Imagem 1: Tipos de Glândulas. Fonte: dr.suzanavieira.med.br

HISTOLOGIA: Tecido Epitelial Glandular

Kamilafarias
Biolhar
Published in
9 min readAug 10, 2020

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Olá pessoal, é importante salientar que esse assunto é continuação do anterior: “Histologia: Tecido Epitelial de Revestimento”, sendo assim, é interessante que você tenha acesso a ele antes de adentrar no assunto em questão. Vamos começar…

Sabendo como procede a formação dos tecidos epiteliais, podemos discorrer a construção das nossas glândulas corporais a partir do mesmo, e além disso suas classificações e morfologias, que vai depender do local em que a glândula estará posicionada no corpo e sua função.

Podemos dizer que as glândulas podem ser construídas por modificações dos tecidos epiteliais, assim sendo originária de multicelulas, como por exemplo as Sudoríparas, ou apresentam-se como unicelular, como por exemplo as Caliciformes, e ainda como órgão, como por exemplo o Pâncreas, todos esses possuem a função excretora ou secretora, isto diferencia — se, porque, quando excretamos expulsamos para fora do nosso corpo, como por exemplo as glândulas Sebáceas ou Lacrimais, e a secreção é uma expulsão para dentro do corpo, sendo mais específica, na corrente sanguínea.

Todas as glândulas são formadas por células que possuem uma maior atividade secreção, podendo expelir substâncias mucosas ou serosas, ou seja, dependendo da sua finalidade serão líquidos compostos por lipídeos, proteínas, complexos de carboidratos ou ainda todos os componentes juntos como por exemplo a Glândula Mamária.

As classificações das glândulas se resumem em basicamente duas:

  • Quanto ao local onde a secreção é lançada (Endócrina ou Exócrina);
  • Quanto ao número de células (Unicelular ou Multicelular);
Imagem 2: Glândula Exócrina e Endócrina, sucessivamente. Fonte: slideplayer.com.br

Analisando a imagem ao lado, podemos observar a classificação glandular quanto ao lugar onde a substância, seja muco, enzimas ou hormônios, é lançada, isto é, para fora ou para dentro do corpo.

A formação das glândulas, independente de sua classificação, é originária do mesmo tipo de tecido, o epitelial, durante seu desenvolvimento ela vai se diferenciando e tomando conformação endócrina ou exócrina. Ao atingir o tecido adjacente, o conjuntivo, ela pode manter sua ligação com o tecido de origem ou se desligar dele, essa ação é o que irá definir sua classificação enquanto ao lugar de secreção.

Imagem 3: Formação das Glândulas. Fonte: unifal-mg.edu.br

Glândula Exócrina:

Ao manter sua estrutura presa ao tecido de origem, a glândula consegue realizar a função de excretar sua substância para fora do corpo, ou até mesmo no lúmen (cavidade de algum órgão).

Apesar, que a denominação “glândula” foi criada para se referir a um acoplado de células, é possível associar esse termo, também, àquelas células unitárias em que desempenham a mesma função glandular, são as chamadas Glândulas Unicelulares. Dentro da classificação Exócrina podemos mencionar como exemplo as Caliciformes, que são células unitárias que possuem a capacidade de produzir e secretar substâncias, está localizada em quase todo trato respiratório , trabalhando na produção de Muco que possui a função de umedecer a região, impedindo a desidratação do pulmão por exemplo, além de auxiliar nos mecanismos de defesa no sistema respiratório, ao ser capaz de capturar os micro-organismos evitando que cheguem até os pulmões, e facilitando, assim, o trabalho dos macrófagos.

Imagem 4: Estrutura celular das Caliciformes. Fonte: infoescola.com.br

Suas células são em formato de Cálice (por isso a denominação Caliciformes), geralmente são encontradas nos tecidos Pseudo-Estratificados e Cilíndrico Simples, e liberam por exocitose uma substância Glicoproteica denominada Mucina. São encontrados no trato respiratório, como já foi dito, e também no estômago revestindo e protegendo contra ataques químicos, ou ainda lubrificando o esôfago, facilitando a passagem do bolo alimentar.

Obs.: Em sua estrutura a presença das Microvilosidades, é uma Especialização de Membrana, que ajuda na movimentação de partículas, ou até mesmo na captação delas, a exemplo do Sistema Respiratório, auxiliando na limpeza do ar respirado.

