As eleições acabaram. E agora?

Está na hora dos paulistanos reivindicarem o seu direito de governar!

Minha Sampa
Blog da Minha Sampa
8 min readOct 14, 2016

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Por Leonardo Milano da equipe Minha Sampa

João Doria, o “gestor” — ou como preferem os seus marqueteiros “o trabalhador” -, foi o novo escolhido para ocupar o cargo de prefeito da maior cidade do Brasil. E não foi por pouco, não. Dória recebeu, 3.085.187 votos, o que corresponde a 53,29% dos votos válidos já no primeiro turno. É normal que logo após o resultados de eleições os que votaram nos candidatos vitoriosos estejam felizes, enquanto os que votaram em seus concorrentes estejam preocupados. Mas o que tem acontecido no Brasil e em São Paulo é muito diferente disso. Nossa reação ao resultado das eleições tem se amplificado nos últimos anos. E eu te convido a refletir sobre isso comigo.

Foto: Felipe Redondo/ÉPOCA

O panorama

Em uma democracia, todos nós temos o direito de eleger representantes políticos. Aliás, é isso o que melhor traduz um regime representativo, como o nosso. A questão é que em São Paulo e, no Brasil em geral, muitos ainda acham que os políticos eleitos irão naturalmente governar apenas para os que votaram nele. E pior, que após eleitos, terão carta branca para tomarem as decisões como bem entenderem, sem antes consultar a população. E que nós, dessa maneira, só teremos voz e a oportunidade de participar novamente apenas no próximo ciclo eleitoral.

Essa cultura política faz com que nós, cidadãos paulistanos, esqueçamos que, na verdade, nosso direito de participar das decisões políticas pode — e deve — ser exercido cotidianamente. Isso quer dizer que nós não estamos limitados à tomar uma decisão política apenas a cada 4 anos, durante as eleições. Devemos ser consultados todos os dias. Devemos participar do sistema político todos os dias. Devemos tomar decisões por São Paulo todos dias. Independente de termos votado no prefeito ou nos vereadores eleitos ou não. E nós já começamos a entender isso.

Apesar de Dilma Roussef ter sido reeleita presidente do país em 2014 com mais de 50 milhões de votos e de João Doria ter sido eleito no primeiro turno aqui em São Paulo, o brasileiro e o paulistano, em geral, ainda se sentem extremamente impactados pelo resultados de eleições, mesmo os que votaram no candidato vencedor. Isso sem contar os milhões que estão votando branco e nulo nas últimas eleições e que não se sentem representados por ninguém. Essa questão cultural nos torna passivos frente à política. Nos sentimos como se estivéssemos assinando um cheque em branco. E isso não acontece só com a escolha do novo presidente ou dos prefeito de São Paulo. Acontece em todo o país, nas Câmaras Municipais, Estaduais e no Congresso, também. E enquanto não nos tornarmos agentes políticos dispostos a nos mobilizarmos todos os dias em torno dos assuntos que nos permeiam, iremos nos sentir assim para sempre.

A questão é que uma mudança político-cultural na sociedade brasileira já está em curso. Aos poucos, estamos aumentando nossa voz perante as instituições brasileiras para que sejamos ouvidos e respeitados. E agora, precisamos provar que mais participação é a solução!

Novos tempos

Muitos dos meus amigos dizem que estamos vivendo “tempos sombrios”. Principalmente os que defendem a tese de que o impeachment da presidente Dilma Roussef na verdade representou um “golpe de estado” e que as “forças conservadoras” estão saindo do armário.

Mas eu, muito pelo contrário, estou otimista. Independente das minhas posições político ideológicas, ou da minha opinião pessoal quanto ao processo de impeachment que tirou Dilma do poder, eu acho que é inegável que estamos vivendo novos tempos no Brasil.

Afinal, quem se lembra de um cenário no qual tantas pessoas estiveram tão envolvidas com política nas últimas duas décadas? É fato que inúmeros movimentos sociais surgiram ou se fortaleceram na esteira da derrocada do PT, desde as eleições de 2014, tanto para defender um lado quanto o outro. E esses movimentos aproximaram milhões de brasileiros da política.

Foto: Leo Milano

Esse envolvimento com a política nacional ressurge com mais vigor nos movimentos de junho de 2013. Forças heterogêneas se colocaram nas ruas para reivindicar pautas diversas, mas que demonstraram o anseio do brasileiro por participar mais.

São novos movimentos que se alimentaram durante anos — alguns deles já não existem mais, enquanto novos surgiram — e que hoje representam uma via nova para que os cidadãos possam participar da elaboração de projetos de lei, pressionar os políticos por reformas ou novas políticas públicas e assim, sentar na mesa na qual são discutidos temas que interferem diretamente na vida de cada um de nós. Sendo que a maioria deles, está se utilizando principalmente da internet para realizar essas mudanças.

E aqui vale repetir que independente das minhas opiniões, todos esses movimentos são legítimos e, de alguma maneira, catalisaram a mudança na cultura política do Brasil. E eu tenho certeza que, hoje, muitos de nós entenderam que um governo democrático não é aquele que simplesmente é eleito. Mas sim, o que escuta os anseios do povo que o elegeu e promove medidas que proporcionem maior participação popular nas decisões a serem tomadas. E, meu amigo, quantos milhões de brasileiros não participaram de alguma maneira da política federal nos últimos tempos anos? Teve até movimento de estudantes secundaristas ocupando mais de 150 escolas no estado de SP para reivindicar o seu direito de participar das decisões que definem as diretrizes básicas da educação pública estadual.

