40 dias depois, o que Flick mudou no Bayern?
Pode não parecer, mas já fazem 40 dias que Niko Kovac foi demitido do comando técnico do Bayern de Munique e que seu então assistente, Hans-Dieter Flick tomou as rédias da equipe. Mas, o que realmente mudou na equipe bávara após esses sete jogos? Abaixo, listaremos as principais mudanças:
A Defesa
Quando Flick assumiu o posto de técnico do time, tinha um tremendo problema em suas mãos: a defesa. O Bayern tinha acabado de sofrer uma goleada por 5 a 1 e vinha de 14 gols em sete jogos. Além disso, não poderia utilizar Süle e Hernandez, ambos lesionados por vários meses e na Bundesliga ainda tinha Boateng suspenso por dois jogos. Todos esses fatos, alinhados com os futuros jogos contra o Olympiakos pela Champions League e o Borussia Dortmund em apenas uma semana, provocavam calafrios nos torcedores bávaros.
Porém, por incrível que pareça, em menos de uma semana Flick conseguiu melhorar em muito o jogo defensivo do time. Com alguns ajustes e improvisações, conseguiu dar mais estabilidade a defesa e ficou sem sofrer gols durante quatro jogos, com direito a três goleadas.
Mesmo que nos últimos jogos, a defesa tenha voltado a ter problemas, sofrendo cinco gols em três partidas, temos que considerar que o time ainda está desfalcado e enfrentou adversários fortes ofensivamente.
Táticas
Apesar das formações não terem mudado muito, Flick costuma utilizar um 4–3–3 ou o famoso 4–2–3-1, a forma de jogar já sofreu algumas alterações. Com mais foco na posse de bola e mais agressividade em campo, o Bayern vem jogando melhor. Principalmente, através da pressão que exerce em cima dos adversários.
Assim que perdem a bola, os bávaros voltam a pressionar os seus adversários, seja onde estiverem. Assim, recuando os outros times e deixando os jogadores da equipe mais próximos um dos outros em campo, preenchendo melhor o espaço em campo com menos buracos no campo.
Mesmo na derrota contra o Leverkusen, o Bayern durante muito tempo sufocou o adversário e por pouco, três bolas na trave, não conseguiu ao menos o empate.
Claro que ainda há muito espaço para melhoras porém, em pouco mais de um mês, é nítida a mudança do comportamento tático do time de Munique.
O Espírito da Equipe
Não era segredo para nenhum torcedor que poucos jogadores do elenco realmente gostavam do estilo de Kovac e sentiam confiança no treinador. Após pouco mais de 15 meses no comando da equipe, estava claro que o croata havia perdido o vestiário.
Ao menos por enquanto, parece que Flick conseguiu conquistar seus comandados. Tanto em treinamentos quanto em jogos, o semblante e animo dos jogadores mudou muito, o que não é uma grande surpresa. Afinal, o treinador alemão já tinha contato com alguns desses jogadores em seu período como assistente de Löw na seleção alemã até 2014 e foi visto diversas vezes conversando e consolando alguns jogadores do Bayern nos últimos meses.
Isso tudo, alinhado as mudanças táticas e os bons resultados, parece ter convencido a maioria dos jogadores e mudado o espírito e animo da equipe, com algumas exceções.
Os jogadores que Saíram Perdendo com a Mudança
O veterano Boateng, já praticamente confirmado como um reserva no inicio da temporada, tem sido um dos menos utilizados por Flick. Mesmo sem Süle e Hernandez, o treinador ainda prefere utilizar uma zaga mais improvisada do que utilizar o alemão. O que não é uma grande surpresa, mas que não deixa de impactar.
O principal reforço da equipe na temporada, Philippe Coutinho parece ter pedido um pouco do espaço que tinha com Kovac. Foi reserva nas duas primeiras partidas com Flick e das sete partidas, atuou por 90 minutos em apenas duas. Mas, isso provavelmente é mais devido a seu futebol que decaiu desde o inicio da temporada e vem oscilando bastante. Porém, ainda deve ter chances para recuperar seu bom futebol e finalmente se confirmar como um titular, ainda mais depois da lesão de Coman.
Mas, o principal “prejudicado” pela troca foi Thiago Alcantara. Em sete partidas, Thiago foi titular em apenas três, todas elas quando foram utilizados três volantes, atuando menos de 20 minutos em outras três e nem entrando em campo em uma.
Depois de sete jogos, está claro que Flick tem outras preferencias ao espanhol. No esquema 4–2–3–1, a dupla de volantes titular foi Goretzka e Kimmich. O jovem alemão, inclusive, foi praticamente erradicado da lateral e deve jogar o resto da temporada como o volante construtor de jogo que Thiago era com Kovac. Resta nos ver se Flick dará mais chances ao espanhol e continuará o rodizio no meio campo.
Os jogadores que Saíram Ganhando com a Mudança
Thomas Müller e Javi Martinez foram os dois maiores beneficiados pela mudança do comando técnico. Tanto o alemão quanto o espanhol estavam descontentes e foram vistos, mais de uma vez, desanimados com a reserva. Porém, isso mudou completamente.
Enquanto Martinez se tornou uma das principais opções na zaga bávara, jogando todos as partidas, Müller voltou a sua posição preferida e foi utilizado em todos jogos sob o comando de Flick, sendo titular em seis das sete partidas, marcando dois gols e dando cinco assistências.
Com as lesões de Hernandez e Süle, acredito que ainda veremos muito de Martinez na zaga bávara. Já Müller, parece ter voltado a se tornar uma das principais peças ofensivas da equipe.
Alphonso Davies
O jovem de apenas 19 anos poderia estar na categoria acima, porém merece um tópico só para ele.
Pouquíssimo utilizado por Kovac, o canadense renasceu sob o comando de Flick. Foi titular como lateral em todas as partidas sem ser substituído em nenhuma delas.
E, tirando em alguns momentos, atuou muito bem nessa posição mais defensiva. Com os desfalques na defesa de Hernandez e Süle e na meia esquerda com Coman, Flick deve continuar utilizando Davies. O que é ótimo para o desenvolvimento do canadense e para o Bayern, que parece ter finalmente uma nova ótima promessa para chamar de sua.
