4 Red-flags para te Ajudar a Identificar
Conteúdo de Qualidade sobre UX e UI

Jon Vieira
Aela
Published in
6 min readApr 8, 2020

Neste artigo vou te mostrar 4 red-flags para você identificar conteúdo de qualidade sobre UX e UI para consumir, ou não, já que nesses últimos dias a quantidade de conteúdo parece estar crescendo de forma tão rápida quanto o vírus COVID-19.

Estamos vivendo tempos estranhos.

Escrevo este artigo do meu escritório, em casa, pois estou confinado em Londres por conta do COVID-19.

Meu contato físico com o mundo externo se dá em idas aos supermercados e pedaladas diárias para exercitar, momentos pelos quais sou mais grato hoje do que de costume!

Também sou grato à quantidade de conteúdo sendo disponibilizado na Internet. Não é de agora que designers têm contribuído na disseminação de material, porém a quantidade de conteúdo parece estar crescendo de forma quase tão exponencial quanto o vírus tem se espalhado.

Eu mesmo tenho me beneficiado de cursos grátis. E tenho usado as horas que gastava commuting para estudar e praticar coisas novas.

Porém, infelizmente, nem tudo o que se disponibiliza por aí, é bom, e isto independe de um conteúdo ser gratuito ou não.

Antes, era tudo mato. Agora, só tem fazendeiro!

Não muitos anos atrás era muito difícil para um designer ter algo publicado. A informação não era tão democrática, e não haviam tantas ferramentas para qualquer um, de qualquer lugar, se expor como acontece hoje.

E por mais que eu ache isto um máximo, posto que eu mesmo me beneficio desta evolução, ela abriu margem para certas percepções equivocadas.

Assim, o principal destes equívocos eu julgo ser que, em algum momento, algum designer supôs que criar conteúdo, cursos e materiais diversos era sinônimo de autoridade e status na profissão.

Além disso que se disseminou, infelizmente, e hoje vemos de centenas a milhares de materiais que têm aparência de senioridade e autoridade, porém são vazios de real significado.

Dessa forma, escrever, criar material e disponibilizar para a comunidade é sim muito benéfico e algo que admiro, de verdade. E acho que nada mais justo de se usar isto como ferramenta de marketing pessoal.

Porém, nada disto adiciona experiência profissional / comercial ou deveria ser usado para medir a senioridade de alguém, e acaba gerando confusão em quem é recém chegado na profissão.

Entenda qual é a diferença entre UX e UI Design

Pois é, mas e daí?

Dessa forma, os principais problemas que percebo sendo gerados por esta situação:

  • Novos designers sofrem com a sobrecarga de oferta de conteúdo, e se afogam no oceano de materiais disponíveis. Isto é pior quando diversas opiniões divergem . Quem estaria certo?!;
  • Na melhor das hipóteses, novos designers investem em cursos que não são bons. Na pior, caem em ciladas de oportunistas. Em ambos os casos, o mercado infla com pessoas incapacitadas ou com entendimento equivocado sobre a profissão.

Lobos em pele de cordeiro

Uma das dúvidas que mais recebo de muitos estudantes e Designers Junior, de forma recorrente, é:

Como eu filtro o que é bom do que é ruim?

Pois muito conteúdo ruim vem recheado de coisa boa. Porém, se você é mais experiente, consegue extrair o que é bom e ignorar o resto. Entretanto, é difícil para novatos separar o joio do trigo.

Por conta disto, criei uma lista de potenciais red-flags para você tentar identificar a quem seguir, ou pelo menos tentar filtrar o que as pessoas dizem.

Você já conhece o canal do Youtube da Aela? Temos entrevistas com alunos, palestras e muito mais.

🚩 1. Glorioso e f#dão

Esta característica geralmente é óbvia. Se um profissional, autor, professor ou influencer bate muito no peito, existe aí um red flag bem perigoso.

Lembra alguém que você conhece?

Dessa forma, observe quem se julga acima da média e que coloca seu trabalho, curso ou conteúdo como único e incomparável. Pois, existe uma linha tênue entre expor suas conquistas — ser seguro de quem você é — e expor seu orgulho.

Aqueles que tratam a profissão de design em si com prepotência — como quem diz que UX vai salvar o mundo, ou agem como se fosse o departamento mais importante — também entram nesta lista.

