Victor Maia — Elemento

Luciano Billotta
Agência O!
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8 min readSep 14, 2017

E vamos que vamos que tem muito empreendedor porreta aqui no estado do Espírito Santo. E hoje a entrevista é com Victor Maia, um dos fundadores da Elemento, uma agência de comunicação e design.

O Victor é grande fã do Gary Vaynerchuck, empreendedor dos Estados Unidos que possui diversos negócios e que inspira muitas pessoas com seus vídeos e mensagens. Dessa inspiração, é possível ver que o Victor se tornou um “Hustler” ou, em outras palavras, um cara determinado que trabalha duro e não mede esforços para alcançar os objetivos.

Logo da Elemento.

Vamos à entrevista com o empreendedor:

Nome da empresa? Ano de fundação?

No papel é Elemento Comunicação & Design, já foi conhecida como Agência Elemento, mas ultimamente chamamos carinhosamente apenas de Elemento. Nasceu em 2013, depois de muito amadurecer a ideia na cabeça. Hoje estamos com uma equipe de cinco pessoas.

O que ela faz? Como funciona o modelo de negócio?

Somos uma empresa especializada em comunicação para o hoje, sabemos como comunicar para o mercado. Estamos numa fase de amadurecimento de modelo de negócios, o que estamos rodando hoje tem aproximadamente 1 ano e meio.

Temos o lado de atendimento ao cliente que mistura consultoria e agência, basicamente somos um setor de marketing especialista em construção de marca em mídias modernas usando o storytelling e o conteúdo.

Além disso temos um laboratório interno que trabalha desenvolvendo e validando algumas ideias malucas que surgem em nossas reuniões, hoje temos dois produtos: a Persona e a Allcateia (ainda em desenvolvimento).

Que problema ela resolve? O que a torna especial?

O problema que resolvemos é simples: colocamos as marcas para se comunicar com os donos do dinheiro atualmente. É preciso entender que o mercado mudou, hoje, nós Millennials que mandamos no mercado, ditamos tendências e somos a maior parte da PEA mundial. Por quê então as marcas continuam se comunicando como 1980? Gostamos dessa provocação, quebrar o status quo e construir um legado.

Para nós o grande impacto que podemos causar é criando um legado, principalmente no mercado local. Afinal de contas, pensando no mercado do ES, eu sou um Zé Ninguém que nasceu no Bootstrap e eu quero que as pessoas entendam que o que as separa da felicidade é apenas gostar da jornada e não do destino.

Foto de 2016 com Marcus Vinicius, Mathijs Lammers (estagiário vindo do programa AIESEC) e Victor Maia.

Possui Sócios? Quem são?

Até o ano passado era eu e minha mãe tinha 1%, apenas para a empresa existir. Mas desde de 2016 tenho um sócio com 30% da empresa. Ele já era parceiro comercial da empresa e se encantou com o projeto.

O fundador sou eu, Victor Maia Mignone, quase 30 anos, bacharel em Desenho Industrial — Programação Visual pela Ufes, Associado 1 do Instituto Líderes do Amanhã e atualmente cursando MBA em Marketing pela MMurad/FGV. Atuei por quase 7 anos em agências de publicidade e escritórios de design, antes de abrir a empresa fiquei quase 1 ano como Diretor de Arte Junior na R/Com Propaganda. Lá tive um chefe que tinha muita bagagem e estive cercado de ótimos colegas, aprendi muito. Foi lá que a chave girou e entendi que gostaria de ser um homem de negócios.

Meu sócio é o Marcus Vinicius Sulti, 27 anos, bacharel em Publicidade e Propaganda pela Estácio de Sá. Ele sempre atuou em setor de Marketing de empresas, passou pela Rede Gazeta e após uma crise e um certo desânimo, abandonou o setor e foi trabalhar na indústria. Teve experiência na Technip, mas não se sentia completo. Resolveu voltar ao setor atuando na Elemento, daí o resto é história.

Como o negócio surgiu?

O negócio surgiu da minha ânsia de querer mudar a forma como setor de comunicação estava se portando e vendo a tendência do mundo. Em 2012 quando comecei a formatar tudo, o mundo ainda era bem “virgem” nessas coisas de redes sociais, startups, etc…

A bolha ainda estava por surgir, mas usando o Twitter consegui contato com pessoas relevantes. Tinha conversado com o Eric Ries quando ele estava escrevendo The Lean Startup, com o Pedro Sorrentino, quando se mudou para Boulder e foi estudar na Boulder Digital Works. Consegui ver que o que tínhamos no mercado era limitado e o pior de tudo, retrógrado.

Tomei a decisão de me lançar em 2013. Em Novembro de 2012 pedi demissão e em Julho de 2013 colei grau, em Agosto a empresa foi formalizada. Totalmente no bootstrap, o único dinheiro que investi foi do iPhone, do Macbook e dos Softwares da Adobe.

Nunca foi fácil, cheguei a ter pro-labore em 2014, mas em 2015 demos alguns passos para trás devido à crise e uma certa incapacidade pessoal de gerenciar os problemas nessa época. Então em 2016 começou a reestruturação para o que temos hoje, mas a chave girou mesmo quando coloquei no ar uma página com nosso DNA.

Em que estágio o negócio se encontra atualmente?

Estamos numa fase de crescimento e expansão, porém considero ainda early stage. O dinheiro é ainda uma grande barreira para expansão, poder contratar, poder investir em anúncios de forma eficaz, etc. O bom é que através dessa barreira conseguimos validar o quanto o orgânico tem valor e pode dar certo, desde que se tenha paciência, coisa que hoje em dia é raro.

