com aquela namorada ou namorado que nunca te apoia em nada e vive dizendo que as coisas não vão dar certo. Pode ter chegado o dia de não falar mais com pessoas que nunca acreditaram no seu sucesso.
Avalie honesta e friamente, de acordo com seu contexto, o quanto esses aspectos te afetam e quais atitudes você precisa tomar a respeito deles.

Agora organizaremos seus dias estabelecendo horários dedicados ao desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades necessários para atuar na profissão desejada.

Quanto mais tempo conseguir dedicar, mais rápido atingirá seu objetivo. Mas tenha cuidado para não estabelecer uma rotina absurda e chegar a “burnout”. Tempo e eficiência precisam andar juntos. Portanto, encare esse processo de transição de carreira como uma maratona, ou seja, otimize para uma longa jornada de esforço contínuo ao invés de gastar toda sua energia correndo o mais rápido que puder logo no início.

1º passo do planejamento:
Definir quais atividades você precisa manter e quais você precisa eliminar.

Matriz de Eisenhower adaptada à mudança de carreira

Modifiquei a matriz de Eisenhower para facilitar esse objetivo. Utilize-a da seguinte forma:
Pensando em cada atividade recorrente que executa durante sua semana, se questione “Qual o nível de importância pessoal que isso tem para mim?” e “Qual o nível de importância profissional que isso tem para mim?”.
Elimine o que não é importante pessoal nem profissionalmente.
Reduza o que é importante no aspecto pessoal, porém não é importante no profissional.
Mantenha, e reavalie no futuro, o que é importante profissionalmente mas não é importante no lado pessoal.
Mantenha o que é importante em ambos aspectos, profissional e pessoal.

Relembre os empecilhos para sua mudança de carreira. Tempo, dinheiro, pessoas, entre tantos outros… Cada um desses empecilhos se manifestam de alguma forma no seu dia a dia. Levando isso em conta, classifique através da matriz todas as atividades macro que realiza no seu dia a dia, pois usaremos isso no próximo passo.

Por exemplo: “Jogo futebol com amigos, por diversão, de segunda a sábado“.
Isso é importante no aspecto profissional? “Não, é um lazer”.
Isso é importante no aspecto pessoal? “Sim, me faz bem”.
Nesse caso, ao passar pela matriz, “jogar futebol” ficaria em “REDUZA”, pois consome tempo que poderia ser usado estudando, mas se te faz bem talvez te torne mais produtivo no estudo; portanto é importante manter com menos recorrência para atingir o objetivo de mudar de profissão sem se privar do benefício pessoal.

2º passo do planejamento:
Determinar quais horários não estão disponíveis para você se dedicar ao estudo e prática da nova profissão.

Para isso, marque em uma agenda semanal suas responsabilidades fixas (seu trabalho atual, por exemplo) e as atividades que precisa manter, de acordo com as descobertas feitas na matriz do primeiro passo — “MANTENHA” e “MANTENHA & REAVALIE”.

Agenda semanal

3º passo do planejamento:
Usando a mesma agenda semanal, defina e agende os horários nos quais você se dedicará ao estudo e prática da nova profissão.

Cuidado para não exagerar, agendar muitas horas de estudo, se matar de estudar e chegar a “burnout”, como eu disse anteriormente. Lembre-se que a mudança de carreira é como uma maratona no atletismo, então não gaste suas energias como se estivesse fazendo uma corrida de cem metros. Porém, é óbvio que quanto mais horas conseguir estudar por dia, melhor. Encontre o seu equilíbrio.

Detalhe importante: nessa etapa não se preocupe com “o que” ou “como” irá estudar exatamente, apenas defina “quando”.

4º passo do planejamento:
Por fim, defina quais das atividades que tem importância pessoal você quer manter.

São aquelas que caíram no “REDUZA” da matriz. Pode ser que reduzindo a quantidade de dias e horas dedicadas, consiga manter todas elas; mas pode ser que precise realmente eliminar algumas, se não tiver tempo suficiente sobrando no dia. Escolha as atividades pessoais que mais tem impacto positivo na sua vida, e marque na agenda semanal os dias e horários em que realizará essas atividades. Encare-as como recompensas por todo esforço realizado na semana.

Tudo Planejado

Agora que tem tudo planejado, pode passar para a 3ª etapa da mudança de carreira: Estudo/Desenvolvimento (artigo em breve). Nessa próxima etapa, você definirá “como” e “o que” estudar/executar nos horários relacionados à mudança de profissão definidos no plano de ação.

Se nessa etapa de planejamento, por algum motivo, voltou a ter dúvidas sobre qual profissão realmente quer exercer, releia o artigo sobre autoconhecimento (1ª etapa) e busque entender melhor quem você é e o que você quer.

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