Como Consegui 2 Vistos Internacionais com UX Design — Jon Vieira

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13 min readFeb 3, 2020

Conheça a trajetória de Jon, como ele iniciou em UX Design, conseguiu 2 vistos Internacionais e hoje atua como Lead Product Designer em Londres. Esperamos que essa história possa fazer você ver que é possível atuar internacionalmente como Designer, trazer alguns insights e te inspirar a migrar para UX.

UX Designer

Costumam perguntar pra mim, com frequência:

  • Jon, como você conseguiu trabalhar com Design fora do Brasil para grandes empresas?
  • Como conseguiu 2 vistos de trabalho em 2 países diferentes?
  • Como é atuar como Designer fora do país?

E além dessas perguntas sempre aparece uma outra principal:

Eu também comecei como você! E também já me questionei muitas vezes por onde começar e nem sempre tive mentores pra me ajudar.

Por isso, vou compartilhar aqui um pouco da minha trajetória, como encontrei o UX Design, consegui 2 vistos Internacionais e me mudei para o Reino Unido.

Quem sou EU e o que Faço Hoje

Hoje sou Product Designer (UI, UX e Motion), Master Certificado em UX (UXMC) com especialização em Interaction e Mobile Design pelo Nielsen Norman Group. Já realizei projetos para diversos países como Canadá, EUA, Rússia e UK. Além disso, consultor e Lead Product Designer em Londres, em empresas como Pivotal Labs, McKinsey, além de diversas startups.

Espero que minha história possa te ajudar e trazer alguns insights de oportunidades que você nem sabia que existia. Além de te inspirar a migrar para UX Design. Já que é uma área extremamente recompensadora e que está bombando de oportunidades seja no mercado nacional como internacional.

Assim, já adianto pra você que ao contrario do que muitos dizem:

É possível, sim, atuar no mercado internacional como UX Designer!

Vem comigo durante esse artigo (que está um pouco longo 😬, mas vai valer a pena) que vou te contar como eu fiz isso e como você também pode!

Um Sonho de Infância

Sonho de Infância

Morar fora do Brasil é o sonho de muitas pessoas, e sempre foi o meu também.

Esse sonho pra mim começou na infância. Eu ficava olhando as fotos de alguns clientes do meu pai — que é fotógrafo — das viagens que eles faziam para o exterior e me encantava!

Além disso, quando eu estava na escola, tinha uma professora de inglês que trazia uns vídeos do Canadá, e aquilo me fascinava! Tanto que o Canadá foi meu primeiro alvo, quando decidi morar fora do país.

Porém, a minha família, como de muitos, é simples e não tinha condições financeiras para me ajudar a realizar este sonho.

Além do Canadá, eu também tinha algum interesse na Europa, por toda a história e fatores culturais. Porém, a Europa também não era uma opção fácil para mim. Pois, existia outro problema, que em geral é o grande empecilho para quem quer ir para a Europa:

  • Eu não tinha passaporte Europeu!

Talvez, você esteja lendo e se perguntando: mas então, como foi que ele conseguiu 2 vistos internacionais e atuar como UX Designer no exterior?

Bom, vamos ao início desta jornada… confere aqui:

A Curiosidade: O Início de Tudo

Curiosidade em Informática

Na infância, além do fascínio que eu tinha por outros países, havia também uma curiosidade por computação.

Por volta de 1994, meu eu tio comprou um computador HP i486 com 4MB de RAM e HD de 128 MB. E eu achei um máximo… rodava até o Windows 3.11! Fiquei fascinado.

E foi então, que eu coloquei na cabeça que queria criar aqueles programas: de processamento de texto, edição de imagens. Assim, me coloquei pesquisando — sem internet! — como eu poderia gerar um arquivo executável para computador.

E é claro que com 10 anos eu não sabia como fazer um programa. Mas mexia aqui, fuçava ali… tanto que eu cheguei a apagar o que não devia, e a até queimar peças desse computador. O que não deixou meu pai nada feliz na época. Você tem ideia de quanto custava um HD novo?

Iniciando em Programação

Porém, apesar dos prejuízos que causava com essa minha curiosidade, meu pai percebeu a aptidão que eu tinha pra esta área. E acabou me matriculando em um curso básico de computação em 1996.

Nesta pequena escola, davam também cursos de programação (Delphi, R.I.P. ☠). Foi ai que tive meu primeiro contato com um compilador e com o 3D Studio Max. Sim, veja que mistureba. Mas isso foi muito bom para que hoje eu pudesse trabalhar de forma generalista como faço.

