II. Como identificar um psicopata no trabalho
Os recentes casos denunciados, de Boaventura de Sousa Santos e da Professora catedrática na Faculdade de Farmácia do Porto, são outra faceta do assédio laboral, na academia, com particularidades específicas e que leva muitas vezes a que decorram anos sem denúncias formais ou consequências. Grande parte da culpa reside nas direcções das universidades e institutos que encobrem ou simplesmente não tomam decisões perante as denúncias.
São vários as factores que definem o contexto em que estas situações decorrem — a maioria dos eventos, de assédio sexual a moral, insultos e ameaças, etc., decorrem sempre à porta fechada ou em momentos em que não estão presentes outras testemunhas. Mesmo que a vítima supere a intimidação e decida apresentar queixa, será sempre a palavra dela contra o agressor(a).
A maioria dos casos também decorrem com professores estabelecidos e com peso na academia e por vezes com assento na direcção ou à frente de departamentos ou com direcções onde muitos elementos chegam a ser ex-alunos do agressor(a) levando a uma situação desproporcional de poder e influência.
As direcções tendem a desvalorizar as queixas, não só é difícil em termos laborais despedir professores com peso como tal representa um rombo na própria instituição em termos de prestígio e reputação académica. Entre o agressor(a) e o aluno(a), as direcções das universidades e institutos tendem a defender o agressor, desvalorizar as queixas e criar versões alternativas para os factos, por exemplo atacando a reputação do aluno ou professor, a mais frequente é de que a vítima de alguma forma não cumpriu com o que era esperado em termos de resultados e portanto a denúncia não passará apenas de uma queixa por vingança.
Por último, é raro ser um caso isolado. Frequentemente os agressores praticam os mesmos actos de assédio, humilhação e perseguição, durante anos e podem também decorrer anos até à primeira queixa formal mas a seguir à primeira queixa é frequente muitos mais casos/vítimas surgirem.