Vai verão, vem primavera das mulheres

Rafaella Câmara
3 min readMar 30, 2016

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Diversas propagandas são veiculadas diariamente na mídia em que a mulher aparece como objeto sexual. Marcas de cerveja ou artigos masculinos abrem margem para uma discussão em que a estratégia para ganhar atenção seja o corpo feminino. Muitas vezes, apelam para o sexo como forma barata de fazer piadas que ontem talvez tivesse passado sem tantas críticas, hoje já não é mais assim.

E muito mais que abusar da imagem da mulher, muitas vezes é naturalizada a sua posição de fragilidade diante dos homens. A comparação entre propaganda veiculadas no passado e propagandas atuais mostra que não evoluímos tanto nesta questão. Nestas peças publicitárias mais atuais, as mulheres foram mais sensualizadas, o que tenta amenizar o contexto abusivo, mas que na vida real só reforça a ideia da eterna disponibilidade feminina.

O site Jornalismo de Mulher fez uma importante colocação acerca do comportamento da mídia em relação a mulher e seu corpo.

Se estiver dentro dos padrões, será apenas mais um rostinho bonito, uma “musa”. Se não estiver nos padrões, será humilhada, de modo que todos os seus “defeitos” sejam expostos pro mundo como se ela fosse uma criminosa. A mídia é cruel e naturaliza o machismo e a insuportável cultura do estupro.

A aluna de direito, Marina Rosa, disse se sentir ofendida por não se encontrar no padrão de beleza que a mídia tanto propaga como o que importa, ou é melhor. “As pessoas acabam valorizando apenas aquele biotipo de mulher e esquecem que todo o tipo de corpo tem que ser respeitado e valorizado”, falou.

Além disso, muitos dos padrões de beleza femininos são formados a partir do espelho que a mídia dita como o socialmente aceito. Ela afeta a forma como a mulher se enxerga. São as propagandas que ditam o que a mulher vai vestir e como ela vai se portar. Foi o Journal Of American Culture, de 1982, que revelou que o ato de depilar as axilas e as pernas foi projetado por uma campanha de marketing. Com o objetivo de vender mais lâminas de barbear e com a ajuda da moda da época — blusas sem mangas -, eles lançaram uma campanha que foi um tremendo sucesso. Aos poucos, a depilação feminina se tornou obrigatória, e a mulher que não seguia essa tendência era e ainda é relacionada à alguém sem higiene e feminilidade.

Atualmente, as mulheres ainda sofrem com os padrões que são impostos pela sociedade. O feminismo atua modificando um pouco esse cenário. Publicitárias feministas criaram peças que mostram a mulher como protagonista do seu próprio corpo, da sua liberdade. Essas iniciativas tem tido grande repercussão e mostra esta nova visão.

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