Meu professor também viu potencial no meu interesse e curiosidade. Então, ele convenceu meu pai a me colocar neste curso de programação. Foi quando coloquei a mão em código pela primeira vez. Porém, a escola veio a fechar alguns meses depois e eu não tinha aprendido muito coisa ainda.

Entretanto, isto não me impediu de continuar minha “obsessão”. No natal de 1997, pedi para minha mãe o livro “Dominando o Delphi 3”, do Marco Cantù (que tinha algo perto de 600 páginas), que a deixou toda surpresa. Afinal, que moleque de 12 anos prefere um livro do que brinquedos? Tudo bem que se a gente tivesse dinheiro é claro que eu iria querer os 2!

Eu devorei esse livro.

Não estou falando que vc precisa saber programar, como eu, para se tornar um UX/Designer. Dá uma olhadinha nesse artigo que eu falo sobre programação e UX Design

Aproximando Curiosidades e Aprendizados

Curiosidades e Aprendizados em UX Design

Até que chegou a adolescência, ainda neste espírito “auto-didata”, me desenvolvi na música e este se tornou o meu novo sonho: ser roqueiro 🤦‍♂️🎸… Não muito relevante para este artigo, mas eu sonhava grande. Também foi quando me interessei de fato por idiomas e a aprender inglês sozinho. E isto sim foi muito importante para meu futuro.

No colegial, eu pensei em fazer muitas coisas da minha vida: ser músico, voltar para a área de programação (que não me interessava tanto mais), trabalhar com 3D (que era algo que eu ainda fuçava). Enfim, estava sem foco nenhum! Quem nunca?

Ao mesmo tempo, era por volta do ano 2000, e nesta época eu já tinha contato com equipamentos melhores e com a Internet (e a revolucionária banda-larga, com 256mbps). Meu pai — fotógrafo, lembra? — se modernizou e passou a usar softwares como o Adobe Photoshop, o Premiere e o After Effects. E é natural que eu, diante do que contei e do privilégio de ter nascido numa geração de transição tecnológica, era quem dominava as tecnologias e ensinava para eles.

Assim, passaram-se os anos do colegial, e apesar de trabalhar com meu pai, tudo o que eu queria fazer era tocar. Mas chegou, enfim, a hora da verdade: vestibular e faculdade!

Bem, como já falei, eu não tinha um foco definido, mas sabia que ser músico não era uma opção naquele momento. Meus pais me matariam! Então, resolvi no último milésimo do 2º tempo (ali no ato de me inscrever para o vestibular de uma faculdade particular da cidade), o curso de Marketing.

Qualquer um Pode Ser um UX Designer? Saiba se você essa profissão é para você!

Iniciando uma Carreira em Design

Design

Foi na faculdade onde todas as coisas começaram, lá no fundinho, a fazer um pouco de sentido.

Eu ouvi falar, por um amigo da época, de um tal de Flash — uma ferramenta que unia animação, ilustração e código — que era a tecnologia do momento no início para meio dos anos 2000. Ao mesmo tempo, eu também tinha lá minhas habilidades com Photoshop, conhecimentos de edição de vídeo. Então, comecei a misturar tudo isto.

Aquela curiosidade lá da infância por programação, meu contato com ferramentas visuais na web, junto com o que estava aprendendo na faculdade foram super importantes. Assim, comecei a fazer pequenos jobs para meus amigos de faculdade.

Eventualmente, eu estava dominando o Flash e fazia animações para grupos de alunos. E de repente para a faculdade também. Além disso, fui convidado a trabalhar com professores, e eles mesmos me indicavam para outros alunos!

Aí, de repente, eu já estava fazendo freelas como Web Designer. Terminologia muito usada nos anos 2000.

Um Profissional Faz Tudo…

No final, estava envolvido com design gráfico, direção de arte, motion design, web design, código front-end: HTML, CSS, Javascript, back-end: PHP, ASP, Python e Flash: ActionScript2, depois o 3, até o Flash morrer ⚰️…

O importante é que, nessa época, os profissionais de design não viviam dentro desta divisão que a gente vive hoje — programação, design, conteúdo, marketing de estratégia, etc. Dessa forma, a gente ia adquirindo conhecimento na medida em que os programas e fenômenos surgiam na rede… e se a gente parar pra pensar:

UX Design é tudo isso, um combinado de tudo o que é possível para que a experiência seja agradável.

O tempo passou, e eu me via, então, como um profissional freelancer. Atuei em umas agências locais, até que fiz um freelance como Diretor de Arte da Etco Ogilvy (do grupo Ogilvy Brasil), também por convite de um professor da faculdade.

