Ao fundo, uma Ilustração colorida de dezenas de pessoas completamente diferentes entre si, andando, como se estivessem em uma grande calçada. Por cima da ilustração um retângulo azul escuro, centralizado, com as escritas “7 — Série: Uso de leitores de tela”. Ilustração retirada de https://carleton.ca.

#7 — Usuários de leitor de tela: quais recursos são os mais difíceis de serem usados e por que?

Essa é uma série de 7 de posts sobre uso de leitores de tela, feitos com base em respostas recebidas numa pesquisa realizada por Heydon Pickering.

Juliana Fernandes
Acessibílito
Published in
4 min readOct 3, 2017

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Em setembro de 2016, Heydon decidiu que queria ouvir histórias sobre como usuários de leitor de tela usavam a web. Ele imaginou que, sendo um usuário que enxerga, provavelmente fazia diversas suposições incorretas a respeito, e então compôs 7 perguntas a fim de descobrir mais sobre as estratégias de leitura e uso de leitores de tela. Essa foi a 7ª e última pergunta feita:

Quais features ou aspectos das páginas web você acha mais difícil de usar e por quê?

Respostas dos usuários de leitor de tela:

Em dúvida aqui. Talvez uma página que se auto atualiza com freqüência a cada campo editado? Google Instant, etc. Isso faz o NVDA saltar de um lado para o outro às vezes.

São 2 recursos que costumo encontrar. O primeiro são campos editáveis que me forçam a usar o dropdown para selecionar a informação. O Better Business Bureau está fazendo isso um bocado, e isso precisa parar. A segunda são botões “enviar” que não funcionam enquanto o leitor de tela está ativo no momento em que tento enviar um email através do formulário de contato do site.

A maioria dos “recursos” relacionados ao ARIA são difíceis de usar porque não estão codificados corretamente. Além disso, mesmo que estejam codificados corretamente, a maioria das pessoas cegas nunca viu esses recursos funcionando corretamente, então não foram ensinados a usa-los.

Uau, a amplitude desta questão faz dar um branco na minha cabeça. Uso com sucesso um monte de páginas, mas geralmente são coisas diferentes me param. Captchas (e se você me perguntar porque isso é um insulto, tente usa-los com uma venda nos olhos), menus que expandem ou colapsam mas não mostram as opções (porque não recebo feedback e não tenho ideia de que modo o leitor de tela interage com eles) e botões sem nome que temos que adivinhar qual apertar.

Muitas vezes o mais básico. Pseudo links e botões que não podem ser focados ou usados via teclado. Infográficos também. Falta de textos descritivos em geral (curtos ou longos)

Formulários não rotulados ou mal rotulados, tabelas mal desenhadas, itens clicáveis que não aparecem na navegação via link ou botão e frames com propaganda bem no meio dos artigos. Tudo isso contribui para criar um site difícil de usar.

Elementos projetados para serem usados com mouse. Listas de seleção múltipla, menus e submenus com rolagem, caixas de texto expansíveis, itens com drag and drop (arrastar e soltar) e, claro, elementos em flash.

Widgets inacessíveis ou caixas de seleção com eventos onchange

Qualquer coisa com drag and drop (arrastar e soltar) por razões óbvias. Lugares onde uma ação provoca uma atualização em outro lugar e que não possui uma live region ou não muda o foco e leva você até lá.

1) Formulários mal estruturados, porque eu tenho que adivinhar o que tenho que fazer em cada campo

2) Imagens com links sem o atributo alt, porque tenho que deduzir o destino através do texto ilegível, adivinhar ou então ir pra qualquer outro lugar.

3) Quase paradoxalmente o uso excessivo dos ARIA roles, porque isso pode adicionar verbosidade e até mesmo enganar.

4) Scripts que adicionam informações que não são reportadas ao leitor de tela, porque parecer um link ou etc não ajuda em nada, e é aí que ARIA pode ser ÚTIL.

Mudança no layout, de novo.

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Juliana Fernandes
Acessibílito

UX, research, acessibilidade, plantas, ratos, livros, feminismo, veganismo e filmes de terror ruins.