Prisão de Mente: um possível antídoto.

Tati Leite
3 min readAug 30, 2017

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Há alguns meses decidi retomar um projeto que acredito com todas as células do meu corpo: o Reboot.

Ele nasceu em nov/2014, no 1˚ Festival de Wikinomia do Brasil, totalmente feito em rede. Foi tão lindo e tão intenso para todos que participaram, que resolvi adaptá-lo a formatos que fossem capazes de impactar pessoas e instituições para além do espaço-tempo de um evento.

Um (des)livro, um jogo, um curso, um planner de projetos, um minidoc e o que mais mirabolasse no caminho para levar o poder de sensibilização e empoderamento vivenciadas no circuito do evento para outros públicos e plataformas .

Um circuito
Para quem
Está em Curto.

Lindo, né? Mas quem entrou em curto nesse processo foi eu…

O que deveria ser uma deliciosa, instigante e intensa jornada de pesquisa e produção de conteúdo se transformou numa verdadeira… prisão de mente.

Prisão de mente: quando "muita coisa entra, e nada sai", explica Renato Stefani em um dos seus textos do HackLife, projeto incrível que conheci nessa jornada.

Essa analogia faz total sentido para mim. Tenho consumido tanto conteúdo, sobre taaaantos assuntos: novas economias, neurociência, futurismo, sustentabilidade, empreendedorismo, coaching, mindfulness, CNV… Vídeos, textos, cursos, metodologias, ferramentas, conversas…

Tô fervilhando de ideias, mas abri esse espaço aqui há quase 6 meses, exatamente "para libertar palavra presa" e nada.

É como se estivesse esperando por algo grandioso para começar — o que seria totalmente compreensível se um dos meus lemas na vida (e de quase todo empreendedor) não fosse “FEITO É MELHOR QUE PERFEITO”.

Aprendi isso na experiência, não num texto. Virou lema, tá no sangue.

Mas se tenho tanta consciência disso, por que insisto no erro? Por que toda vez que vou escrever, paro e acho que não está bom o suficiente?

Poderia falar das nossas crenças limitantes, da síndrome do impostor e até de procrastinação… Mas no fundo, sinto que não é isso. Ou, pelo menos, não só isso. Não neste caso.

Aí hoje, enquanto escrevia esse texto sem saber onde ele ia parar (já diria minha mãe: a linguagem organiza pensamento), me lembrei de uma frase que escutei no Gaia ToT (Training of Trainers) de uma pessoa que admiro muito:

"Awareness brings choice. Choice brings freedom".

Bom, se ter consciência de algo nos dá escolha e eu tenho plena consciência de que "feito é melhor que perfeito", por que raios escolho algo que sei que está errado (no caso, a busca paralisante da perfeição)?

Ao pensar nisso, me lembrei do TED da Sheena Lyengar, no qual ela fala que, diante de decisões difíceis, a gente acaba “escolhendo não escolher” – o que nos dá a ilusão de que estamos postergando a decisão.

Ou seja: não escolho conscientemente cometer um erro que sei que é erro. Escolho não escolher. Mas isso não deixa de ser uma escolha. Muito mal feita e, até agora, não consciente. Mas uma escolha.

E agora sim a frase da Rona faz sentido: "Consciência traz escolha. Escolha traz liberdade". Pois consciente disso tudo, consigo escolher parar com a não-escolha e, com esse post, encerro minha prisão de mente.

E isso sim, é libertador.

(como o fim de uma prisão de ventre, convenhamos ;)

E você — o que escolheu não escolher, sem se dar conta? E o que mais funciona para você quando tem prisão de mente? Me conta? ❤

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Tati Leite

Empreendedora social, cofundadora da Benfeitoria, coidealizadora de outros projetos da novas economia, ativista da ética do cuidado e… mãe de 2 :)