A coisa foi tomando proporções um pouco maiores, conheci pessoas e fiz parcerias (boas e ruins), até que montei minha primeira empresa, em 2006. Minha própria agência de Design. Essa agência durou 6 anos, e realizei vários projetos. Como: sites, alguns games, e cheguei a ter um time de 10 pessoas.

Entretanto, no final não deu certo. Cometemos vários erros na gestão de negócios e em 2012 fechamos as portas.

A gente sempre fica um pouco chateado em investir em um negócio e ele não dar certo. Mas eu não imaginava que fechar minha agência seria um passo inicial realizar o meu sonho de infância de morar fora do Brasil!

Como Conseguir Minha Primeira Oportunidade em UX Design. Veja Dicas Essenciais!

As Primeiras Oportunidades para Morar Fora

Oportunidades Internacionais em UX

Poucos meses antes de eu fechar minha agência eu recebi uma mensagem. Era um empresário dos Estados Unidos que me mandou um email e perguntou, primeiramente, se eu falava inglês e propôs alguns trabalhos freelancers.

Acontece que, no fim, trabalhamos por um longo período juntos. Inclusive, me desvinculei totalmente dele apenas em 2019! Fiz isto para afunilar meu foco em coisas que me interessam mais. Falo da importância disto logo mais no texto.

Essa foi minha primeira oportunidade de morar fora do país. Cheguei a tentar ir para os Estados Unidos por esta empresa, passei uns meses por lá. Mas no final não me identifiquei muito com a cultura do país e deixei isto de lado.

Esta empresa dos EUA tinha um mercado focado em desenvolvimento de sites, e meu foco estava muito forte no desenvolvimento destes produtos. E como eu era o braço direito do dono, eu ainda fazia de tudo: design, front-end, back-end, infra-estrutura, e por aí vai…

Porém, no fim de 2015 eu sentia falta de algo que eu experimentei durante minha jornada inicial, algo que eu encontrei quando trabalhei com Design. Este meu “lado Designer”, de criar, até mesmo uma veia artística (lembra do roqueiro 🤦‍♂️?), sempre falou mais alto. Então, resolvi focar nisso, o que requeria deixar todo o resto de lado.

Me dei conta, novamente, de que o que eu precisava era foco! Pois, nessa época eu fazia de tudo, como falei logo acima. E comecei a ver que:

Fazendo tudo eu acabaria nunca chegando onde eu gostaria

Que era poder atuar como Designer a nível internacional.

Quer ser um Designer Internacional? Descubra o que pode fazer a diferença na sua carreira!

Encontrando Meu Foco

Foco em Design

Bem, a primeira coisa que fiz para alcançar meu objetivo de atuar como UX Designer foi criar um portfolio focado 100% em Design. Nesta época todos já usavam termos como UX e UI, mesmo não sabendo muito do que se tratava (alguém já sabe?).

Então, juntei o que eu tinha de melhor, e montei. Dei o primeiro passo, fiz a primeira versão.

Ah, e claro: tudo em inglês! Afinal, não tem sentido você querer uma carreira internacional e não ter seu portfolio — sua vitrine — em inglês.

Ainda em 2015, conheci meu amigo Felipe Guimarães, que naquela época, havia iniciado uma startup que ajudava as pessoas a irem para Canadá. Foi então, que ele me deu a dica de afunilar ainda mais o foco de meu portfolio e LinkedIn, e retirar coisas que não faziam sentido para mim.

Assim, por causa desse portfólio específico começaram a surgir algumas oportunidades focadas em Design. Recebi uma mensagem via LinkedIn e fui contratado por uma agência de NYC, remotamente. Cheguei a fazer vários projetos para empresas importantes no mercado de alimentação, como McDonald’s e Eataly, e no mercado de luxo e fashion, como a Tom Ford e Omega Whatches.

Foi aí, então, que passei a focar somente em Design e começar a construir um portfólio com cases reais de UX Design.

Entretanto, eu ainda trabalhava com um misto de Direção de Arte Digital e UX/UI. Então, resolvi, em poucos meses, focar ainda mais. Onde haviam gaps no meu portfolio, criei diversos projetos fantasma, focados em produtos digitais mesmo — apps, sistemas, etc.

“Quando encontrei meu foco, passei a me esforçar mais e a carreira em UX Design começou a acontecer.”

