Saber como olhar é mais importante do que olhar tudo

Vitor Hugo Sarvas
3 min readJun 25, 2020

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Quando começamos a fazer análises temos um ímpeto gigante de coletar o máximo de dados possíveis, fazer uma infinidade de combinações e tratamentos, além de tentar responder todas as perguntas que a modalidade e o nosso espirito curioso tem. Eis que aprendemos uma dura lição: aquela infinidade de dados não tem a menor validade se você não souber o que você está procurando.

Para podermos começar a entender um pouco melhor sobre o como observar e de onde coletar os dados que iremos usar são necessárias algumas ferramentas. Uma delas é entender o conceito de níveis de análise. Os níveis de análise são, de forma resumida, as maneiras diferentes que nós possuímos de observar o sistema com a variação de foco dentro dele. Lembram da história de visão sistêmica? Pois bem, ela está de volta!

Exemplo de como funcionam os níveis de análise

Os níveis de análise podem variar em seu ângulo de observação, ou seja, com variação nos tipos de dados observados dependendo do nível que você está. Um bom exemplo são as diferenças que você tem quando analisa no nível do atleta e no nível da equipe. Quando temos uma análise no nível do atleta conseguimos observar melhor os gestos técnicos, as decisões dentro dos contextos do jogo, seu desgaste físico, incidência de lesões e diversos outros parâmetros. Por outro lado, temos muita dificuldade de observar como a equipe se comporta, como ela se modifica e adapta as situações que o jogo pede. Para observar isso, temos que ir para um nível mais global e, assim, sermos capazes de observar outras coisas.

Mas então existem níveis melhores e níveis piores?! E a resposta é não. Os níveis de análise servem como parâmetros para conseguirmos entender o contexto de onde os dados são retirados e, por fazerem parte de um mesmo sistema, estão sempre interligados de alguma forma. Essa é a mágica da visão sistêmica, ela coloca em contexto diversos elementos que operam dentro de um sistema. É importante lembrar que a soma dos elementos NÃO representam o sistema, e sim a interação entre eles. Isso quer dizer que posso observar como um jogador realiza determinada tarefa e depois observar como as equipes (do jogador e a adversária) se comportam quando isso acontece, bastando apenas subir o nível da análise. Além disso, podemos observar essas interações de diversas formas, seja observando o adversário ou a própria equipe, sempre indo em direção ao pote de ouro da análise de desempenho, os padrões.

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Sugestão de livros e artigos que foram usados para escrever este texto:

  • Sports Performance Measurement and Analytics: The Science of Assessing Performance, Predicting Future Outcomes, Interpreting Statistical Models, and Evaluating — Lorena Martin
  • ROCHA, Fabrício Freire et al. The effect of situational variables in free throw shooting effectiveness in small-sided games in basketball. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 31, n. 2, p. 447–455, 2017.
  • An Introduction to Performance Analysis of Sport — Peter O’Donoghue

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Vitor Hugo Sarvas

Analista de desempenho esportivo querendo ajudar o mundo a entender o que é isso.