OMBUDSMAN: Beta Geral e a diversidade de temas relevantes

Câncer de boca, cotas raciais e o trabalho do Centro de Valorização da Vida foram assuntos na última publicação

Leila Inês
Redação Beta
4 min readJun 13, 2023

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Você que está inserido numa instituição de ensino, quando olha a sua turma, quantas pessoas negras estão na sala com você? (Reprodução: Banco de Dados/ Freepik)

Na última publicação da Beta Geral, três matérias compuseram as publicações, entre elas duas voltadas para área da saúde e outra que traz um assunto de relevância: as cotas raciais dentro das instituições de ensino.

Já nas redes sociais da Beta Geral, a proposta foi criar uma enquete na qual universitários responderam quantos colegas negros tiveram ao longo do tempo de graduação. O número não foi animador. Foram 115 respostas, 4% das pessoas responderam “nenhum”, 44% responderam de “1 a 2”, outros 44% responderam de “3 a 5”, e apenas 8% responderam que tiveram “mais de 5”. A enquete foi desenvolvida para dar visibilidade a matéria de Lohana Souza, Políticas afirmativas avançam, mas universidades ainda reproduzem desigualdades, e no momento em que a repórter pauta este assunto na Beta, acaba trazendo a discussão para o reconhecimento de todos os estudantes.

Quando o tema é pesquisado no Google, percebemos o quão pouco o assunto é comentado. De forma paradoxal, o que vemos com mais frequência são matérias que apontam mais mulheres negras do que homens estudando nas universidades, ainda que menos mulheres negras atuando profissionalmente em suas áreas do que homens negros.

Glauber West, bibliotecário e leitor das matérias da Beta Geral, destaca a relevância dos dados trazidos por Lohana Souza, mas aponta: “Quando a autora nos coloca que pouco avançamos na implantação de políticas afirmativas no setor educacional, seria interessante comparar os dados atuais com aqueles recolhidos ao longo da história sobre o assunto”. Elogia também a estrutura da matéria, que “informa suficientemente, sem extrapolar em citações de dados estatísticos”.

O tema das cotas precisa ser mais divulgado e debatido, não deve apenas ficar restrito a poucos círculos, e precisa ser pauta em conversas rotineiras. Também não pode estar apenas no domínio do discurso, como revelam as fontes ouvidas pela repórter, entre elas, a estudante Mariane Franco, que participa do Neabi da Ulbra. A entrevistada afirma: “Infelizmente, não temos um grande número de universitários negros. Acredito que a ampliação da entrada de pessoas negras possibilitou a presença de mais pessoas como eu na graduação. Mesmo assim, na UFRGS, ainda sou a única estudante negra em meio a 50 alunos. Também não basta apenas a política de inserção de mais pessoas negras, mas é necessário dar suporte para que elas permaneçam e se formem.”

A saúde como debate central

A Beta Geral abrange temas como meio ambiente, saúde e sustentabilidade. (Reprodução: Banco de Dados/ Freepik)

No conjunto de publicações desta semana também observamos algo que foi pouco rotineiro neste semestre da Beta Geral: um texto desenvolvido por dois repórteres. Eduardo Vidal e Vitória Drehmer abordaram o câncer de boca e os malefícios do cigarro na matéria Alerta à saúde: consumo de tabaco é a principal causa do câncer de boca.

Durante a reunião de pauta na semana anterior, a redação percebeu que os assuntos estavam relacionados e juntos poderiam ser aprofundados. A partir daí, a ideia de juntar os temos em uma grande reportagem — mais extensa e explicativa — trouxe também temas correlatos, como o uso de cigarros eletrônicos, as possibilidades de diagnóstico da doença, e até dicas para pessoas que lutam contra o vício do fumo, na voz de entrevistados que contaram sobre seus desafios particulares.

Ana Cristina Schmitt, psicoterapeuta e leitora conselheira da Beta Geral neste semestre, apontou que a matéria prendeu sua atenção, mas que o cigarro eletrônico deveria ter um destaque maior no texto — que ela avaliou, de sua forma muito particular, com a "nota 9".

Interessa reforçar a observação de Ana Cristina, uma vez que temos poucas leis em relação aos famosos vapes, muito usados hoje por jovens por transmitirem uma falsa sensação de que o mal causado por eles é menor que um cigarro normal. Uma matéria divulgada pelo G1 destaca que pesquisadores encontraram mais de duas mil substâncias em ação com o uso do aparelho, sendo algumas delas cancerígenas.

Voltando para a matéria, senti que a explicação do título aparece apenas perto do final, mas consigo compreender também que a resposta vai sendo construída por meio de muitos dados, e que todos têm a sua relevância e precisam de espaço. No mais, acredito que o trabalho da dupla de repórteres foi bem desenvolvido, que os dados conversaram com as falas dos entrevistados, criando um ritmo na leitura para que esta não se tornasse maçante.

Por fim, o texto desenvolvido por Laura Rolim traz uma temática que ainda hoje é tabu: a depressão. Daí a relevância da matéria Conheça o Centro de Valorização da Vida e saiba como ser um voluntário, pois além de abordar o assunto, ainda traz um serviço público que precisa ser mais conhecido.

Nos veículos de comunicação, quando pesquisada a palavra depressão, reparamos que são poucas as matérias divulgadas no ano atual, e o assunto fica restrito ao setembro amarelo, mês de prevenção ao suicídio. Já a matéria de Laura Rolim, além de trazer entrevistados que estão incluídos na realidade do CVV e relatar como é o funcionamento do serviço, ainda explica como qualquer um de nós pode se tornar um voluntário, basta saber e querer ouvir as dores de outras pessoas de nossa sociedade.

O leitor Glauber West fez apenas comentários positivos em relação a matéria da repórter. Entre eles, destacou como Laura se preocupou em relatar as informações que poderiam ser úteis para quem também precisasse do serviço. Um comentário do bibliotecário, cujas palavras também faço as minhas: “Muito feliz a opção por um artigo curto e útil que informa sem distrair em demasia”.

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Leila Inês
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Estudante de Jornalismo, apaixonada por palavras