Foto: Leo Milano

Além disso, várias iniciativas interessantíssimas de pressão direta, como as que desenvolvemos aqui na Minha Sampa, surgiram nos últimos tempos. De alguma maneira, grande parte dos brasileiros tiveram a oportunidade de dizer o que pensavam sobre essa e outras questões políticas, econômicas e sociais, de maneira ativa. E esse desejo por participar mais da política com certeza continua vivo dentro de todos nós.

E não sou só eu que tô dizendo. Uma pesquisa realizada pela agência de publicidade brasileira F/Nazca Saatchi & Saatchi, intitulada Internet móvel, cidadania e consumo traz dados interessantes sobre a nova forma de se fazer política que está em curso em terras tupiniquins. Os dados mostram, por exemplo, que mais da metade dos 107 milhões de internautas brasileiros (69%) já ficaram sabendo de algum movimento social pela internet, a maioria dos quais (75%) via redes sociais. Além disso, 58% dos internautas acreditam que as redes contribuem para a mudança de opinião a respeito de algum problema social. Outro dado relevante: 45 milhões de brasileiros já participaram de movimentos sociais 13,7 milhões só pela internet, 18,2 milhões só presencialmente e 13,1 milhões em ambos.

Ou seja, é fato: os brasileiros estão, no mínimo, querendo participar mais da vida política. A questão que fica é, como iremos transformar essa vontade em mudanças concretas?

O desafio

Na mesma medida em que cresce o anseio popular por maior participação e transparência, aumenta a rejeição à classe política e à própria política, como um tema mais amplo. Surge aí uma oportunidade para fazermos a política ser mais leve, acessível e prazerosa. Na Minha Sampa a gente acredita, e muito, nisso. Entendemos que política se faz todo dia e temos o compromisso de analisar as políticas públicas para além da lógica partidária. As pessoas começam a entender que votar não é assinar um cheque em branco, e isso é muito bom. Precisamos continuar fiscalizando. E é na esteira da rejeição ao caminho “tradicional”, trilhado pelos que costumam se envolver com política, que poderemos oferecer esse caminho alternativo no qual todos podem atuar e propor as suas ideias.

E esse é justamente o momento de nos unirmos em torno da nossa própria visão de cidade. Afinal, em 2017, uma nova gestão municipal se inicia. Mas independente do que acreditam Dória, ou os vereadores eleitos, a Minha Sampa defende que São Paulo seja cada vez mais justa, humana e gostosa de se viver. E é por políticas públicas que se alinhem com essa visão, além de mostrar que política pode, sim, ser feita de maneira limpa e transparente, é que trabalharemos durante os próximos quatro anos.

Nossa razão de existir

Foto: Ju Simões

Para a Minha Sampa, esse contexto representa um novo ciclo, já que teremos a oportunidade de acompanhar pela primeira vez uma gestão municipal desde o seu início e de nos destacarmos como um agente de fiscalização e promoção da participação dos cidadãos nas políticas municipais. As eleições deixaram claro que há muita gente que não se sente representada e nós queremos mostrar para elas que todos nós teremos voz nos próximos anos, independente de quem tenha sido eleito.

Já completamos dois anos nesse campo de atuação e acumulamos bastante conhecimento na área. E nós temos vários planos para que você possa fazer parte, de maneira cada vez mais ativa, dessa história e, assim, transformar São Paulo.

Foto: Leo Milano

Afinal, ninguém é capaz de resolver os problemas da cidade sozinho. Não importa se o nosso prefeito é o maior gestor do mundo ou o mais progressista. Nós só iremos mudar São Paulo quando você decidir que tipo de cidade você quer e se mobilizar em torno das causas que acredita.

E a Minha Sampa acredita, acima de tudo que: se você quer um parque perto da sua casa, você tem direito de reivindicá-lo; se você quer que as Delegacias de Defesa da Mulher passem a atender 24h por dia, você tem direito de reivindicá-lo; se você quer abrir uma rua às pessoas e ao lazer na sua região, você tem o direito de reivindicá-lo; se você quer que seu filho discuta gênero, sexualidade e política na escola, você tem o direito de reivindicá-lo; se você quer que uma universidade pública localizada na sua cidade, e sustentada com o seu dinheiro, aprove uma política de cotas raciais e sociais, você tem o direito de reivindicá-lo; se você é contra o aumento salarial de servidores do Tribunal de Contas do Município, você tem o direito de reivindicá-lo. Afinal, a nossa rede de pessoas mobilizadas exigiu isso do poder público nos últimos dois anos e teve muitas vitórias.

E mais do que apenas exigir, você tem o direito de ser ouvido e de ter voz nas decisões que vão afetar a sua vida. E não apenas quando se trata da sua região. Por que você pode reivindicar suas causas mas também ajudar a causa de outros paulistanos. Por que SP precisa melhorar pra todo mundo. Por que a opinião de cada cidadão paulistano precisa ser levada em conta durante a orientação das políticas públicas que serão implementadas na nossa cidade. A sua voz precisa ser ouvida e nós queremos ser o mega-fone que você precisa para ser escutado.

Nossa equipe está pronta para reivindicar o seu direito à cidade de São Paulo, e você?

Acesse conheça melhor o nosso trabalho e inscreva-se: www.minhasampa.org.br

Para fazer uma doação basta entrar neste site: www.apoie.minhasampa.org.br

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A Rede Minha Sampa é formada por paulistanos, de certidão e de coração, que acreditam na construção de uma SP mais inclusiva, participativa e boa de se viver.