Se a lógica é ciência

Schola Scotistarum
3 min readMay 10, 2024

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Ireland Franciscans Friars.

Vimos antes sobre o que é a lógica, veremos à frente se a lógica é ciência ou não.

A lógica é ciência pois convém a mesma a definição das coisas, mais propriamente do saber. Devemos porém entender o que é a ciência. A ciência é o hábito certo e evidente da coisa necessária pelas causas e demonstração. A lógica possui suas proposições de modo necessário, exemplo: toda definição deve ser dada por gênero e diferença; toda divisão deve ser dada por oposição; toda demonstração deve gerar conhecimento (ou ciência); o silogismo tópico gera opinião; a sofística gera erro, e assim sobre outros. Portanto a lógica é verdadeira ciência.

A lógica, especificamente a docente, é ciência, a utens, como visto antes, é arte, com sua razão formal e final sendo aplicada pelas regras impostas pela lógica docente. Esta, por sua vez, versa também sobre questões universais (ou gerais).

Pode-se dizer de outra maneira, a saber: a lógica é virtude ou hábito intelectual, portanto ou é inteligência, ou sabedoria, ou prudência, ou arte, ou ciência; não é inteligência pois não versa sobre os primeiros princípios do que deve ser conhecido sem discurso; não é sabedoria pois não inclina o intelecto para altíssimas conclusões a partir de altíssimos princípios; não é prudência pois não versa sobre o que é prejudicial, ou profícuo, bem ou mau moralmente; nem também é arte pois suas conclusões demonstram necessária consideração, e apenas dentro da alma, mas não direciona para as coisas externas ao corpo. Logo, resta que seja ciência.

Em que sentido a lógica é utilizada em outras ciências?

Nas ciências em geral a lógica distingue-se pela razão da distinção dos objetos de cada ciência, especificamente pelo modo de conhecer. Neste sentido, toda ciência terá estes três aspectos essenciais: a divisão, a definição e a argumentação; ou seja, de fato estão na matéria de cada ciência, pela forma e regras da lógica artificial utens que são aplicadas em todas as ciências a partir daqueles preceitos da lógica docente, como um artesão que pode, não menos, fazer uma chave a partir do ouro ou da prata do que de ferro, ou qualquer outra coisa pela mesma arte.

A lógica é necessária em outras ciências?

Diz-nos Rapinaeus que a lógica é a porta e a chave de toda ciência, e a razão para tal é que não pode haver ciência senão por operação do intelecto, mas o intelecto não pode operar cientificamente a menos que seja adequadamente dirigido por boas regras, nem errar quanto à seu objeto, nem enganar acerca das conclusões; daí a necessidade de seguir as regras da lógica docente. Portanto, a lógica é necessária para as outras ciências.

A lógica tem dois status. O primeiro trata-se de alguém que possui o conhecimento de algo perfeitamente, e o segundo imperfeitamente. Quanto ao imperfeito basta o uso da lógica natural, enquanto para o perfeito, o uso necessário da lógica artificial.

Ainda sobre a lógica, convém lembrar que ela é dita racional, pois cabe a mesma dirigir a operação da razão, ou da mente, ou do intelecto, por isso é chamada racional porque se trata do processo do saber. Esta também dirige os atos, assim é dito ciência moral, porque ensina a compor os hábitos.

Referências:

Nucleus disputationum in universam philosophiam. Ad mentem subtilis R. P Doctoris Ioannis Duns Scoti, ordinis minorum. Disp. prima, Quaestio III, pag 4 — Carolus Rapinaeus.

Philosophia academica, Tomus primus — Quaestio III, conclusio II, pag 54 — Claude Frassen.

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