Conhecimento Profundo a Formação de Times / Parte I

9 min readJan 23, 2022

PARTE I

Inicio da Jornada

Iniciei este artigo fazem alguns anos, e tive que dar uma pausa, visto que me dediquei aos estudos em Mecatrônica e Machine Learning. Recentemente em meu trabalho, tive a oportunidade e a sorte de me aprofundar ao tema quando me apresentaram o best-seller Team Topologies.

Muitos pesquisadores das área de Administração, Engenharia , Psicologia dentre outras, realizaram e realizam grandes contribuições para a melhoria do processo de desenvolvimento de software, suas abordagens fazem muito sentido, visto que no início da Ciência da Computação não existiam matérias dentro dos cursos voltadas para gestão de pessoas, Gerencia de projetos, Produção, Qualidade, e ao longo dos anos estas matérias foram incorporadas as graduações e especializações em Tecnologia da Informação.

Hoje o processo para desenvolvimento de software mudou radicalmente, em comparação a década de 80. Nesta publicação, em que dividi em 6 partes, inicialmente voltaremos no tempo para analisar o processo de desenvolvimento de software até chegarmos nos dias atuais.

E falando em desenvolvimento de softwsare, não podemos deixar de citar Roger Pressman , sua primeira publicação foi em 1982, e hoje já esta na sua 8a. edição.

Existem três fundamentos no que tange as tecnologias envolvidas no computador :

Hardware — máquina física que armazena as informações de processo
Software — os programas que orquestram e controla a operação do hardware
Pessoas — que sabem o que o hardware e o software podem fazer e quem consequentemente, projetar e implementar aplicativos que exerçam comandos controle apropriados sobre Hardware e software para alcançar os resultados desejados

O hardware vem evoluindo radicalmente, sendo cada vez mais rápido e barato, o software também está cada vez melhor e mais barato, e a quantidade de pessoas que utilizam estes softwares são mais numerosas a cada dia. Porém os avanços em hardware ocorrem muito mais rápido do que em software, e as principais limitações na eficácia aplicação dos computadores permanecem no desenvolvimento de software e treinamento , ambas atividades intensivas focadas em pessoas.

Os fabricantes de computadores se esforçam para produzir hardware que permita aos produtores de software compor software que será desejado por muitos usuários. Os desenvolvedores de software se esforçam para compor software que ambos apelam para um mercado existente e exploram novos recursos de hardware por meio de várias inovações para habilitar melhores aplicativos de computador para ainda mais usuários.

O fator limitante no desenvolvimento de software é a disponibilidade de pessoas especialmente talentosas e experientes equipe técnica. Essa equipe tende naturalmente a ser empregada no desenvolvimento e manutenção de software comercial que agrada a um grande público, resultando em software necessário para apoiar algumas das várias atividades demográficas e populacionais pode estar prontamente disponível porque são semelhantes ou idênticos aos aplicativos comerciais comuns.

No entanto, o software continua difícil de desenvolver e os desenvolvedores enfrentam um aumento interminável de expectativas e demandas do usuário. Assim, um aplicativo que parecia extremamente poderoso apenas alguns anos atrás, parece rude e primitivo hoje. A tarefa do desenvolvedor de software tem sido muito complicada pelo advento de novas tecnologias : Internet, Mobile, IoT, BigData e IA.

Robert C. Martin, autor dos livros (Código Limpo), dentre outros, cita em sua palestra ITkonekt 2019/ Clean Architecture and Design , a quantidade de programadores que existiam quando iniciou, que eram aproximadamente 10.000, e que hoje pode ser de 100 milhões nos dias atuais. Partindo de uma premissa que estamos dobrando a quantidade de programadores a cada 5 anos, a metade dos programadores do mundo tem uma experiência menor que 5 anos, fazendo com que nossa indústria permaneça em um estado perpetuo de inexperiência.

O processo de desenvolvimento de software, vem sofrendo uma série de avanços devido as questões descritas acima e que serão abordadas durante nossa jornada, mas antes… vamos conhecer Deming. Não conhece Deming ? Se sua resposta foi não, recomendo ler seus livros, Muitas das abordagens que a TI utiliza, vieram da Engenharia, Administração e Psicologia.

“Para conhecer a ciência, é necessário conhecer a sua história”, Augustre Comte (1798–1857).

Deming e a Metodologia Ágil

Os 14 princípios de Deming

Os 14 Pontos sobre Gestão da Qualidade de Deming, ou o Modelo Deming de Gestão da Qualidade, um conceito central na implementação da gestão da qualidade total (TQM), é um conjunto de práticas de gestão para ajudar as empresas a aumentar sua qualidade e produtividade.

