Dissecando a Draft Class 2017 — PARTE II: Wing Men

Rafael Freire
7 min readNov 24, 2017

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Brad Penner-USA TODAY Sports

Chegamos ao segundo capítulo dessa trilogia, na qual eu faço um apanhado geral dos calouros que mais empolgam nessa classe cheia de potencial. Já falei sobre os Armadores e agora eu volto minha atenção aos Alas. Muitos Shooting Guards e Small Forwards chamam atenção na classe desse ano, justamente por já chegarem com um ótimo nível técnico, de força, atletismo e Q.I. Mas se tem algo que me intriga é que muitos deles já aparentam estar psicologicamente aptos para a batalha no mais alto nível no esporte. NBA Ready até mesmo na mentalidade.

Sem mais delongas, vamos a eles:

Justin Jackson— North Carolina — 22 anos. 2,03. 88kg. Envergadura 2,10. (Chuck Burton/Associated Press Photo)

Justin Jackson #15 SF — Kings

Começamos mais uma vez com um jogador muito bem sucedido na sua carreira de College. Vice da NCAA e MVP da CBE em 2016. Campeão e ACC Player of the Year em 2017. No seu terceiro e último ano em North Carolina, manteve ótimos 23 pontos por 40 minutos e um True Shooting acima da marca de 50%. Depois de ser ignorado no Draft de 2016, chegou mais pronto nesse ano, com mais artifícios no seu jogo. Em North Carolina, ele era um líder, mas nesse novo nível (no pior time da liga), Jackson vem aparecendo como um catch n’ shooter regular, com algum artifício nas infiltrações e qualidade em distribuir o jogo saindo das laterais. Tem experiência, é inteligente sem a bola, com um ótimo conjunto de altura e envergadura. Falta mais força, explosividade e consistência nos seus minutos no ataque. Vem aparecendo bastante, com 19 minutos por jogo, até sendo titular em algumas partidas. Tem potencial para ser um bom jogador de segunda unidade. Troca coletes todos os dias com nada menos do que Vince Carter. Tá ruim de professor?

Donovan Mitchell — Louisville — 21 anos. 1,91. 95kg. Envergadura 2,08. (Andy Lyons/Getty Images)

Donovan Mitchell #13 SG — Jazz

Slasher. Resultado de uma troca bastante inteligente de Utah, que mandou Trey Lyles e a escolha #24 para o Nuggets. E venho me perguntando se esse cara não teria mais holofotes se estivesse em um time de maior mercado. Foi indicado para o primeiro time All Defensive da ACC, mas ele também chama bastante atenção na sua diversidade em pontuar. Depois de um início tímido, Mitchell foi ganhando minutos aos poucos e assumiu a titularidade do Jazz. É o melhor pontuador entre os calouros no mês de novembro e tem a maior média de pontos entre os wing men aqui analisados. Trata-se de um two-way combo guard que tem todo um repertório a seu favor: Tem inteligência tática, defesa, bons handles. Sabe orquestrar o pick’n roll, tem mecânica consistente nos arremessos (parados, pull-ups, off-drible), tem força, rapidez e imprevisibilidade para pontuar infiltrando a partir de bloqueios. Um dos mais prontos física e psicologicamente para o nível da NBA. Exala confiança, é competitivo e não leva desaforo pra casa. Embiid que o diga. Está na franquia certa para crescer como profissional e atleta.

Luke Kennard — Duke — 21 anos. 1,98. 92kg. Envergadura 1,95. (Mark Dolejs-USA TODAY Sports)

Luke Kennard #12 SG — Pistons

MVP da ACC por Duke e um dos melhores arremessadores de toda a última NCAA. Kennard pode não ser tão forte, rápido e explosivo quanto alguns concorrentes dessa lista, mas certamente um dos shooters mais certeiros. É canhoto, gatilho rápido, sabe ler muito bem o espaço ao seu redor, se posicionar e achar o melhor ângulo para o tiro. Para isso, ele tem no pump fake a sua marca registrada e isso lhe dá o espaço necessário para fazer o estrago. Tem um arremesso bastante consistente saindo do drible, à média distância. De fora da linha dos três, ele pode castigar saindo de bloqueios, por cima da marcação ou parado. Talvez, um dos guards dessa classe que tem mais repertório no low post, até pela sua vantagem de altura em relação à média da posição. Ainda tem poucos minutos, até pela importância de jogadores como Bradley, Johnson, Jackson e Ish Smith rotacionando na backcourt de Detroit. Mas já mostra sinais de talento, principalmente em jogadas de handoff saindo da lateral da quadra para arremessar ou distribuir. Me lembra um pouco o Rodney Hood (também de Duke) e acredito que eles tenham potenciais similares.

