Design pra Vida — Vestindo minhas orelhas de Girafa

Marcela Leon
Design pra Vida
Published in
4 min readFeb 25, 2018

Palavras são janelas ou são paredes.
Elas nos condenam ou nos libertam.

Ruth Bebermeyer

No exercício diário do design da minha própria Vida, estou sempre procurando enxergar, ouvir, compreender, refletir e me conectar. Assim mesmo, em um exercício cíclico e continuo de aprendizado.

Nos momentos de sofrimento, consigo canalizar ainda mais a minha energia para a atenção ao que o meu coração tem a me guiar e aos sinais que o universo me envia. São meus momentos de maior profundidade e centro no auto-conhecimento.

Nos momentos de alegria, consigo transformar a energia do entusiasmo em um catalisador para ideias e um abridor de portas pro desconhecido. São os momentos onde consigo dizer sim para as novas experiências.

Meu momento atual é um mix de sofrimento e alegria — sim, porque enquanto seres humanos complexos não nos encerramos apenas em uma camada de estado; estamos sempre navegando em diferentes estados de emoções e sentimentos — que me levou a ouvir um percepção de outra pessoa sobre um comportamento habitual meu com orelhas de girafa (já explico mais sobre isso) e ir em busca de mais um ciclo de aprendizado.

A Comunicação Não Violenta (CNV)

Meu primeiro contato com a Comunicação Não Violenta foi através de um vídeo do TEDx da Carolina Nalon. Na primeira ocasião que assisti, achei que tinha entendido o significado da experiência que ela relata e me senti satisfeita. Ao rever o vídeo em um outro momento — nesse mix de sofrimento e alegria — eu me percebi muito mais aberta a ouvir o que ela estava contando e com sede de entender mais sobre; com vontade de viver esse outro tipo de conexão — essa conexão pelo coração — no meu dia a dia.

Eu poderia listar uma série de motivos pelos quais essa segunda escuta teve o resultado de despertar um processo transformador em minha vida. Vou apenas dizer que ao perceber que a maneira como eu expresso as minhas necessidades reflete nas pessoas da minha comunidade na direção oposta das minhas intenções, consegui abrir um espaço para olhar com cuidado e amor para esse pedaço de mim.

Como reconheço em mim mesma a curiosidade e o interesse em aprender e entender melhor os assuntos que me despertam, a referência no vídeo da Carolina Nalon me levou ao workshop do Marshall Rosenberg.

Eu até coloquei os vídeos em uma playlist para compartilhar :)

Mais de quatro horas no Youtube (que bom que temos acesso a esses conteúdos de maneira tão rápida e quase sem barreiras com a Internet!), muito choro, um banho quente, um pijama gostoso, uma comida quentinha e bastante auto-compaixão, dei mais um passo nesse ciclo de aprendizagem: deitei para dormir.

Sim, porque

cada um dos processos em nossa vida é uma combinação de alimento e tempo para digerir.

E então no meio da madrugada, recebi o que parecia ser um exercício enviado direto do correio cósmico, com o objetivo de me testar. Será que eu havia entendido alguma palavra que fosse das horas que passei debruçada assistindo os exemplos entre conversas de chacal e girafas?

Meus vizinhos estavam fazendo uma festa. Sim, uma festa. Estavam alegremente às 3 e pouca da madrugada dando risadas e ouvindo canções, se divertindo alegremente sem imaginar que eu estava ali pertinho, do outro lado da rua, tentando dormir e processar tudo o que havia vivido naquele dia.

Minha vontade inicial — meu impulso habitual — foi listar mentalmente uma série de julgamentos e reações ao que estava atrapalhando a minha necessidade de dormir. Meu movimento contrário a essa vontade foi vestir as orelhas de girafa que havia recebido amorosamente naquela tarde e

Como eu posso receber os estímulos que as pessoas e o universo me enviam? Como eu posso ter mais controle sobre como me sinto nas situações mais adversas da vida de maneira a não entrar em uma espiral de violência?

Eu fiquei mais ou menos uma hora acordada enquanto meus vizinhos estavam felizes festejando. Durante esse tempo eu aproveitei para pensar mais uma vez no meu momento, responder algumas mensagens no WhatsApp, beber um copo d'água e fazer aquele xixi da madrugada — que mulheres que já estiveram grávidas e/ou passaram por parto normal conhecem.

Eu não mudei a ação do outro, dos vizinhos que estavam fazendo uma festa madrugada a dentro sem lembrar que existem outras pessoas na comunidade. Eu mudei a forma como lidava com a ação do outro dentro de mim, com os recursos que estão disponíveis ali 24x7: minhas orelhas de girafa que me permitem ouvir com empatia e conectar através do coração com as outras pessoas.

Este texto é a materialização do início de um processo e por isso pode parecer inacabado para você leitor. Se você ficou curioso sobre as tais orelhas de girafas e gostaria de saber mais sobre, os vídeos que recomendei e uma pesquisa no Google podem te guiar nesse caminho de descoberta.

Na minha lista de metas de 2018 eu, me propus a escrever um texto por mês. O 1o texto do ano você pode conferir aqui.

Obrigada a Mariana Camardelli pela confiança em entregar o CreativeMornings durante sua licença felicidade e por ter dito o que eu precisava ouvir depois de mais uma manhã de evento.

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Marcela Leon
Design pra Vida

oi! eu sou criadora e produtora do podcast de histórias Baseado em Fatos Surreais. tô no www.papodeprodutora.com.br compartilhando sobre produção em áudio 😉