Por que ainda existem mais homens que mulheres nas organizações?

Confira o que a Aprix tem feito para ampliar cada vez mais a diversidade, a igualdade e a inclusão no espaço de trabalho

Vanessa Petuco
Aprix Journal

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Somam-se mais de 100 anos desde que as mulheres passaram a estar presentes no mercado de trabalho. A Revolução Industrial representou um marco nesta história, ao ser um dos primeiros momentos em que a mão de obra feminina foi incorporada de modo significativo. A Primeira e a Segunda Guerra Mundial potencializaram essa inserção, devido à lacuna de trabalhadores que precisaram deixar seus postos de trabalho para se integrar aos corpos militares dos conflitos. Desde então, as mulheres não só passaram a realizar as funções antes exercidas pelos homens, mas também foram ganhando seu próprio espaço dentro do mercado de trabalho.

No entanto, apesar de já ter passado mais de um século desde o início dessa história, a equidade de gênero tanto no mercado como no ambiente de trabalho ainda não é uma realidade. A pesquisa “Women in the Workplace 2020” (Mulheres no Local de Trabalho, em inglês), realizada pela empresa de consultoria McKinsey, corrobora. Os dados mostram que, em 2020, apenas 21% dos cargos de nível C — cargos de gestão mais altos em uma organização — foram ocupados por mulheres em empresas dos Estados Unidos. Tal realidade também foi apontada em um estudo realizado pela Female Founders, iniciativa que busca impulsionar o empreendedorismo feminino. Segundo a pesquisa, apenas 46,2% das empresas tradicionais são fundadas por mulheres. No caso das startups o número decai drasticamente, visto que apenas 4,7% têm mulheres como fundadoras.

Ao longo de suas carreiras, as mulheres enfrentam diversas barreiras sutis que aumentam a distância até os cargos de liderança e a sua permanência neles. Tais obstáculos são conhecidos como teto e chão de vidro. O primeiro se refere a uma série de fatores que interferem na velocidade com que uma mulher ascende na carreira, apesar de apresentar o nível de escolaridade e experiência profissional necessários. Estes fatores estão relacionados desde aos estereótipos de gênero e à baixa autoconfiança feminina até à cultura organizacional e à ausência de políticas empresariais de inclusão. O teto de vidro, então, está fortemente vinculado com a baixa participação feminina em cargos de liderança e com menores remunerações. O segundo conceito está relacionado com a dificuldade que uma mulher tem, mesmo após romper o teto de vidro, em se manter na posição conquistada. Tal dificuldade se deve a questões como uma maior exigência sobre o trabalho realizado por mulheres e à menor admissão aos seus erros, ainda que de forma inconsciente. Ambos obstáculos são potencializados quando se somam ao gênero outros marcadores sociais, tais como etnia e raça, orientação sexual, deficiências, idade, regionalidade, classe.

Neste contexto, torna-se cada vez mais importante refletir sobre os vieses inconscientes imbuídos nas organizações. Até mesmo por esta não ser somente uma questão de equidade, mas também de qualidade de trabalho. De acordo com a pesquisa “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, do IBGE, a única faixa etária em que os homens são a maioria com ensino superior é aquela acima dos 65 anos ou mais, do contrário, as mulheres se destacam em termos de formação escolar. Além de conferir qualidade de trabalho, a mão de obra feminina também amplia as perspectivas, o que favorece a eficiência organizacional e, até mesmo, o gerenciamento de risco.

Tendo consciência desta conjuntura, estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e outras instituições de ensino gaúchas criaram a Rede Spotlight. O projeto foi pensado para conectar mulheres por meio de suas experiências e conhecimentos com o objetivo de encontrar caminhos para ampliar o espaço feminino no mercado de trabalho e reduzir a distância até cargos de gestão. Questionada sobre como as empresas podem proporcionar um ambiente mais equânime, Isabella Rosolen, membro da Spotlight, acredita que o principal ponto é abrir espaço de escuta. “É importante que todos da empresa tenham essa conscientização, e ela pode se dar por meio de discussões sobre o machismo estrutural, o que são atitudes machistas e como podemos lutar contra essas atitudes”, explica. Estas discussões a Spotlight realiza por meio de monitorias e rodas de conversas com mulheres e, até mesmo, por parcerias com empresas. Dessa forma, o projeto trabalha para que a equidade de gênero não seja apenas uma iniciativa publicitária, mas uma mudança de fato na estrutura e cultura das organizações.

Justamente com o objetivo de tornar a Aprix uma empresa cada vez mais diversa, igualitária e inclusiva, ao longo dos meses de abril e maio a startup realizou uma parceria com a Spotlight. Ao todo foram três encontros, nos quais pudemos debater e compreender melhor a realidade das mulheres no mercado de trabalho, em específico na área de Tecnologias da Informação, bem como refletir sobre a experiência da própria equipe feminina na Aprix e nosso espaço de trabalho. Com base nesta parceria e nas reflexões que ela produziu, nossa equipe traçou algumas metas e estratégias, tais como: Incluir a participação de mulheres nos processos de seleção de vagas; Buscar convidados com maior representatividade para o Aprix Talks; Organizar políticas de indicação para mulheres da empresa; Implementar metas de contratação de pessoas de gêneros ou etnias sub-representadas. Desde então, nosso time tem trabalhado para colocar em prática tais estratégias e torná-las cada vez mais parte da nossa cultura.

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