Princípios:

Estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço, objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego;
Adote a nova filosofia. Estamos numa nova era econômica. A administração ocidental deve acordar para o desafio, conscientizar-se de suas responsabilidades e assumir a liderança no processo de transformação;
Deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a necessidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu primeiro estágio;
Cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Ao invés disto, minimize o custo total. Desenvolva um único fornecedor para cada item, num relacionamento de longo prazo fundamentado na lealdade e na confiança;
Melhore constantemente o sistema de produção e de prestação de serviços, de modo a melhorar a qualidade e a produtividade e, consequentemente, reduzir de forma sistemática os custos;
Institua treinamento no local de trabalho;
Institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de ajudar as pessoas e as máquinas e dispositivos a executarem um trabalho melhor. A chefia administrativa está necessitando de uma revisão geral, tanto quanto a chefia dos trabalhadores de produção;
Elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de modo eficaz para a empresa;
Elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pesquisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a preverem problemas de produção e de utilização do produto ou serviço;
Elimine lemas, exortações e metas para a mão-de-obra que exijam nível zero de falhas e estabeleçam novos níveis produtividade. Tais exortações apenas geram inimizades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encontram-se no sistema, estando, portanto, fora do alcance dos trabalhadores;
Elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção. Substitua-os pela liderança; elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o processo de administração por cifras, por objetivos numéricos. Substitua-os pela administração por processos através do exemplo de líderes;
Remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos chefes deve ser mudada de números absolutos para a qualidade; remova as barreiras que privam as pessoas da administração e da engenharia de seu direito de orgulharem-se de seu desempenho. Isto significa a abolição da avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração por objetivos;
Institua um forte programa de educação e auto aprimoramento;
Engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A transformação é da competência de todo mundo.

Precisamos mudar os processos, para que se tenha uma mudança nos resultados alcançados. A troca de tecnologia não muda o processo, ela muda o meio que realizamos o processo, não atingindo eficácia desejada.

O ciclo PDCA , ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, foi surgiu no Japão após a guerra, criado por Shewhart, na década de 20, e divulgado por Deming, em 1950, quem realmente o aplicou. O ciclo de Deming tem por objetivo tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão, como, por exemplo, na gestão da qualidade , dividindo-a em quatro principais passos.

O PDCA é aplicado nas normas de sistemas de gestão e deve ser utilizado (pelo menos na teoria) em qualquer empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área ou departamento ( vendas , compras , engenharia e etc.).

Iniciando pelo planejamento, em seguida pela ação ou conjunto de ações planejadas que são executadas, checando o que foi feito, se estava de acordo com o planejado, constantemente e repetidamente e toma-se uma ação para eliminar ou ao menos mitigar defeitos no produto ou na execução.

Os passos são os seguintes:

Plan (planejamento): estabelecer missão, visão, objetivos (metas), procedimentos e processos (metodologias) necessárias para atingir os resultados.
Do (execução): realizar, executar as atividades.
Check (verificação) : monitorar e avaliar periodicamente os resultados, avaliar processos e resultados, confrontando-os com o planejado, objetivos, especificações e estado desejado, consolidando as informações, eventualmente confeccionando relatórios.
Act (ação) : Agir de acordo com o avaliado e de acordo com os relatórios, eventualmente determinar e confeccionar novos planos de ação, de forma a melhorar a qualidade, eficiência e eficácia , aprimorando a execução e corrigindo eventuais falhas.

Passo 1: PLANEJAR (PLAN)

Este passo é estabelecido com bases nas diretrizes da empresa. Quando traçamos um plano, temos três pontos importantes para considerar:

Estabelecer os objetivos, sobre os itens de controle;
Estabelecer o caminho para atingi-los;
Decidir quais os métodos a serem usados para consegui-los.

Após definidas estas metas e os objetivos, deve-se estabelecer uma metodologia adequada para atingir os resultados.

Há dois tipos de metas:

Metas para manter;
Metas para melhorar;

Metas para manter

Exemplos de metas para manter: Atender ao telefone sempre antes do terceiro sinal. Estas metas podem também ser chamadas de “metas padrão”. Teríamos, então, qualidade padrão, custo padrão, prazo padrão, etc.

O plano para se atingir a meta padrão é o Procedimento Operacional Padrão (POP) . O conjunto de procedimentos operacionais padrão é o próprio planejamento operacional da empresa.

O PDCA utilizado para atingir metas padrão, ou para manter os resultados num certo nível desejado, pode então ser chamado de SDCA (S de standard).

Metas para melhorar

Exemplos de metas para melhorar: Reduzir o desperdício em 100 unidades para 90 unidades em um mês ou Aumentar a produtividade em 15% até dezembro.

De modo a atingir novas metas ou novos resultados, a “maneira de trabalhar” deve ser modificada; por exemplo, uma ação possível seria modificar os Procedimentos Operacionais Padrão.

Passo 2: EXECUTAR O PLANO (DO)

Neste passo pode ser abordado em três pontos importantes:

Treinar no trabalho o método a ser empregado;
Executar o método;
Coletar os dados para verificação do processo;

Neste passo devem ser executadas as tarefas exatamente como estão previstas nos planos.

Passo 3: VERIFICAR OS RESULTADOS (CHECK)

Neste passo, verificamos o processo e avaliamos os resultados obtidos:

Verificar se o trabalho está sendo realizado de acordo com o padrão;
Verificar se os valores medidos variaram, e comparar os resultados com o padrão;
Verificar se os itens de controle correspondem com os valores dos objetivos.

Passo 4: FAZER AÇÕES CORRETIVAS (ACT)

Tomar ações baseadas nos resultados apresentados no passo 3;

Se o trabalho desviar do padrão, tomar ações para corrigir estes;
Se um resultado estiver fora do padrão, investigar as causas e tomar ações para prevenir e corrigi-lo;
Melhorar o sistema de trabalho e o método.