Retratação do artigo “Idade Média: uma análise libertária”

T. Brum
3 min readSep 15, 2023

--

Em meu artigo intitulado: “Idade Média: uma análise libertária” eu escrevi o seguinte:

[…] sabe-se que a Igreja interferir em algo que atingirá a propriedade alheia é errado. Não se pode obrigar alguém a seguir um decreto dela, mesmo os próprios católicos, que devem fazer isso pela sua vontade, pelo livre arbítrio. Então a validade dada aos reis pela Igreja é claramente algo que não seria aceito na sociedade libertária — ao menos, não da maneira como foi feita. Não se pode, por meio de um simples decreto ou uma vontade aleatória, dizer que alguma terra pertence a alguém ou não, bem como se alguém tem um poder legítimo ou não. Não cabe à religião dizer isso para um libertário. No máximo, a Igreja possui autoridade dentro das suas propriedades sobre aqueles que voluntariamente aceitem os seus ensinamentos.

Devo fazer algumas correções, como católico, à fim e evitar escândalo e também pecar contra o Santo Magistério da Igreja. Não me prenderei a justificar necessariamente esses pontos, mas antes expor que não defendo mais esses pontos para evitar o pecado — ou ainda algo próximo de heresia. Mas que fique claro que a parte citada — e outras que podem conter opiniões parecidas — foi escrita em ignorância com a posição da Igreja ou qualquer estudo sobre Infabilidade Papal e o magistério.

  1. A Igreja tem poder para obrigar ao Católicos à seguirem alguns de seus documentos — sob risco de excomunhão para alguns. Necessariamente, aqueles carregados de infabilidade, e com alta probabilidade aqueles que, embora não carregados de infabilidade em si, carregam autoridade suficiente para tal. E aqueles que não seguirem os do primeiro tipo de plena consciência são hereges ou excomungados.
  2. Quando à decretar se uma propriedade pertence a alguém eu digo que Deus possui este poder, pois o faz no Velho Testamento ao dar terras de regiões determinadas para Abraão e Moisés, mas que hoje este caso é absolutamente improvável. Portanto, embora possível, não é algo factível na situação atual do mundo (à saber, que Deus expressamente dará terras para alguém — o que nem mesmo o PNA seria algo válido)
  3. Quanto a dizer se algo é legítimo ou não, em certo sentido, a Igreja possui este poder, sim. Porque tem as chaves dos reinos dos céus e tudo que ligar ou desligar dos céus daqui da Terra o será. Quanto ao ponto político especificamente, é certo, por documento infalível Quanta Cura, que estão condenadas as teses: “(I) A melhor constituição da sociedade pública requer que a sociedade humana seja governada sem nenhuma diferença a ser feita entre a verdadeira religião e as falsas. (II) A melhor condição da sociedade civil é aquela onde o poder civil público não é reconhecido como tendo o dever de restringir os ofensores da religião Católica, com penalidades decretadas, exceto quando a paz pública o exigir. (III) A liberdade de consciência e de culto é um direito pessoal de cada homem, que deve ser legalmente proclamada e assegurada em toda sociedade justamente constituída. (IV) O poder eclesiástico não é pelo direito divino distinto, e independente, do poder civil”. Portanto, não bastaria um poder temporal ter surgido legitimamente sem roubo ou conquista(o que eu concordo), mas também atender estes requisitos (o que eu também concordo). Tal qual, a Igreja tem poder para definir um governo legítimo ainda que este poder respeite o PNA para ser formado.
  4. Quanto à última linha, a Igreja não possui poder para forçar conversões de ninguém e assume que, até um justo limite, é passível de outras religiões existam — mas de modo algum pode assumir defender o erro dessas religiões, e tampouco aceita que tais práticas existam se prejudiquem imensamente a sociedade (algo que eu comento mais aqui). Ou seja, como bem expõe o Dr. John Lamont: “O ensino da Dignitatis Humanae sobre o direito à liberdade religiosa deve ser, portanto, entendido como uma afirmação de que há sempre um direito de praticar a verdadeira religião, e que há um direito de praticar a falsa religião [ direito aqui no sentido negativo] a menos que tais práticas infrinjam as leis que defendem o essencial do bem comum”. Com isso, a Igreja entende que possui ALGUM PODER sobre pessoas de outras religiões (conferir em: Catecismo nº2104–2109).

Portanto, fica feita minhas retratação ao erro cometido no passado e todos aqueles que possam se derivar nestes que eu escrevi anteriormente.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Que reine pelos séculos dos séculos.

Amém.

--

--

T. Brum

Escritor de artigos relacionados a sociedade privada, catolicismo e assuntos diversos.