Por último, cuidado com os discursos de herói. Já que existem muitos designers que saíram do nada e chegaram em algum lugar — eu mesmo sou um deles, mas isto não faz de mim melhor que você. Sou cheio de falhas, e você não precisa ser igual a mim, e muitos chegaram muito mais longe que eu.

Então, se inspire em histórias, em pessoas, mas saiba que todos temos falhas e dificuldades, e nada vem fácil para ninguém.

Conheça um pouco mais sobre minha trajetória como Designer nesse artigo.

🚩 2. Crítico e melhor

Isto é relacionado ao ponto acima, mas fique atento a profissionais que tratam outros — seja quem for — com desdém.

Age como o Dwight? Vish…

Profissionais que criticam negativamente outras disciplinas — como programação, gerenciamento, ou até mesmo outras áreas do design — precisam ser observados com extrema cautela, pois UX — para não dizer Design em geral — não é uma profissão que se faz sozinho.

E se isto se estende a ataques ou críticas diretas a outra pessoa ou alguém específico, demorou para você dar o unfollow!

Então, digo isto com propriedade: nenhum profissional decente com quem já trabalhei em meus 14 anos de experiência age desta forma. Os poucos com quem tive contato e que têm esta postura o fazem para esconder sua própria mediocridade — técnica e psicológica.

🚩 3. Membro da “elite”

Se seu/sua designer favorito te fez acreditar que existe um grupo seleto de que ele(a) faz parte, sinto informar, isto não existe.

Já vi gente usando até mesmo o meu nome — o meu, não sou ninguém! 😭- para enfatizar que fazia parte do meu círculo, como se isto significasse algo.

Designers que curtem Twin Peaks merecem respeito 😆

Eu já me aproximei de designers mais “proeminentes” e que sempre admirei à distância, e sempre fui respondido de forma totalmente profissional e amigável (excluindo poucas exceções). Assim, não existe um clã onde fazemos parte, em que só entra quem tem um nível X ou Y.

Sinceridade: todos acordamos com mal hálito, vamos ao banheiro, precisamos tomar banho e lavar nossas roupas. Somos seres humanos, e não existe alguém especial aqui. Quer falar comigo? Meus contatos estão aí para todo mundo.

Porém, mesmo alguém acessível pode se fazer parecer especial. Portanto, observe e tenha cuidado, pois a única diferença entre eu, você e qualquer outro é o momento da caminhada.

Conheça 5 desafios de migrar para UX Design e como superá-los.

🚩 4. Espertão e cheio dos truques

Um dos donos de uma empresa onde trabalhei recentemente, uma pessoa muito influente na área esportiva em âmbito mundial, me disse certa vez:

…no fim, só importam duas coisas: finanças e pessoas.

No contexto que estávamos conversando, ele quis dizer que empresários no nível dele (dos 7 dígitos!) estão sempre trabalhando para usar bem os recursos financeiros nas empresas e cultivando relacionamentos duradouros.

Fique muito alerta, mas muito mesmo, caso você se depare com dicas sobre:

  • Fake until you make it — não! Evolua, devagar e com paciência;
  • Fazer mal feito para não acumular outras funções;
  • Inflar perfis, mentiras em geral…

Então, se algo cheira mal, provavelmente está podre. Portanto, lembre-se que não existe técnica, portfolio ou conhecimento que limpe sua imagem caso não reconheçam em você um bom caráter.

Dessa forma, se algum designer ensina “truques” anti-éticos para você se dar bem, corre que é cilada!

Se te pegarem, vai dar rolo? Não faça!

Para concluir…

Observe que praticamente tudo o que citei nasce do orgulho, ou de necessidades pessoais de se sentir importante ou melhor que outras pessoas.

A palavra chave para você chegar muito longe na sua carreira é: humildade.

Você não precisa ler todos artigos que aparecem em suas timelines; você não precisa assistir todos os stories para ficar por dentro do que acontece; você não precisa escrever artigos; você não precisa ter seu próprio curso.

Pois, nada disto significa que você vai se tornar um profissional melhor ou mais respeitado. Já que essas são apenas ferramentas, que podem te auxiliar ou não de acordo com a forma que você as utiliza.

Portanto, o que você precisa é ter humildade para:

  1. Saber onde se quer chegar;
  2. Reconhecer onde você se encontra;
  3. Traçar uma estratégia para se chegar até lá.

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Jon Vieira
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