Brevíssima introdução aos universais

Schola Scotistarum
3 min readJun 8, 2024

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Saint Francis of Assisi preaches with his brothers.

Se antes vimos se a lógica é especulativa ou não, hoje veremos uma introdução muito básica quanto aos universais.

O tema dos universais trata sobre todas as denominações em todo o conhecimento, denominações digo, atribuições da segunda intenção à primeira: assim toda a natureza comum é chamada universal. É preciso notar que tudo que é positivo, ou é natureza comum de muitos, como natureza humana, cavalos, etc. ou é natureza singular, como Pedro, e este cavalo, etc. Neste sentido, por tudo o intelecto coage e “amontoa”, já que são reais em si, e positivas, atribui também a eles aquela segunda intenção universal, que sobre muitos, é comum.

Os universais são considerados de dois modos, a saber: por denominação e significação. O primeiro pode-se dizer material ou de primeira intenção, e assim nada mais é que uma disposição natural e real comum de muitos em ato ou tendência (aptitudine). O segundo, por significação ou formal, é dito de segunda intenção, e assim universal nada mais é do que aquela segunda intenção, que o intelecto atribui às naturezas comuns reais denominando-as universais.

Antes de encerrar, convém explicar o que é primeira e segunda intenção do intelecto, um assunto relativo aos entes de razão.

O ilustríssimo Claude Frassen [1] nos diz que a intentio, assumida como tensione ou tendentia da potência, é dívida, em seu objeto, em Objetiva e Formal, aquela trata da intelecção do objeto, e esta que é a mesma intelecção. Ambas são subdivididas em Primeira e Segunda. A objetiva primeira é o objeto do intelecto segundo o que é em si, e não conforme é revestido de atributos da espécie, gênero, etc. A formalidade primeira é a operação da mente, na medida em que considera o objeto como tal. A objetiva segunda é a “vestimenta” de alguma atribuição mental, como a definição de “genericidade”, etc. A operação, porém, do intelecto que considera o revestimento, é a secunda intentio formalis.

Ao modo de exemplo, podemos observar essas operações da seguinte maneira: o primeiro modo refere-se às coisas como são representadas em si mesmas, enquanto ao segundo modo, como o objeto é concebido. Assim, por exemplo, quando o intelecto apreende Pedro, como homem, primeiro o contempla como natureza humana, então comparando-o com Paulo, e vê que em ambos convém à humanidade e, portanto, concebe a natureza humana. É dito segunda intenção da mente porque por ela o intelecto não representa tanto para si a natureza humana quanto o modo pela qual a concebeu.

Em resumo, os universais podem ser contemplados por denominação e significação. Também vimos que a primeira e segunda intenção do intelecto podem ser observados como aquilo que é apresentado ao intelecto, à primeira, e a forma como o intelecto concebe algo, à segunda.

No futuro poderemos retornar ao assunto dos universais, aprofundá-lo e apresentar os termos da questão.

Referências:

Nucleus disputationum in universam philosophiam. Ad mentem subtilis R. P Doctoris Ioannis Duns Scoti, ordinis minorum. De universali in communi disputatio unica, Quaestio I, pag 14- Carolus Rapinaeus.

[1] Philosophia Academica, Quaestio IV, De ente rationis, pag 87.

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