Empresas à procura de novos modelos de negócios na web

Rafa Pereira
Arquivo 11
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5 min readDec 21, 2017
(Foto: Banco Virtual)

A s redes sociais amplificam o fluxo de informação, mas sufocam aqueles que não conseguem compreender o seu funcionamento. As grandes empresas, habituadas ao mercado tradicional, encontram dificuldades de se adaptar às novas fórmulas, que colocam o consumidor como participante ativo nos modelos de negócio.

Novas profissões surgindo através de plataformas online, outras precisando se adaptar ao cenário virtual, e até mesmo as grandes empresas se readequando a esses novos modelos. As inovações no mercado de trabalho, fomentadas especialmente pela ascensão das redes sociais, se tornam cada vez mais nítidas.

O Facebook é a rede social de maior utilização no Brasil. Segundo dados da própria rede, em termos de assiduidade, ou seja, acessos diários, o país ocupa a segunda posição do ranking mundial atrás somente dos Estados Unidos. São 117 milhões de usuários brasileiros ativos, portanto as possibilidades de negócio e mercado nesta rede também crescem.

Em 2014, por exemplo, o Facebook obteve US$3.2 bilhões em receita total em apenas três meses, a partir de 1,5 milhão de anunciantes, com 64% de aumento de receita publicitária a cada ano, conforme a Agência Digital Pomar. Isso significa que as empresas estão investindo dinheiro em páginas próprias e utilizando o Facebook como uma plataforma de negócios.

O formato que as empresas utilizam para ganhar dinheiro na rede social é através das fanpages, onde podem ser divulgadas informações sobre o horário de funcionamento, contato telefônico, localização da sede. Porém, esta ferramenta digital vai muito além de um local de divulgação — existem casos onde esta plataforma é a principal ferramenta de comunicação com o público.

Todavia, a partir do ano de 2013, uma mudança na rede social abalou este modelo de negócio. A taxa de alcance atingida pelas páginas teve uma queda drástica, devido a uma mudança de algoritmo da rede. Segundo dados da Ogilvy Brasil, de 2013 para 2014, o alcance das 30 maiores fanpages de marcas no Brasil, caiu de 9,49% em outubro de 2013 para 4,68% em fevereiro de 2014.

Isso significa que os desafios para empreender ficaram mais difíceis. Porém, a grande estratégia para o uso desta plataforma é apostar na palavra mágica: o engajamento de fãs. Jean Joris tem 29 anos e trabalha atualmente como freelancer. Para Jean, a principal aposta é no potencial de diálogo que as redes sociais possuem, não somente o Facebook. “Alguns players e marcas reconheceram o potencial de diálogo genuíno que as mídias sociais têm, de falar, mas, sobretudo, de ouvir. E passaram a criar conteúdo com esse foco no centro de sua estratégia.”, afirma.

Jean também dá sua visão sobre como vê a utilização da rede como oportunidade de negócio. “Não vejo as mídias sociais em si mesmas como um mercado. Elas são um comportamento gerado a partir de uma ferramenta. O fato de enxergar nelas um potencial de negócio e transformá-las em serviço, isso sim faz parte do mercado da comunicação.”

Jean Joris faz planejamento e marketing digital para um escritório de arquitetura.

Jean explica que o mercado saturou-se no momento em que as empresas não utilizaram o Facebook como uma nova linguagem e sim como uma simples replicação de conteúdo do que já se fazia fora dali. Questionado sobre sua perspectiva futura acerca deste mercado digital, ele se posiciona:

“Aqueles que se posicionam na metodologia tradicional, que ainda discutem as diferenças de on e offline, talvez estejam mesmo com os dias contados. Mas profissionais que rompam a formalidade da ‘função’ e assimilam conhecimentos de redação, criação, gestão de mídia, métricas, relacionamento e inovação tem um horizonte imenso à frente” finaliza.

Enquanto o Facebook instiga as corporações a se adaptarem constantemente em busca de uma fórmula, outras redes sociais apresentam um cenário de mercado mais complexo. Com interface mais simples, e um baixo limite de caracteres, o Twitter costuma gerar mais dificuldades para as empresas que buscam novos modelos de negócio.

(Fonte: Resultados Digitais)

Por ser dinâmico, o Twitter é utilizado de diversas formas pelos usuários. Muitos usam a rede como meio de se manterem atualizados sobre os assuntos que lhe interessam; outros para expressar opiniões e experiências. Observando esse movimento, várias empresas criaram conta na plataforma para espalhar conteúdo, divulgar produtos e até mesmo manter um contato de forma simples e sem burocracia com os consumidores, transformando-se em uma espécie de “SAC 2.0”. Há também o fato de muitos indivíduos não ligarem para uma empresa, ou quem prefira não sair de casa e quem ache que enviar um e-mail é um pouco trabalhoso.

Segundo o Coordenador do Núcleo de Comunicação Digital da Agência de Comunicação Martha Becker, Lucas Etchenique, o investimento e interesse das empresas em produzir conteúdo para o Twitter apresentou uma significativa diminuição após o boom que o site apresentou em anos anteriores, mas ressaltou que a rede não perdeu importância. “Notei a diminuição do interesse por parte das empresas, mas não vejo que o Twitter tenha perdido o protagonismo perante as pessoas em relação a outras redes sociais. É uma plataforma de público jovem, bem humorado e muito mais inclinado a discutir ideias, notícias e grandes eventos”.

Etchenique frisou que muitas empresas não souberam se reposicionar para obter bons retornos do Twitter, e ainda citou a diferença do site para as demais redes. “O Facebook e o Instagram, por exemplo, se valem muito mais do ego do público Já o Twitter não dá muito espaço para isso e tem os usuários e adeptos fiéis. Acho que podemos entender a dificuldade das empresas de se posicionarem e obterem bons retornos a partir dessa rede social, daí o desinteresse e a queda nos investimentos”.

Lucas Etchenique atenta para as constantes inovações nas redes sociais. (Foto: Eduardo Dornelles)

Sobre esse reposicionamento, o coordenador complementa citando como exemplo o Orkut, que chegou a ser a rede mais usada no Brasil, e que acabou extinta por não saber se reinventar. “Todas as redes sociais precisam se reciclar para sobreviver. O Orkut é exemplo de algo que ficou chato e caiu em desuso. Mas o Facebook é o exemplo de uma rede social que soube inovar dentro da plataforma e segue crescendo. Por isso, o Twitter não está livre de ser deixado para trás e substituído por outra rede mais fresca, com adaptações do mesmo formato e que caia no gosto do público”, finalizou Etchenique.

Autores: Rafael Pereira, Gabriela Araújo, Kassandra Naely, Diego Silveira e Thiago Ribeiro.

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Rafa Pereira
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Estudante de jornalismo. Pseudoescritor. Dependente de inspirações efêmeras.