Imagem 5: Estrutura de Glândula Exócrina Simples. Fonte: odontologistas.com.br

Na formação das Glândulas Exócrinas Multicelulares, sabemos que elas mantém sua ligação com o tecido de origem, a partir dele tem-se a formação do ducto secretor e na sua área basal, há a formação da porção secretora, onde localizam-se as células que produzem as substâncias secretadas.

Contudo, essa estrutura pode se diferenciar dependo da localização da glândula e o tipo de substância que ela excreta. Por isso podemos ainda classificar as Exócrinas quanto:

  • A Morfologia;
  • Tipo de Secreção;
  • A maneira de secretar;

A partir disso, podemos avaliar o quão diferenciado pode ser as glândulas do nosso corpo, mesmo possuindo a mesma origem, e trabalhando para a mesma classificação excretora, no caso da Exócrina para fora do corpo ou em alguma cavidade corporal.

Em relação a Morfologia, podem se apresentar como Simples, se o ducto permanecer único, possuindo apenas uma via de excreção, ou como Composta se o ducto se ramificar. Com isso, a glândula se classifica como simples ou composta dependendo da forma como o ducto se apresenta. Já quando se referimos a porção secretora, tem-se a classificação Ramificada caso ela exiba várias porções, que ainda podem se diferenciar de acordo com seu formato morfológico, ou Não Ramificada, em que não apresenta ramificações mas podem adquirir uma aparência excêntrica, como por exemplo um enovelamento. Ou seja, somos capazes de agrupar as glândulas como Simples Ramificada ou Não Ramificada, e como Composta, neste caso, não será necessário nomear sua ramificação, pois entende-se que um ducto ramificado promoverá uma porção secretora ramificada.

Para melhor compreensão podemos analisar no quadro seguinte as pontuações dadas a cima.

Imagem 6: Tipos de morfologias de glândulas exócrinas. Fonte: unifal-mg.edu.br/histologiainterativa

Em amarelo — ducto secretor, em lilás— porção secretora;

Observa-se que a nomenclatura diferencia-se apenas pelo formato da porção secretora, sendo tubulosa apresenta-se a porção em formato de túbulo, sendo alveolar possui morfologia secretora arredondada, sendo os dois, irá possuir os dois sistemas.

Dependendo da substância que é secretada, as glândulas, também, podem sofrer diferenciações, principalmente quando iremos analisar o tecido de forma pigmentada no microscópico, essa diferença torna-se bem mais visível, auxiliando, dessa maneira, no descobrimento do tipo de glândula que está sendo manuseada. Isto deve-se porque a hematoxilina, o corante, pigmenta bem alguns componentes em determinadas secreções.

Por exemplo, as Glândulas Serosas possuem uma grande quantidade de proteínas em sua composição e por isso são mais visíveis pela forte coloração que apresentam. Essa tipologia pode ser encontrada nas glândulas salivares e nas acinosas do pâncreas, apresentam como estrutura um polo basal preenchido por Retículo Endoplasmático Rugoso, organela capaz de produzir proteínas, e na região supra nuclear tem-se a existência de um Complexo de Golgi bem desenvolvido, que possui a função de processar as proteínas para serem acopladas nos grânulos de secreção, estes que ao saírem do Complexo apresentam-se de forma imatura, tornado-se maduros apenas quando toda a água é retirada do seu interior, estando prontos para serem expelidas.

Já as células das Glândulas Mucosas, apresentam em sua composição mucopolissacarídeos, é uma tipo de carboidrato, esses que possuem a característica de não serem corados na presença de hematoxilina, é observado nas lâminas justamente pela sua coloração fraca. O exemplo mais estudado dessa tipologia são as Caliciformes, já foi citado anteriormente. Sua estrutura (Imagem 4) se resume em, grande presença de grânulos de secreção na região apical, e presença maciça do núcleo e do retículo endoplasmático rugoso no polo basal, a cima do núcleo tem-se o Complexo de Golgi. Diferentemente das serosas, esta apresenta uma secreção altamente hidrata para formação de um gel, viscoso e elástico que irá facilmente desempenhar sua função de lubrificante.

