Alya Sometimes Hides Her Feelings in Russian, vol.1

Patotilhas do Vini
4 min readMar 8, 2024

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(Yen Press, volume 1 de 8 [em andamento], publicado em 2021, traduzido em 2022 por Matthew Rutsohn)

Foi legal!

Começar dizendo que eu achei a leitura muito mais engraçada do que eu esperava. As piadas cairam muito bem no texto, mesmo as que pareciam deslocadas do tema. E a variedade no estilo de humor foi saudável pro resultado final ser satisfatório. Dei boas risadas.

No geral, as personagens são divertidas e gostosas de acompanhar. Não sem defeitos, mas vou falar um pouco mais disso depois. Só que mesmo com esses defeitos, ainda consegui me interessar por elas e por suas histórias. Ao menos o suficiente para me prender e me fazer querer mais delas.

Falando em história, a narrativa do vol.1 foi um pouco fraca, mas consegui acompanhar a linha de raciocínio do autor. Ele conseguiu introduzir o mundo, as personagens e construir um caminho entre isso tudo e o conflito “real” que ele quer usar. E eu respeito isso.

Sendo um pouco mais sincero e mais crítico ao mesmo tempo… É engraçado como essa novel usa uma quantidade exorbitante de esteriótipos e tropos de romcoms. Basicamente qualquer tropo que você conseguir pensar, foi utilizado de uma forma ou de outra. Não tem um único osso original nesse esqueleto. Mas de certo modo, conseguir montar um esqueleto funcional com tantos pedaços assim chega até a ser um talento.

Heroína Tsundere? ✓

A parte que me deixou mais decepcionado, pra minha própria surpresa, é a protagonista, Alisa (ou “Alya”). Não que eu tenha desgostado dela, muito pelo contrário. Minha impressão é que ela sofreu por ser a heroína da história. O fato de ela ser a protagonista de uma comédia-romântica fez com que o autor tenha a escrito de forma que a prejudica um pouco.

Deixa eu explicar melhor: Eu senti que a ideia era que ela deveria ser essa garota forte, com personalidade, mulher guerreira e que luta e se esforça pra conseguir o que quer. E isso é totalmente destruído pelos momentos de fraqueza que ela demonstra nas situações em que a personalidade forte dela deveria agir. Demonstrar fraqueza é natural, mas eu senti que as fraquezas que ela demonstrou não foram naturais, mas sim fabricadas especialmente para que o protagonista, Masachika, pudesse parecer legal. É aquela questão de tentar elevar uma personagem ao arrastar um outro pra baixo, ao invés de erguê-lo. A Alya é arrastada para baixo em diversos momentos, só para fazer o Masachika parecer maior. E isso me deixou um pouco… Triste? Revoltado? Puto? Não emoções tão fortes assim, mas… desconfortável?

Fora que nossa, realmente tivemos um volume inteiro onde a narrativa e conflito foi “nossa, meu deus! Ambos os nossos protagonistas são tão lindos e perfeitos e maravilhosos e inteligentes e bons no que fazem! Eles não sabem lidar com tamanho talento que eles tem! Síndrome de Impostor!!” e isso cansa depois de um tempo. Especialmente quando AMBOS os protagonistas passam por isso.

Protagonista pescoçudo, nerd e zé-ruela que na verdade é a melhor pessoa do mundo e está cercado de todas as garotas mais lindas da escola e que estão apaixonadas por ele sem motivo? ✓

No elenco de apoio, eu gostei da qualidade. A Yuki é uma personagem muito interessante, e que é a junção de dois esteriótipos que eu acharia legal separados, mas que não tenho certeza se curto quando unidos. Mas estou aberto para ser surpreendido positivamente. Ela é divertida.

A irmã da Alya, a Maria, também é uma junção de dois esteriótipos, e esses eu confesso que estou curiosíssimo pra ver como vão desenrolar. Na metade do volume eu já tinha sacado o que seria, mas eles basicamente escancaram na sua cara lá pro final, então esse suco vai dar caldo. E AHHHH RAPAZ, vai dar um caldo bom.

O uso do russo foi bem bolado, editorialmente falando. Mas achei que acabou sendo bem menos utilizado do que eu esperava. Realmente, a Alya esconde os sentimentos dela em russo apenas as vezes. Tá no título. Não sei o que eu esperava.

Ilustrações top-tier. Sempre adorei a arte do Momoco, e sempre tive interesse nessa série justamente pela arte. E não me decepcionei. As coloridas são maravilhosas. E as preto-e-branco são ótimas. Algumas tem uma primeira impressão esquisita, talvez pelo estilo do artista ser tão baseado no uso de cores, mas são excelentes de qualquer modo.

Irmã otaku e brocon? ✓ Zapzap entre adolescentes? ✓

Em resumo: Gostei da leitura no geral. Foi uma comédia-romântica que investe bastante no lado “comédia”. E quem me conhece sabe que eu gosto muito mais da comédia do que do romance, em comédias-românticas.

Os pontos negativos da história e do desenvolvimento da Alya me deixaram com uma pulga atrás da orelha, mas não chegam nem perto de ser tão ruins quanto os de “Days With My Stepsister”, então eu consegui aproveitar bastante.
Acho que 7/10 é uma nota razoável pro vol.1, e vou com certeza pegar os próximos para ler. Talvez até emendar já um atrás do outro.

Fiquei animado com o anime que vem por aí, também. Diversas cenas que eu consigo claramente ver os efeitos sonoros e direção artística trazendo à tona a imaginação do autor. Ainda bem que adiaram.

…E nossa, eu realmente estou usando “Days With My Stepsister” como padrão de ruindade agora, ein? A que ponto chegamos…

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Patotilhas do Vini

Blogueirinho de buteco. Escrevo seriamente pra Torre de Vigilância, sobre animês e cultura japonesa no geral. Aqui, são as coisas que o RH não liberou pra lá.