Como funciona a gestão?

Ano passado abandonei a área operacional por completo, até escrevi sobre isso num artigo no medium e assumi de fato como CEO, ou como chamam aqui no Brasil, Diretor Executivo. Entendi que sou o melhor da minha equipe em vendas, então passei a alocar melhor minhas qualidades e me debruçar sobre elas.

Meu sócio é muito organizado e acabou assumindo as Operações por isso. O back office que ele gerencia é o que me garante poder ir ao mercado, prospectar e construir novas estratégias e produtos.

Nossa visão é muito acelerada e enxuta, então tentamos trazer a aplicação de gestão das startups para o mercado da economia real.

Como montou a equipe?

É algo engraçado de refletir sobre isso. Primeiro selecionei nossa estagiária de design, queria um perfil específico, e resolvi pegar um estudante para treinar com nossa metodologia e passar meus conhecimentos. Acabei utilizando um técnica que vi no livro Como O Google Funciona e mantenho uma planilha com as pessoas que encontro e converso, gerenciando seus aspectos para fazerem parte da equipe.

Em Fevereiro adicionamos o Diretor de Arte, por indicação de um amigo quase sócio que vive em São Paulo e é redator de uma grande agência de lá. Os demais sempre vêm pelo ciclo de contatos e de quem conheço no mercado. Fora isso gosto de pessoas cruas para treinar. Formar é melhor que encontrar alguém formado!

Quais os principais desafios quando começou?

Os principais desafios continuam sendo os mesmos de empreendedores dos séculos XIX e XX, conectar-se com pessoas boas e interessadas. O dinheiro é consequência de boas ações, então esse desafio sempre será possível de vencer, basta abraçar as vendas!

Quais as principais críticas que recebeu ao montar o negócio?

Se eu for olhar bem, sou filho de uma médica/professora universitária de federal e de um ex-engenheiro da vale (na época da fundação). Logo, ser empreendedor é quebrar totalmente o status quo familiar.

Minha primeira crítica foi ao meu curso superior, deveria ter feito Direito que dá mais oportunidades. Mas sempre senti que não nasci para ser concursado ou alguém que trabalhasse num mercado desses.

Quando fui empreender, cansei de ouvir que deveria fazer concurso, que era talentoso e jovem, que deveria pensar na estabilidade do futuro. Mas tá aí uma coisa: estabilidade não existe, e por que o talentoso tem que desperdiçar seu talento com uma iniciativa estatal?

Enfim…segui minha cabeça e coração.

O Victor recebeu uma mensagem e um poster autografado de seu grande ídolo, Gary Vaynerchuck.

Quais obstáculos enfrenta na empresa atualmente?

Hoje temos um problema com equipe, precisamos crescer, mas a verba é enxuta. Então tento exercer o melhor da minha liderança para conseguir que todos atuem em alta performance e entreguem as coisas sempre em dia.

Prefiro velocidade à qualidade, pois como diz o Gary, o que é bom para você não é necessariamente para mim.

Gostaria de compartilhar algum aprendizado ou algum fracasso que teve?

Em 2015 quase quebrei, fui trabalhar no varejo e aprendi muito, muito mesmo. Após isso, revolucionei minha empresa. Descrevi essa etapa da minha vida nesse texto, fora isso, aprendi a não criar expectativas e também a não ser subestimado. Saber lidar com esses sentimentos é essencial para um empreendedor, até escrevi um manifesto sobre o assunto, O Underdog Manifesto.

O que você faria de novo se pudesse voltar no tempo?

Não mudaria uma vírgula.

Comente os principais erros em formato de lições que gostaria de dar para você no passado?

  1. O sócio é obrigado a vender, só o dono vende com brilho nos olhos;
  2. Tenha um propósito bem claro e regras não-negociáveis, enquanto não me dediquei a esse pedaço da gestão era igual barco sem direção;
  3. Não pense no dinheiro como causa, ele é e sempre será consequência. Quem muito busca dinheiro, pouco alcança!

Quais as perspectivas de futuro sobre o negócio?

Em 1 ano vejo a Elemento já com uma excelente participação no ES, penso em buscar um investimento-anjo ou Series A para alavancar, mas não tenho nada certo ainda; principalmente porque quero provar minha capacidade de hustling e construir um negócio sem investimentos. Mas isso é uma vontade pessoal.

Em até 3 anos quero conseguir atender clientes de fora do estado. Apesar de já ter realizado isso, de fora do estado e do país, não conseguimos manter e nem ter braços para entregar em nosso nível de exigência ou disseminação da cultura.

Em 7 anos penso em estabelecer um escritório fora do Brasil, se tudo correr bem.

O que o levou a empreender no ES?

Oportunidades + Falta de Gente + Vontade de quebrar Status Quo

Poderia deixar um recado para outros empreendedores?

Keep on hustling!

Fica a vontade de que os planos do Victor se realizem e, assim como o seu ídolo, ele também se torne um inspirador de novos empreendedores aqui no ES. Obrigado Victor, pela conversa.

Saiba mais sobre o Projeto Ecossistema Empreendedor Capixaba. Caso tenha interesse em participar e ser um entrevistado pelo projeto, envie um e-mail para: falecom@agomkt.com.br.

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Luciano Billotta
Agência O!

Fundador Jonnpo Tecnologia e Usina dos Kits. Engenheiro de Computação, Mestre em Engenharia Elétrica. MBA em Gestão Empresarial. Consultor de Inovação/Startups