Em meio à crise, cooperativismo cresce no estado

Guilbert Corrêa Trendt
Arquivo 11
Published in
3 min readOct 9, 2018

Reportagem de Andréia Ramires, Guibert Trendt, Liliane Franco e Maicon Parizotto.

Mesmo em meio à recessão econômica que fez os índices da economia brasileira e gaúcha se estagnarem nos últimos anos, há setores que tiveram crescimento nos resultados. Como é o caso do cooperativismo, um modelo econômico-social que gera e distribui riqueza de forma proporcional ao trabalho de cada associado.

O significado de Cooperativismo.

O cooperativismo gaúcho vem se destacando no cenário nacional e é considerado o estado pioneiro no setor, tendo seu início no fim do século 20 com a vinda de imigrantes alemães e italianos para o Rio Grande do Sul. Hoje, o estado tem 426 cooperativas distribuídas nos 13 ramos de atividades existentes, com destaque para o Agropecuário e Crédito.

Somente em 2017, as cooperativas gaúchas tiveram faturamento de 43 bilhões de reais, um aumento de 4,3% em relação a 2016, conforme o relatório Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2018. Ainda de acordo com o documento, são 2,8 milhões de associados a cooperativas aqui no estado.

Dados gerais sobre o Cooperativismo Gaúcho em 2017. Fonte: Relatório Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2018.

Para o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergílio Frederico Perius, os resultados positivos do cooperativismo se devem a quatro fatores: o aumento do número de associados, as não demissões em massa, a criação de 3,5 mil vagas de emprego e o aumento no pagamento de impostos, que giraram em torno de 2,2 bilhões de reais.

Vergílio Frederico Perius, presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS. Foto: Maicon Parizotto.

A professora e coordenadora do programa de pós-graduação da Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo (Escoop), Paola Londero, explica o crescimento do setor nos últimos anos. “Enquanto as demais empresas estão tendo redução no seu lucro, as cooperativas estão crescendo. Elas são resilientes à crise porque não visam o lucro. Elas se mantêm em uma condição mais enxuta do que a empresa privada”, afirma.

Entre os ramos que mais cresceram no último ano está o Agropecuário. As 128
cooperativas do setor têm 333,4 mil produtores associados e empregam diretamente 35,9 mil trabalhadores, como explica Londero. “Essas cooperativas normalmente têm de 80 a 100 anos, então elas já passaram por um amadurecimento, já migraram para uma gestão profissionalizada e aprenderam com os erros, por isso já possuem um processo amadurecido”, afirma a professora.

Um dos benefícios que as cooperativas trazem ao estado é o crescimento da região na qual ela está inserida. Para Cinara Neumann, professora de Desenvolvimento Regional da Escoop, a empresa gera recursos para os envolvidos que estão na região. “Esses recursos voltam para aquele local e são reinvestidos por lá”, explica. Ainda conforme Neumann, a cooperativa mantém uma identidade vinculada àquele espaço e por isso se preocupa com o desenvolvimento do lugar, tanto na questão econômica quanto nos aspectos sociais.

Leia mais:

Desafios e tendências para o futuro cooperativista

Escoop: pioneira na educação cooperativista

--

--