As opções de empreendedorismo nas redes sociais

Rafa Pereira
Arquivo 11
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5 min readNov 29, 2017
(Foto: Banco Virtual)

E m um cenário de poucas oportunidades e várias modificações no mercado tradicional, muitas pessoas acabam buscando a solução no empreendedorismo. Nesse contexto, a visibilidade proporcionada pelas redes sociais se apresenta como uma solução, especialmente para os produtores de conteúdos. Mas quais são os riscos e benefícios dessa alternativa?

Largar a universidade para se dedicar a uma rotina de vídeos para o YouTube, transmissões online e jogos eletrônicos — esse seria um cenário impensável anos atrás, mas que se tornou viável pelas recentes inovações nos modelos de trabalho. Foi o caminho trilhado por Daniel Marcon, 21 anos, Youtuber, Streamer e Pro Player da INTZ e-Sports Club.

Daniel produz conteúdo com transmissões de partidas e dicas de jogos eletrônicos para os seus inscritos. (Foto: Divulgação)

O jovem ganhou visibilidade transmitindo partidas do jogo online League Of Legends através da Twitch, uma plataforma de transmissões ao vivo. A rede social surgiu em 2011, e normalmente é utilizada por gamers para a transmissão de streams e gameplays. O site oferece uma considerável monetização de acordo com a audiência, além de possibilitar a interação entre o produtor de conteúdo e o seu público.

Daniel — conhecido na internet como Daniels — conta que começou a realizar streams como um hobbie, e que suas transmissões costumam durar entre quatro e oito horas. “No começo, foi por diversão, até que comecei a ganhar dinheiro e visibilidade com isso”, afirma o jovem.

Atualmente, o canal de Daniels na Twitch possui 163 mil seguidores. Posteriormente, o jovem também aderiu ao YouTube, onde tem um canal de games com 192 mil inscritos. Ele ainda possui contratos de patrocínios com empresas, além do salário de seu clube de e-Sports, a INTZ, onde é jogador reserva e Streamer oficial. Hoje, Daniel adquire sua renda exclusivamente através de plataformas virtuais.

Daniel conseguiu crescer no ramo apenas após trancar a faculdade de Ciências da Computação, tendo mais tempo e se dedicando exclusivamente à produção de vídeos e streams. “Minha família não aceitou muito bem a saída da universidade, mas a partir do momento em que comecei a gerar lucro o suficiente para me sustentar, eles ficaram mais satisfeitos”, conta.

Além de Youtubers e Streamers, outra profissão que surgiu com a popularização das redes sociais foi a dos Digital Influencers. Pessoas populares na internet, com muito público e visibilidade, acabam atraindo o interesse de marcas e empresas, que querem divulgar seus serviços e ter seus nomes ligados a essas figuras.

Youtubers populares normalmente acabam se tornando Digital Influencers, mas este é um mercado que também possui muita força no Instagram. A rede social lançada em 2010 tem como principal função o compartilhamento de fotos, e é um bom cenário para influenciadores que querem atuar em um determinado nicho — moda, gastronomia, esportes, viagens, estilo de vida, etc.

“O Instagram possibilitou a oportunidade de eu me conectar com pessoas ao redor de todo o mundo, além de outros influenciadores e marcas coolaboradoras”, afirma Alyssa. (Foto: @reviveyourwild)

A norte-americana Alyssa conta que começou a documentar sua vida e viagens como um hobbie, tanto no Instagram quanto em seu blog pessoal. Com o tempo, seu perfil ganhou visibilidade, e atraiu a atenção de parceiros. “Conforme meu conteúdo foi melhorando, pequenas marcas entraram em contato comigo, perguntando se poderiam me enviar amostras de seus produtos, como maquiagens, joalherias e roupas”, comenta a jovem.

Hoje, o perfil de Alyssa no Instagram possui 2,5 mil seguidores, e o conteúdo postado tem como enfoque seu estilo de vida e viagens. A jovem ainda afirma que a rede social facilitou até mesmo o ingresso no mercado de trabalho tradicional.“Quando eu me candidatava a uma vaga de emprego, mostrava ao empregador o conteúdo que eu produzia. Eles viam minha criatividade, estilo de escrita, organização e como eu trabalhava com as marcas”.

A jornalista, doutora em Comunicação e professora da PUCRS, Karen Sica da Cunha, destaca a profissionalização dos Youtubers e Digital Influencers, que gradualmente vêm buscando cursos de aperfeiçoamento. Porém, ela atenta para a qualidade e a informação do conteúdo produzido nessas plataformas: “Existem vários tipos de influenciadores digitais, e as pessoas são altamente influenciáveis. Tudo tem um lado positivo e negativo, depende da forma que é utilizado”.

A professora ministra aulas de
comunicação voltadas para os conteúdos digitais. (Foto: Kassandra Naely)

Karen ainda destaca a popularidade desses profissionais, especialmente perante o público mais jovem. “Não tem como deixar de falar de Youtubers, eles são a febre do momento. Todos os adolescentes conhecem a maioria dos Youtubers”, disse a professora.

Apesar das experiências positivas de Daniel e Alyssa, empreender nas redes sociais não é garantia de sucesso. Muitos produtores de conteúdo não conseguem monetizar o trabalho, ou utilizam as plataformas digitais apenas como um complemento para a renda.

Natural de Sapucaia do Sul, a jovem Thaiane Seghetto, 20 anos, atua no YouTube desde 2013, quando postou o primeiro vídeo. Ela utiliza a plataforma como um meio para divulgar o trabalho como cantora gospel e hoje conta com 268 mil inscritos. Além disso, Thaiane usa plataformas de música como Deezer e Spotify.

Apesar do primeiro vídeo ter sido postado há mais de quatro anos, foi apenas
em 2015 que a cantora começou a publicar vídeos com frequência e ganhar visibilidade. Em julho, o canal chegou a 200 mil inscritos e atualmente já está com quase 300 mil.

O vídeo mais visualizado do canal é da canção “Me Perdoa Pai”,
música autoral de Thaiane Seghetto, com quase 3 milhões de visualizações. (Foto: YouTube)

Em paralelo ao conteúdo musical, com canções autorais e covers, Thaiane produz vídeos do cotidiano, buscando interagir com o público. “O YouTube é muito importante e especial para mim, é um espaço mais íntimo em que posso interagir com a galera e falar sobre aquilo que eu acredito”.

O YouTube sofreu recentes modificações que dificultaram o processo de monetização para os pequenos produtores de conteúdos. Agora, apenas canais com mais de 10 mil visualizações podem monetizar seus vídeos através de cliques em anúncios.

Atualmente, Thaiane posta vídeos semanais e as canções de maior sucesso são “Me Perdoa Pai” e “Vem Me Ajudar”, que já ultrapassaram 4 milhões de visualizações. Apesar de realizar conteúdos de forma assídua, e já possuir uma visibilidade considerável, a jovem não consegue se manter através do YouTube, e utiliza a plataforma apenas como um canal de divulgação do trabalho.

Autores: Rafael Pereira, Gabriela Araújo, Kassandra Naely, Diego Silveira e Thiago Ribeiro.

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Rafa Pereira
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Estudante de jornalismo. Pseudoescritor. Dependente de inspirações efêmeras.