5. O design antes de ser design

Se o design também pode ser definido como uma atividade atuante sobre as formas (ou aparências) das coisas, com o objetivo de trabalhar seu papel de mediadores das relações entre humanos e coisas, e das relações dos humanos entre si e consigo mesmos através das coisas, podemos atribuir aos índios projetistas como designers primitivos.

Se como citado por Rafael Cardoso¹, o designer de hoje deve se preocupar com a imaterialidade dos projetos — cita ainda como exemplo de o designer não mais se preocupar em fazer uma cadeira, mas sim, repensar o ato de sentar –se, isso se torna ainda mais próximo da ideia primitiva de construção das coisas, já que a superficialidade não era uma premissa indígena, mas sim a funcionalidade. Muitos podem questionar em cima deste raciocínio as pinturas corporais indígenas. Porém se estudarmos mais sobre elas, veremos a grande finalidade presente. Hoje nossa sociedade pode fazer uma leitura superficial dos pictogramas, mas nelas não só existem funções expressivas como também significados relacionados à adoração das diversas divindades, podendo assim, serem interpretadas funcionalmente, pois foram em sua maioria influência tradicional, tornando-se puramente racional e empírica para eles.

A partir desta ótica sobre as pinturas corporais, vemos que na contemporaneidade existe o contrário, em sua maioria o designer, que invés de propor soluções e suprir necessidades se engaja muitas vezes na superficialidade estética dos artefatos projetados.

¹CARDOSO, RAFAEL. Design para um mundo complexo. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

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