Desmascarando meu medo: síndrome de impostor

Renato Paixão
4 min readSep 13, 2017

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Tem mais de dois meses desde que publiquei o meu primeiro texto. A resposta foi avassaladora e inesperada: várias pessoas compartilharam, o texto saiu do meu círculo de contatos e recebi elogios de pessoas que eu admiro muito. Estava tudo maravilhoso, eu estava nas nuvens e me sentindo bem. Mas aí um sentimento antigo apareceu.

Ele estava esperando em algum canto, atrás de alguma porta, pela hora certa para aparecer. Comecei a duvidar se realmente merecia os elogios, e se o texto era tão bom assim. Ao longo dos dias, com o aumento de likes, estava certo de que o texto era ruim e que a qualquer momento alguém ia tirar a minha máscara e mostrar para todo mundo que o meu texto estava mal estruturado e ruim.

Esse sentimento não era novo. Sempre tive a impressão de que não era tão bom ou competente quanto as pessoas falavam e que a qualquer momento alguém ia me desmascarar. Esse sentimento tinha raízes profundas na minha cabeça. Ele impedia o meu sucesso e sabotava oportunidades.

“Parte de você sabe que você não é tão bom quanto diz ser” Henry Marsh .

Os sinais estavam todos lá. Quando eu era mais novo eu escondia meu boletim dos amigos escola porque não queria receber atenção pelas notas. Atribuía muitos sucessos à sorte ou ao esforço de outras pessoas do grupo. Raramente assumia os créditos e quando um projeto era um sucesso e eu não entendia porque.

A situação ficou um pouco mais severa depois de ficar em primeiro lugar nacional na categoria Wildcard do concurso L’Oréal Brandstorm 2014. Meu grupo trabalhou bastante, suamos a camisa e raramente dormíamos. E você pensa que depois de vencer uma competição nacional com 21 anos eu iria gritar pros sete ventos sobre o quão foda eu era. Nada. Nem um post no facebook. Pra falar a verdade, só de pensar em receber parabéns me deixava extremamente constrangido e durante um tempo, fiquei sem postar projetos novos.

Não queria parecer pretensioso, e o pior … eu não achava que merecia.

Esse medo me impediu de criar uma página no facebook, de prospectar clientes, me inscrever em concursos de design, ministrar workshops, me fez descartar ideias de projetos pessoais, me impediu de aumentar a minha renda e a lista segue.

Em um nível racional, eu sabia que essa insegurança era ridícula e parte de mim mas achava que ia passar quando o meu trabalho fosse bom o suficiente. Mas isso era uma pegadinha. Porque se duvida constantemente, sabe que o seu trabalho nunca está bom o suficiente.

Até que um dia, conversando com um colega da faculdade, ele diz “As pessoas não vão achar que você é pretensioso. Você trabalha super bem! Você tem que mostrar o seu trabalho!” Aí começamos a conversar mais e acabamos falando sobre Síndrome de Impostor.

Já sabia superficialmente sobre o assunto. Mas não foi até eu estudar bastante, entrar num processo de desconstrução e encontrar a raiz do problema que entendi como quebrar esse padrão.

A Síndrome do Impostor nasce na insegurança de que não somos bons o suficiente. Essa insegurança é muito estimulada no nosso dia a dia. Somos bombardeados com notificações onde todos têm vidas perfeitas no facebook, no linkedin toda hora alguém faz aniversário de empresa e no instagram parece que a vida de todos é uma festa constante que termina com o nascer do Sol na praia de Ipanema.

A verdade é que a insegurança nasce da comparação com nossos colegas. Mais especificamente com pessoas da nossa faixa etária e localidade. A comparação é o combustível de maior aproveitamento da síndrome do impostor.

Mas agora que eu tinha plena consciência de que eu estava me sabotando, o que eu vou fazer pra melhorar?

Eu comecei entendendo que não existe polícia do sucesso. As pessoas não estão analisando cada um dos seus movimentos. Se elas estão focadas demais em outras vidas pra fazer a delas deslanchar, grandes são as chances de essas pessoas nem serem a sua competição.

Passei a enfrentar as coisas que eu estava procrastinando. Executar tudo o que você acha pertinente para sua vida ou carreira só pode te fazer evoluir. E se você errar, será apenas mais um aprendizado.

E por fim, parei de me comparar e me tornei mais ciente das coisas que penso sobre mim e sobre as pessoas à minha volta. Somos todos únicos e temos trajetórias diferentes. E para diminuir essa comparação fiz de tudo: detox do facebook, parei de imaginar a vida dos meus ídolos, ocultei as postagens daquele colega do ensino médio que já é CEO…

Temos que parar de comparar o nosso capítulo 2 com o capítulo 22 de outra pessoa. Entendi que para realmente superar essa situação, eu tinha que cair dentro e encarar o problema nos olhos e resolver.

Estudando sobre síndrome de impostor, encontrei esse texto da Marianne Williamson que me fez ver tudo de uma nova forma.

Nosso maior medo não é sermos inadequados. Nosso maior medo é não saber que nós somos poderosos, além do que podemos imaginar. É a nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta.Nós nos perguntamos: “Quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso, fabuloso?”. Na verdade, quem é você para não ser?

Se você chegou até aqui …

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