"As Mães" — mais opinião do que resenha

Lara Magalhães
Boteco Literário
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2 min readSep 25, 2022

Algumas vezes sei exatamente qual o próximo livro que eu quero ler. Outras vezes, simplesmente fico parada, olhando pra estante pra ver qual é o livro que me chama naquele momento. E depois de ter lido “As Veias Abertas da América Latina”, eu queria algo mais leve para que aquele livro continuasse ressoando dentro de mim sem eu me perder.

E aí, enquanto eu estava parada olhando a estante para escolher o próximo, minha filha veio e, pegou esse e disse: “Você já leu esse?”. Eu não tinha lido e honestamente nem me lembro do porque ter comprado esse livro. Mas, aceitei a indicação da minha filha e fui ler.

“As Mães” de Britt Bennet é um livro que fala sobre a maternidade. Mas não a maternidade romantizada, não a maternidade exclusiva das mulheres, não da maternidade convencional. É um livro narrado pelas “Mães”, que são mulheres de uma igreja cristã chamada Upper Room, de uma comunidade negra em Oceanside.

A trama do livro se desenrola basicamente por 3 personagens, Nadia, Aubrey e Luke e um grande segredo. E no meio de tudo isso o assunto maternidade, racismo, religião e hipocrisia se misturam para compor a história em si.

“Garotos negros não podem se dar ao luxo de ser irresponsáveis, ela tentava explicar ao filho. Garotos brancos irresponsáveis se tornam políticos e banqueiros, garotos negros irresponsáveis morrem.”

Nadia Turner, a personagem principal dessa trama é uma adolescente negra que precisa lidar com o suicídio inexplicável da mãe e uma relação totalmente desconectada do pai. Durante toda a sua fragilidade desse momento, Nadia se apaixona por Luke, o filho do pastor da igreja e tem um namoro não oficializado e rápido que se encerra em função do segredo que percorre o livro inteiro.

Aubrey, sua melhor amiga se conecta nessa história inteira e o livro passa a contar a vida desses personagens e dos personagens às suas voltas no decorrer da vida, da adolescência até a vida adulta deles.

“As Mães” é o romance de estréia da Brit Bennett e com tantas temáticas interessantes para falar, com uma linguagem fluída onde em diversos momentos você pensa: “Poderia ser a história de qualquer mulher”, fui identificando no livro um potencial para uma excelente leitura. Porém, sinto que o livro foi perdendo a intensidade no decorrer da leitura, os temas importantes não foram tratados com profundidade e as histórias de vida foram ficando cada vez menos detalhadas.

O último capítulo, além de deixar o livro em aberto, sem um final claro, ela também muda a linguagem, tentando ser poético o que pode deixar os leitores confusos.

— > As Mães
— > Brit Bennett
— > Tradução: Carolina Carvalho
— > Editora Intrínseca
— > Livro 21 de 2022

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Lara Magalhães
Boteco Literário

De falar, de ouvir, de ler e de escrever. De beber com os amigos e de sorrir para a vida. IG literário: @botecoliterario_