Flavia Zanchetta
Anakulus
Published in
3 min readMay 10, 2018

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Tomar distância para resolver problemas- parte 2

Na primeira parte deste texto conversei com você sobre a dificuldade na construção de um pensamento racional, algo que todos nós estamos sujeitos, e que embaça nossa visão dos objetivos que queremos alcançar na vida pessoal e profissional.

Agora vamos focar em formas de solucionar esse impasse.

Validação de hipóteses

Imagine que você está construindo uma casa: Realizou um planejamento e tinha o orçamento pronto. Começou a colocar empenho na obra, idealizou o resultado, mas, o projeto não está indo conforme você previa por diversas razões. Por exemplo, o piso que você queria está acima do orçamento. Mas você quer muito ele, então, resolve tirar do projeto uma parte da estrutura da casa. O problema é que sem essa estrutura a sustentação da casa fica comprometida, mas ao invés de você recomeçar, ajustar, realinhar, prefere fingir que que vai ficar tudo bem.

Por quanto tempo essa casa vai se sustentar? Você vai pedir para alguém ficar segurando a estrutura? Não vai deixar ninguém encostar na parede para que nada desmorone?

Esse relato é de uma situação bem absurda, mas tente colocar no seu dia a dia. Tenho certeza que irá achar alguma semelhança. Como comentei no texto anterior, (lá no parágrafo sobre Miopia de Marketing) esta é a hora em que se finge não ver o que está diante dos olhos. É neste momento que se tenta jogar o problema para baixo do tapete.

Cito novamente “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, onde Carl Sagan comenta que “a questão não é se gostamos da conclusão que emerge de uma cadeia de raciocínio, mas se a conclusão deriva da premissa e se essa é verdadeira”.

No livro o autor conta que mesmos os cientistas estão sujeitos a se auto enganarem. E que para ajudar existe um kit de pensamento cético. Particularmente gosto dessa abordagem para o trabalho de métricas e vou listar os meus três preferidos:

- Considerar mais de uma hipótese

- Não ficar emocionalmente atado a hipótese que você gerou, só porque ser sua

- Quantificar. Se a hipótese é passível de medição, é melhor para discriminar outras possibilidades

Ou seja, antes de sair tirando a estrutura da casa, deve-se levantar hipóteses, testa-las e reconhecer qual é o melhor caminho. E o melhor não é necessariamente o que agrada mais você.

A verdade está lá fora

Além de considerar um processo para validar hipóteses, é necessário tomar cuidado com as mentiras que criamos quando estamos longes do pensamento racional.

Continuando a leitura do livro de Carl Sagan vemos alguns exemplos de armadilhas que tornam nossas análises contraditórias:

- Ad hominem- quando atacamos o argumentador e não o argumento

- Apelo a ignorância- é a afirmação de que qualquer coisa que não provou ser falsa é verdadeira. Por exemplo: Meu chefe não está sendo impactado pela campanha de mídia paga, logo a campanha não está sendo boa.

- Post hoc, ergo propter hoc- significa “ aconteceu após um fato, logo foi por ele causado”. É como dizer que o tráfego no site caiu por causa de um fator.

- Incoerência- na minha visão, seria quere encaixar um projeto em todos os KPI’s possíveis, até aqueles não dizem respeito e desvirtuam os resultados.

“O Mundo Assombrado pelos demônios” é uma obra para ser lida em diversos momentos da vida. As citações que fiz ao longo desses dois textos são fragmentos de uma obra bem maior, mas que contribuem para a argumento que eu quis montar.

Podemos nos enganar, intencionalmente ou não, independente de nossa experiência. Contudo, uma vez aprendida a lição você ganha uma responsabilidade com aquele conhecimento. O que vai fazer com ele, só você quem sabe.

Eis alguns exemplos para fechar meu pensamento nesse texto:

Achismo x Experiência

Mudar metas x Rever metas

Emoção x Razão

O trabalho na área de métricas (outros também, mas aqui tenho conhecimento para falar mais de mim) precisa de muito treino para que o profissional adquira experiência. É preciso fazer muito e errar muito. Parece óbvio tudo isso eu sei. Mas no dia a dia nos distanciamos de nossos focos, seja na vida profissional ou pessoal.

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