Além disso, existem as que liberam substâncias Mucosserosas, que unem os dois componentes bioquímicos, a proteína e o mucopolissacarídeo, esses que são processados e unidos no Complexo de Golgi e, a partir disso, são liberados.

Imagem 7: Imagem microscópica das glândulas com secreções diferentes. Fonte: saúdeeaquímicadocorpohumano.com.br

Ainda assim, tem-se mais um tipo de categorização que podemos estabelecer nas Glândulas Exócrinas, classifica-las quanto ao modo de secretar é um dos critérios para saber um pouco da tipologia da glândula, entre os tipos podemos observar, as Merócrinas em que a substância é liberada por meio de exocitose, uma função celular em que a vesícula secretora tem sua membrana fundida à membrana da célula sendo expelida, assim, apenas o conteúdo secretor, um exemplo de glândulas que possuem esse mecanismo são as do pâncreas e as parótidas .

Imagem 8: Ação exocitose da célula glandular. Fonte: brainly.com.br

Outro processo que pode ser avaliado, são as do tipo Holócrinas, em que diferentemente da anterior a célula secretora não mantém-se viva, ela é excretada junto com a substância que a mesma produz, sendo assim, necessário a morte celular por Apoptose, que é um sistema em que a célula é programada para se matar, através da ação de algumas enzimas que são liberadas por uma organela chamada Lisossomos, essa atuação pode ser encontrado nas glândulas sebáceas.

Além desses dois tipos de execuções para secreção, tem-se o meio intermediário, que são as Apócrinas, neste os produtos secretados serão expelidos com uma parcela do citoplasma, com isso a célula não é morta, contudo ainda não se mantém totalmente intacta, um exemplo desse meio são as glândulas mamárias.

Imagem 9: Tipos de excreções das glândulas exócrinas. Fonte: brasilescola.uol.com.br

A imagem a cima demonstra as três tipologias de excreção que as glândulas exócrinas podem aderir. Em suma, observamos as classificações morfológicas, tipo de secreção e modo de secretar. São as diversidades que podem ser encontradas nessa área de estudo.

Glândulas Endócrinas

São reconhecidas em sua essência por secretar hormônios, isto deve-se por sua funcionalidade estar, diretamente ligada às secreções que são lançadas dentro do corpo, ou seja, na corrente sanguínea, em que suas substâncias ao serem expelidas em qualquer área do corpo será capaz de atuar em outra, mesmo possuindo um grande distanciamento.

As endócrinas se diferenciam apenas pela morfologia, pois sabendo que na sua formação estrutural a glândula perde o contado com o tecido de origem para se agregar a grupos de capilares sanguíneos, elas podem obter dois tipos de conformações.

  • Morfologia Cordonal
  • Morfologia Folicular

A primeira, desassocia -se com o tecido e forma cordões, colunas ou placas de células que irão se envolver com os capilares, e a segunda organiza-se em forma de esferas, denominadas folículos, em que a substância em sua maioria se localiza no interior dessa estrutura.

Imagem 10: Tipos estruturais de glândulas endócrinas. Fonte: slideplayer.com.br
Imagem 11: Localização das glândulas endócrinas no corpo humanoFonte: pinterest.com.br

Glândulas Mistas

Imagem 12: Presença das glândulas no pâncreas. Fonte: geocities.com.br

E ainda existem as Glândulas Mistas, que são as que possuem as duas funcionalidades em sua estrutura, endócrina e exócrina, trabalhando, com isso, em diversas áreas e fisiologia do corpo, o exemplo dessa tipologia é o Pâncreas(Imagem 12) que desempenha um trabalho endócrino, produzindo insulina e glucagon por meio de glândulas foliculares, e ainda na fabricação de enzimas para serem expelidas, de maneira exócrina, para o lúmen do intestino auxiliando no processo digestivo.

Com isso somos capazes de diferenciar as tipologias glandulares de acordo com o lugar que será secretado a devida substância, a morfologia, o tipo de secreção e o modo de secretar, além do processo estrutural glandular e sua origem.

Eu espero que esse conteúdo possa lhe trazer bastante conhecimento sobre glândulas, relativo ao processo citológico e tecidual da mesma.

Fiquem ligados nos próximos capítulos dessa jornada na Histologia…

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Kamilafarias
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"Fundadora, Editora e Escritora do projeto Biolhar", em busca de ser uma influência no âmbito educacional.