Reflections sobre o Crash Course

Rubens Beraldo Paulico
4 min readMay 20, 2019

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"Find what you love and let it ̶k̶̶i̶̶l̶̶l̶ guide you" — Actually not Charles Bukowski

Com o risco de parecer brega, decidir começar essa reflexão com uma alteração dessa frase de Facebook que atribuem ao Bukowski, porque acho que ela resume bem essas minhas últimas semanas da Academy.

Como eu disse em uma das minhas reflexões anteriores , eu tinha a intensa sensação de que o que eu costumava produzir para meu curso era inútil, sem sentido ou simplesmente não era algo de meu interesse. A liberdade que nós tivemos na Apple Developer Academy de escolher o tema para os Crash Courses me permitiu não cair na mesma situação. Foram quatro aplicativos desenvolvidos durante as últimas quatro semanas, cujas propostas eram:

  1. Uma história interativa
  2. Um "Tinder"
  3. Um quiz
  4. Uma coleção

Para desenvolvê-los, eu decidi criar aplicativos que eu desejaria que já existissem. Aplicativos que eu já tive ideia de criar antes mesmo de entrar na Academy.

Eu queria criar aplicativos sobre Changeling the Lost.

Espero que me permitem falar sobre aquilo que basicamente me guiou durante o Crash Course inteiro.

"O que é Changeling The Lost?" você possivelmente está se perguntando, ou não. Changeling the Lost é um RPG (roleplaying-game), como Dungeons & Dragons (para usar um exemplo que todos conhecem) cujo diferencial está em sua temática. Ao invés de você jogar em um mundo inspirado em Tolkien, o mundo de Changeling the Lost pode ser descrito como uma mistura das obras de Neil Gaiman com A Viagem de Chihiro, do Estúdio Ghibli, com uma dose de Labyrinth, (aquele filme estranho dos anos 80 com o David Bowie).

Coraline (2009) inspirado no livro do mesmo nome de Neil Gaiman

Em Changeling os jogadores interpretam pessoas do "mundo normal" (inspirado no nosso mundo, ao invés de uma terra fictícia) que acabaram encontrando ou simplesmente foram sequestrados para um universo paralelo chamado Arcadia e reinado pelos Fae. Os Fae raptam pessoas e os transformam em Changelings (algo similar ao que acontece em Coraline, em A Viagem de Chihiro e em Labyrinth). O jogo se passa mesmo após a transformação, quando os jogadores tentam voltar para casa e descobrem não se encaixarem mais onde viviam antes. Primeiro porque não são mais seres humanos e segundo porque os Fae deixam cópias de suas vítimas no lugar, para viverem a vida no lugar da pessoa que eles levaram.

A Viagem de Chihiro (2003), de Hayao Miyazaki

O que eu queria fazer era desenvolver aplicativos que me ajudassem a mestrar Changeling the Lost. E essa motivação guiou a criação de cada etapa dos Crash Courses.

Na primeira etapa, eu decidi criar ao invés de uma história interativa um guia de como criar seu personagem no jogo. Ao invés de escolher os caminhos da história, o usuário descreveria o protagonista e descobriria um dos 6 resultados possíveis, inspirados no RPG. A ideia original exigia funções e ferramentas que eu ainda não conhecia, e, ao descobrir que o objetivo era começar com algo simples, acabei entregando algo que não refletia o que eu realmente gostaria de ter feito.

O segundo aplicativo desenvolvido, similar a um Tinder, não chegou a ser tão próximo de Changeling the Lost, mas foi guiado pelo mesmo gosto por RPG. A ideia era desenvolver um Tinder para jogadores de RPG, que escolheriam seus sistemas favoritos e o que eles buscam em uma partida de RPG, e com isso encontrariam outros jogadores que desejam jogar partidas semelhantes. Uma das coisas inusitadas e divertidas desta etapa do Crash Course foram as Aulas do Ailton. A ideia de todos nos reunirmos para estudarmos juntos deixou essa etapa do Crash Course mais divertida do que eu esperava. O aplicativo acabou não saindo o que eu desejava, mas ao menos eu gostei da ideia que tive. Foi também durante essa etapa do Crash Course que eu decidi que seria necessário trancar meu curso de Jogos Digitais. Por mais que eu goste do curso, eu percebi que era preciso reduzir as atividades que eu peguei para poder me focar no que eu realmente quero.

No desenvolvimento do terceiro aplicativo, um quiz, eu decidi reaproveitar a ideia que eu tive para o primeiro aplicativo, mas dessa vez entregar algo mais próximo do que eu realmente queria entregar, algo que eu consegui fazer com o que eu aprendi no avançar dos cursos. Terminei o app relativamente contente com o que eu desenvolvi.

No quarto aplicativo, de coleções, eu decidi criar uma coleção das regras de RPG de Changeling, uma maneira rápida de checar algumas regras do jogo. Desta maneira eu não apenas aprendo com o Crash Course como também desenvolvo algo que será útil para mim, podendo expandir o que já desenvolvi.

A minha principal reflexão deste processo é que a melhor maneira de prosseguir, aprender e se motivar é usando algo que você gosta e criando algo que você vê utilidade e razão de existir. Nada melhor para motivar a criação de uma ferramenta do que criar uma que você queira usar.

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