Então, se você você acha que não ter projetos reais é uma desculpa para não montar seu portfólio focado em UX Design, confira esse artigo: Usando o Redesign para Compor seu Portfólio em UX Design

Canadá + Reino Unido

UK

Nesta época, conheci um programa do governo canadense chamado Self Employed Persons. Então, eu fui ler todas as exigências para esse visto e por causa do meus trabalhos internacionais com Design, somados à importância que a área já estava ganhando no mercado, parecia fazer sentido eu poderia aplicar!

Conversei com um consultor de imigração especializado neste visto, e ele foi veemente em dizer que eu deveria aplicar mesmo.

Foi o que eu fiz! Depois de diversas noites em claro, levantar uma pancada de documentos e uma boa grana gasta com traduções, mandei minha aplicação.

Porém, o que eu não sabia era que o processo iria demorar tanto! Se passou mais de um ano e eu não recebia nenhum update sobre o visto. Nadica se quer… e isso foi me causando angústia, pois eu queria planejar meu futuro.

Neste tempo de espera, que parecia infinito, comecei a pensar em um plano B. Através do AngelList, fiz contato com um empreendedor de Cambridge, no Reino Unido, que estava apostando em um projeto, e ele me convidou para ser um dos partners.

Foi assim então, que comecei a ver uma possibilidade de mudar para o Reino Unido. Coisa que nunca havia me passado pela mente, já que a gente sempre ouve falar que o visto para a Europa, ou ainda mais para Londres, é algo quase que impossível.

Visitei Londres alguns meses depois, e me apaixonei. Tudo o que eu imaginei sobre a cultura da Europa, a arquitetura, história… era tudo real!

“Conhecer o país antes, também é importante pra saber se você se identifica com ele.”.

Depois disto, não tive dúvidas: queria morar no Reino Unido e migrar minha carreira de UX Designer pra lá!

2 Vistos Internacionais por causa do UX Design

O projeto dessa empresa de Cambridge não deu certo, mas eu já estava determinado a viver em Londres.

Por isso, continuei aplicando para diversas empresas, até que fui convidado a participar de um processo seletivo para uma startup, agora em Londres. Inicialmente, a vaga era remota, mas eles tinham interesse de realocar caso o trabalho rolasse bem.

Bom, tudo rolou muito bem nesse trabalho e a empresa me convidou a mudar para Londres e fazer meu visto de trabalho!

Porém, eu tinha uma pequena pulga atrás da orelha: vir para a Europa com um visto de trabalho era uma alternativa, uma ótima alternativa, aliás. Mas, teria alguma forma de eu vir sem precisar de ficar vinculado a um emprego específico?

Visto de Talento Excepcional

Pesquisei, muito. Até que me deparei com um visto chamado “Talento Excepcional”. Lendo a descrição, a começar do título, pensei que seria algo muito impossível, afinal dizem que estão procurando talentos de renome, de alcance mundial, com um background muito incrível.

Porém mesmo assim, fiz alguns contatos e procurei saber mais. Encontrei uma empresária que já havia migrado, e ela disse que meu perfil se encaixava no visto, e me encorajou a ir fundo. Pois meus projetos com grandes marcas internacionais e o contato que eu já tinha com empresas de tecnologia de ponta (como Inteligência Artificial e Data Science) eram atrativos muito grandes.

Assim, consegui me encaixar em um visto de Talento Excepcional, por causa de meu trabalho em UX Design.

Engraçado é que, ao mesmo tempo, recebi resposta positiva do Canadá! 😱

De repente, eu estava, simultaneamente, com um visto que me permitia trabalhar em qualquer empresa do Reino Unido. Além de um visto de residente permanente no Canadá! (um passo anterior à cidadania, apenas).

Você Também Pode Migrar para UX Design!

Meu caminho para chegar até o Reino Unido e viver de UX Design não foi simples. Como vocês puderam ver nesse longo artigo, isso porque resumi muita coisa ainda. Além disso, precisou de muita determinação, dedicação, longas horas de estudo e trabalho.

Porém, morar em outro país trabalhando como UX Design não é só uma realidade minha, mas também de vários outros alunos da Aela!

  • Daniel Hildebrandt: mora no Canadá e atua como Product Designer na BMO;
  • Israel Mesquita: foi contratado como UX/UI Designer em uma empresa de Portugal. E hoje atua em Viena na MySugr;
  • Inis Leahy: mora em Dublin e atua como UX Designer na Udemy;
  • Rodrigo Medeiros: mudou para Portugal e atua como Product Designer na OutSystems;

Se este é o seu desejo, saiba que você também pode viver em outro país e migrar a sua carreira de UX Design.

Não é impossível. Foco é a palavra-chave!

Saiba os 5 Desafios de Migrar para UX e como superá-los

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