Isaac Asimov: Como Nunca Ficar Sem Ideias Novamente

André Lanari
Avoa
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6 min readJul 4, 2017

Tradução livre do texto de Charles Chu, publicado na página Personal Growth , aqui no Medium.

Este excelente texto do Charles Chu foi traduzido não só por trazer grandes insights para trabalhar criatividade, mas também para praticar inglês. Foi um grande desafio traduzi-lo pois ao mesmo tempo que o fazia, ia entendendo melhor todas as mensagens que o autor nos passa analisando a mente desse grande mestre da literatura, Isaac Asimov. Recomendo os outros textos do autor. Link do texto original:

“Se existisse uma palavra para definir Issac Asimov, seria “prolífico”.

Para coincidir com o número de romances, cartas, ensaios e outros escritos produzidos por Asimov em sua vida, você teria que escrever um romance a cada duas semanas durante 25 anos.

Por que Asimov foi capaz de ter tantas boas ideias enquanto o resto de nós temos somente 1 ou 2 durante toda a vida? Para descobrir eu olhei em sua autobiografia, It’s Been a Good Life.

Asimov não nasceu escrevendo 8 horas por dia, 7 dias por semana. Ele destruiu páginas, ficou frustrado e falhou repetidas vezes. Em sua autobiografia Asimov compartilha táticas e estratégias que desenvolveu para nunca ficar sem ideias novamente.

Vamos roubar tudo o que pudermos.

1. Nunca Pare De Aprender

Asimov não era somente um escritor de ficção científica. Ele possuía o título de PhD em Química na Universidade de Columbia. Ele escreveu sobre física. Escreveu sobre história antiga. E pasmem, ele até escreveu um livro sobre a Bíblia.

Como ele conseguiu escrever tão amplamente em uma época de especialização míope?

Ao contrário dos “profissionais” modernos, a aprendizagem de Asimov não terminou em sua graduação. —

“Eu não poderia escrever a variedade de livros que escrevi somente com o conhecimento adquirido na escola. Eu precisei manter um programa de auto educação em processo. Minha biblioteca de livros de referência cresceu e eu descobri que precisava transpirar sobre eles devido ao meu medo constante de que poderia entender mal um ponto que para algum conhecedor do assunto seria ridiculamente simples de entender.”

Para ter boas ideias nós precisamos consumir boas ideias também. O diploma não é o final. Pelo contrário, é só o começo.

Crescendo, Asimov lia sobre tudo —

“Toda essa incrível leitura diversificada, resultado da falta de orientação, resultou em uma marca única. Meu interesse foi despertado em vinte direções diferentes e todos esses interesses permaneceram. Eu escrevi livros sobre mitologia, sobre a Bíblia, Shakespeare, história, ciência e assim por diante”

Leia amplamente. Siga sua curiosidade. Nunca pare de investir em si mesmo.

2. Nao Lute Contra O Bloqueio

É um alívio saber que, assim como eu, Asimov também sofria bloqueios —

“Frequentemente, quando estou trabalhando em um romance de ficção científica, sinto-me profundamente cansado e incapaz de escrever outra palavra.”

Sofrer bloqueios é normal. Mas o que acontece depois, sua reação, é o que separa um profissional de um amador.

Asimov não deixava que seus bloqueios o impedissem. Com o passar dos anos ele desenvolveu uma estratégia…

“Eu não encaro folhas de papel em branco. Eu não perco dias e noites batendo em uma cabeça vazia de ideias. Em vez disso eu simplesmente deixo meu romance e vou para um de meus outros projetos que estão para sair. Eu escrevo um editorial, ou um ensaio, ou um conto, ou trabalho em um de meus livros de não-ficção. Até o momento que eu me canso dessas outras coisas, minha mente fica vazia e pronta para ser enchida novamente. Retorno ao meu romance e encontro-me capaz de escrever facilmente mais uma vez.”

Enquanto escrevia esse artigo, me encontrei frustrado por um bloqueio e fui trabalhar em outros projetos por 2 semanas. Agora que criei espaço tudo parece muito, muito mais fácil.

O cérebro trabalha de uma maneira misteriosa. Ao deixar de lado, buscando outros projetos e ignorando outros, nosso subconsciente cria espaço para as idéias crescerem.