Malik Monk — Kentucky — 19 anos. 1,93. 89 Kg. Envergadura 1,97. (Andy Lyons/Getty Images)

Malik Monk #11 SG — Hornets

Sem dúvida, o Shooting Guard que chegou com mais hype no dia do Draft. Talvez seja, de fato, o melhor shooter da classe. O parceiro de De’Aaron Fox na backcourt de Kentucky ganhou o Jerry West Award, por ser o melhor da sua posição na Universidade. Não é pra menos. Teve uma média de quase 20 pontos por jogo na NCAA, chutando (e acertando) de qualquer lugar da quadra, com marcação ou não. Ganhou até o apelido de God of Dunk, pela sua capacidade de infiltrar com raiva e gerar enterradas ferozes. Atualmente, vem tendo problemas em entrar na rotação dos Hornets. No ataque, sua mentalidade de pontuar primeiro (e pontuar segundo) pode ter atrapalhado a second-unit do time. De fato, todas as suas estatísticas de plus/minus são negativas. Apesar de leve e explosivo, Monk entra em desvantagem defensiva diversas vezes e isso pode estar associado à sua força física ainda em desenvolvimento. Hoje, Dwayne Bacon está ganhando mais minutos do que ele, mas é um jogador de quase 23 anos. Monk tem apenas 19, draftado no seu ano de calouro em Kentucky. Precisa de todo um auxílio técnico para desenvolver sua tomada de decisões. Deixá-lo de fora das rotações não vai ajudar seu crescimento.

Jonathan Isaac — FSU — 20 anos. 2,08. 95 kg. Envergadura 2,16. (Kim Klement-USA TODAY Sports)

Jonathan Isaac #6 SF — Magic

Um monstro em potencial. Sua principal arma é seu corpo. Altura de Power Forward, envergadura de Center, footwork e handles de Guard. Isaac pode defender de maneira satisfatória umas quatro posições em quadra. Apesar de não ser um primor na parte ofensiva, ele já tem um pouquinho de tudo. Usa seu frame pra trabalhar bem no post, é confiável em arremessos de curta/média distância, consegue matar bolas de três se tiver espaço e de vez em quando, usa da sua vantagem de altura e velocidade para partir para a cesta. Ele é bastante rápido, considerando sua altura e peso. Embora não seja o cara para impactar o ataque de uma franquia logo de início, o que Isaac traz é difícil de achar por aí. Rim protector, ótimo defensor de perímetro e de garrafão. Se for lapidado, pode virar um pontuador eficiente e se consolidar como um ótimo two-way player. Giannis Antetokounmpo já foi cru como ele. (Tá, Anthony Bennett e Thabeet também foram. Mas vamos nos manter otimistas).

Josh Jackson — Kansas — 20 anos. 2,03. 92kg. Envergadura 2,07. (Jay Biggerstaff-USA TODAY Sports)

Josh Jackson #4 SF — Suns

Mesmo condecorado pela ótima campanha em Kansas, Josh Jackson chegou ao draft junto com um ponto de interrogação. Embora fosse, talvez, o melhor defensor entre todos os prospects, sua inconstância de arremessos levantava dúvidas sobre seu sucesso na liga. Na NBA de hoje, você recebe críticas quando seleciona um jogador que não tem tanta intimidade com a linha de três. Mas o fato é que desde Kansas, Jackson mostra diferentes maneiras de punir a defesa adversária sem precisar depender de arremessos em distância. Tem um Q.I. alto, sabe muito bem os espaços a percorrer sem a bola, e quando não marca para si, facilita para outros. Vem melhorando o midrange e trabalha bem no low post. Tem combinação atlética e controle corporal invejáveis até para atletas que já estão na NBA há um tempo. É bastante agressivo nos drives para a cesta e nos rebotes em ambos os lados da quadra. Tem potencial para ser um dos melhores jogadores defensivos da liga, mas daí pra saber se vai virar um Kawhi Leonard ou um Justise Winslow, a gente só vai saber com mais algum tempo. Eu espero muito que ele não vire um Winslow. Sério.

Jayson Tatum — Duke — 19 anos. 2,03. 93kg. Envergadura 2,10. (Michael Reaves/Getty Images)

Jayson Tatum #3 SF — Celtics

Confesso que não o assisti jogar por Duke, mas quando pude ver seu primeiro jogo na Summer League, foi amor à primeira vista. Sabe quando você bate o olho no jogador e simplesmente sente que ele vai ser grande? Então, eu poderia falar sobre isso o dia inteiro, mas vou me controlar. Tatum tem tudo. Força física, agilidade, aliados a uma boa altura e enorme envergadura. Só 19 anos, mas joga com a tranquilidade de um veterano, safo, astuto. Ele ainda conta com uma vasta gama de atributos ofensivos. Tatum foi o melhor pontuador no post durante a NCAA. Seu midrange game é bastante sólido, com um pump fake caprichado, que até eu caio. Na NBA, ele mantém uma média acima dos .480 da linha de três pontos, marca bastante superior àquela que conseguiu em Duke. Qualquer jogada pode ser desenhada pra ele, porque ele tem um arsenal bastante completo. E se não ensaiaram nenhuma jogada boa, seu ISO também é prolífico. É peça fundamental do melhor time da NBA no momento e não é por acaso. Está no caminho para ser um superstar e com certeza vai finalizar entre os três melhores calouros do ano.

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