CX no Brasil: Uma História em Ascensão

Customer Experience ganha mercado, segundo o Google Trends

Miguel Dorneles
Ampulheta
3 min readSep 30, 2018

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Vivemos um momento muito peculiar no Brasil em 2018 que me lembra bastante o início da onda da social media no final da década passada. Com a necessidade amadurecida da transformação digital e a consolidação de outras ondas disruptivas, como search, social e mobile, é como se finalmente estivéssemos prontos para passar a um outro nível de discussões e experimentações com aquilo que simplesmente une todos esses pontos e define o sucesso e futuro das nossas empresas: o customer experience ou, para os íntimos, apenas CX.

Não confundir com a função de Customer Success ou atendimento ao cliente. Estamos falando de uma disciplina que permeia todos os pontos da relação entre uma empresa e um cliente, atual ou potencial. Essa relação, cada vez mais ligada a diferentes dimensões de experiência — como emoção, racionalidade, sentidos, mundo físico e espiritual — já tem sido a base da construção de grandes produtos e marcas ao longo de várias décadas, mas apenas nos últimos anos ganhou o palco principal dos grandes congressos, seus próprios congressos e evangelizadores dentro das empresas, sejam elas grandes corporações ou startups.

Com a consolidação dos dispositivos móveis na última década, sobretudo os smartphones, consultorias ao redor do mundo tem buscado a próxima onda digital para darmos o início oficial a uma nova era. Um dos palpites mais bem aceitos é o da inteligência artificial (AI) e suas infinitas aplicações. Outra possibilidade relacionada é a evolução da nossa forma de comunicação com a tecnologia em si, através da voz. No entanto, basta passar apenas alguns slides ou páginas desses estudos e entendemos que, independentemente de voice, AI, VR, robótica ou IoT, na verdade, estamos falando de uma única tendência: a evolução exponencial de CX na construção de produtos e soluções.

CX Está Virando Um Mercado no Brasil

No Brasil, o que vemos é uma tendência, ainda que tímida, de crescimento em buscas pelo termo "customer experience". Para colocá-lo em perspectiva, fui em busca de um outro tópico de relevância no universo das empresas que praticamente definiu uma nova disciplina nos anos recentes. O termo "máquina de vendas", tão badalado nos últimos anos, já passou a sua fase de boom e está voltando este ano aos seus patamares de 2014, tendo pela primeira vez em todo esse tempo colado nas buscas relacionadas a CX.

Últimos 5 anos: Customer Experience x Máquina de Vendas (Fonte: Google Trends)

Quando olhamos a evolução das buscas pelos dois termos no último ano, vemos que "customer experience" chegou a superar as buscas por "maquina de vendas" em semanas específicas de Agosto de 2018. Seria um sinal de que já podemos tratar isso como um mercado à parte no Brasil? Esta comparação certamente indica alguma relevância.

Últimos 12 meses: Customer Experience x Máquina de Vendas (Fonte: Google Trends)

Correlação Entre CX e Growth

Um outro insight que podemos tirar do Google Trends é a justaposição entre CX e outra disciplina emergente, o growth hacking. Em uma análise de 5 anos, chega a impressionar a correlação entre os dois termos no país, especialmente no crescimento do volume dessas buscas de 2017 para cá.

Últimos 5 anos: Customer Experience x Growth Hacking (Fonte: Google Trends)

Um olhar mais profundo nos relatórios permite entender que, em 2018, CX lidera com folga as buscas no estado de São Paulo e que "growth hacking" é puxado pelo Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Ainda é cedo para saber se esses indícios se traduzem na evolução da maturidade do nosso mercado, mas para nós que trabalhamos todos os dias com growth design, ver a ascensão de customer experience nas buscas do Brasil é, de fato, um colírio para os nossos olhos e motivo suficiente para sonhar com os próximos anos.

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