3. Cuidado Com A Resistência

Todos os criativos — sejam eles empreendedores, escritores ou artistas — conhecem o medo de dar forma às ideias. Uma vez que trazemos uma ideia ao mundo, ela estará sempre nua diante à rejeição e a crítica de milhões de olhos raivosos.

Às vezes, após a publicação de um artigo, tenho tanto medo que evito ativamente os comentários e emails…

Este medo é o maior inimigo da criatividade. No livro The War of Art, Steven Pressfield dá um nome à esse medo.

Ele o chama de Resistência.

Asimov conhecia a Resistência também —

“Um escritor comum é destinado à ser assaltado por inseguranças quando escreve. A frase que acaba de criar é sensata? Ela expressa tão bem quanto poderia? Soaria melhor se fosse escrito de maneira diferente? Um escritor comum está portanto, sempre revisando, sempre cortando e mudando, sempre tentando maneiras diferentes de se expressar, e, pelo que sei, ele nunca sente-se satisfeito.”

A insegurança é uma assassina de mentes.

Eu sou um editor implacável. Provavelmente eu editei e reeditei este artigo uma dúzia de vezes. Ainda parece uma merda. Mas eu devo parar agora, ou eu nunca vou publicar nada.

O medo da rejeição nos torna “perfeccionistas”. Mas esse perfeccionismo é apenas um escudo. Nós nos envolvemos dentro dele em tempos difíceis. Isso nos dá segurança… A segurança de uma mentira.

A verdade é que todos nós temos ideias. Pequenas sementes de criatividade flutuam sobre a janela da mente. A diferença entre Asimov e o resto de nós é que nós rejeitamos nossas ideias antes de lhes dar uma chance.

Afinal, nunca ter ideias significa nunca falhar.

4. Baixe Seus Padrões

Asimov foi totalmente contra a busca pelo perfeccionismo. Tentar fazer tudo certo na primeira vez, diz ele, é um grande erro.

Em vez disso, busque os conceitos básicos primeiro —

“Pense que você é um artista fazendo um esboço para obter a composição clara em sua mente, os blocos de cores, o equilíbrio e o resto. Com isso feito, você pode se preocupar com os detalhes finais.

Não tente pintar uma Mona Lisa na primeira rodada. Baixe seus padrões. Faça um produto de teste, um esboço temporário ou um rascunho.

Ao mesmo tempo, Asimov reforça a auto confiança —

“[Um escritor] não pode criar dúvidas sobre a qualidade de sua escrita. Pelo contrário, ele tem que amar sua própria escrita. Eu acredito.”

Acredite nas suas criações. Isso não significa que tenha que fazer como o melhor do mundo em toda tentativa. Confiança verdadeira é sobre derrubar barreiras, falhando miseravelmente e ter a força para ficar de pé novamente.

Nós falhamos. Nós lutamos. E é por isso que conseguimos.

5. Faça MAIS Coisas

Interessantemente, Asimov também recomenda que fazer MAIS coisas é a cura para o perfeccionismo. —

“No momento que um determinado livro é publicado, o [escritor] não tem muito tempo para se preocupar como o livro será recebido ou o quanto ele venderá. Até então ele já vendeu vários outros e está trabalhando em outros ainda e é isso o que o preocupa. Isso intensifica a paz e a calma em sua vida.

Se você tem um novo produto saindo a cada poucas semanas, você simplesmente não tem tempo para pensar no fracasso.

É por isso que tento escrever vários artigos por semana em vez de me concentrar em um artigo “perfeito”. Dói menos quando algo falha. Diversidade é segurança para a mente.

6. O Tempero Secreto

Um amigo esforçado de Asimov uma vez lhe perguntou, “Onde você consegue suas ideias?”

Asimov respondeu, “Pensando, pensando, pensando até que eu esteja a ponto de me matar. […] Você achou que era fácil ter uma boa ideia?”

Muitas de suas noites foram passadas sozinhas com sua mente —

“Eu não consegui dormir na noite passada, então fiquei acordado pensando em um artigo para escrever e eu pensava e pensava e chorava nas partes tristes. Eu tive uma noite maravilhosa.”

Ninguém nunca disse que ter ideias era fácil.

Se fosse, não valeria a pena fazer.”

Gratidão a Jéssica Pereira, a Raíssa Fernandes e o Lucas Iemini que ajudaram na revisão. ❤

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André Lanari
Avoa
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Filho da Lídia e do Roberto. Educador e empreendedor social na Avoa. Ama as pessoas, a natureza, o universo… a vida.