Pisanob: A linhagem asteca do Clã Giovanni

Brasil In The Darkness
Brasil na escuridão
12 min readApr 9, 2020

Por Odin Sama

Compilação de informações retiradas de V20 Lore of Clans - páginas 96, 99 e 100 a 106; Enciclopédia Vampírica - página 33; Clã Book Giovanni Revisado páginas 32, 33, 46, 47 e 79 a 82.

No início do século XVI, os Giovanni encontraram os Astecas como parte das expedições de Cortés. Em Tenochtitlan, eles descobriram uma prática necromântica muito desenvolvida e fortemente enraizada na cultura. Os espanhóis, é claro, eram bons Cristãos tementes a Deus, então eles mataram, escravizaram e converteram os pagãos. Do outro lado do Sudário, espíritos europeus seguiram o rastro da expedição e fizeram a mesma coisa que seus irmãos vivos nas Terras das Sombras. A guerra em ambos os lados do Sudário provocou um Turbilhão, e praticamente estragou a noite de todo mundo.

Os Giovanni fizeram o que puderam para ajudar os Astecas como uma cortesia profissional e um pouco de oportunismo, eu acho. Eles se aproximaram deles e fizeram um acordo para trazê-los para suas fileiras. Eles formaram uma família e levaram o nome Pisanob, que é um termo Maia que se traduz como algo como “fantasmas dos mortos que andam na terra” (Ok! Ok! Eu sei que os Maias e os Astecas não são os mesmos, mas eu aposto que aqueles velhos Giovanni não deram mínima pra isso).

Seu líder, Pochtli, ainda está no comando desse ramo da família até hoje. Os Giovanis aprenderam muito com os Irmãos latino-americanos, mas você nunca os ouvirá admitir. Entre cercos incontroláveis do Sabá e conflitos do Além contra os Precursores do Ódio, os Pisanob foram assediados mesmo antes do terrível maelstrom no mundo espiritual.

Quando metade de seus servos fantasmagóricos foi destruída em um piscar de olhos, os Pisanob finalmente estavam vulneráveis à vingança dos espíritos que esperavam por uma chance desde que Colombo veio para a América. A única razão para o templo de Pochtli ter sobrevivido é que o maelstrom e seu resultado pegou os inimigos dos Pisanob tão despreparados quanto eles próprios. Os Precursores do Ódio sofreram o apocalipse fantasmagórico ao menos tanto quanto os Giovanni da América do Sul e Central.

A Última vez que ouvi, os Pisanob têm lidado com uma terrível Tempestade, implorando por reforços enquanto seu território é atacado por um bando de velhos vampiros esfarrapados chamando a si mesmos de Precursores do Ódio — que é um nome tão pretensioso que até parece coisa dos Tremere. Eu não sei se eles são os Giovanni que se descontrolaram, Samedi com delírios de grandeza ou Premascines tão antigos quanto Augustus, mas com base nas histórias, eles reservam algo terrível para nós.

Os Premascines

O Giovanni separa a história em duas eras: antes e depois de “A Mordida”, que é o nosso eufemismo encantador e discreto pela traição de Capadócios e seus filhos. Cainitas de antes são Premascines, que é uma palavra chique que significa exatamente isso: “antes da mordida”. Isso inclui Augustus, ele mesmo, assim como qualquer Giovanni trazido nos anos entre o abraço de Augusto e o século XV, mas também inclui qualquer membro remanescentes dos Capadócios ou seus animais de estimação Lamia — linhagem que pode ter de alguma forma sobrevivido ao expurgo. Então, isso não é necessariamente a mesma coisa que falar sobre o Tatatataravô Gino. Estes são bichos-papões antigos, com setecentos anos de idade nas noites atuais. Nessa idade, nem tenho certeza o sangue humano poderia os nutrir.

O que é pior, nem todo Premascine da família concordou com a decisão de Augustus de tomar o manto do clã para si mesmo. De fato, alguns Giovanni Capadócios foram verdadeiros crentes em Capadócio e seus planos para uma sombria apoteose. Mesmo agora, existem rumores de que eles estão lá fora, histórias sussurradas para assustar o jovem Giovanni — mortais e neófitos — quando eles são colocados para dormir. Alguns são rumores de ter se refugiado sob os canais de Veneza, monstros aquáticos inchados deslizando entre as gôndolas.

Outras histórias falam de criaturas ressecadas assombrando antigos túmulos em busca de livros e grimórios tão desbotados e empoeirados quanto eles. É possível que os samedi sejam descendentes

dos Capadócios que escaparam do expurgo. Pior são os rumores fora do México, falando sobre uma cabala de furiosa e vingativa de cadáveres querendo os Giovanni em pedaços, se autointitulando Precursores do Ódio. Os Pisanob dizem que estão sofrendo perdas e estão preocupados. Agora, a paranoia é saudável, mas sempre Cainitas com um pouco de autopreservação aparecem, eles começam falando. E eles sempre vem com à mesma lista de rumores:

Eles são instrumentos de um dos Antediluvianos (que é sempre engraçado, porque conhecemos nosso Antediluviano e, sim), ou eles são o último dos Capadócios “originais”, ou eles se conectaram com aqueles psicopatas amantes de Caim no Sabá. Se é verdade que, se eles são Capadócios que sobreviveram trancados em alguma caverna empoeirada ou não, toda família tem um maldito problema.

Mesmo leais Giovanni Premascines — se é que existirem — são criaturas alienígenas, coisas quebradas, com pele de pergaminho e Sorrisos enigmáticos, tão secos como flores de cemitério. Para eles, o resto de nós, as postmascinas, se quiserem, seriam míopes, ignorantes, coisas menores presos mais perto da mortalidade e, eventualmente, destinados a se perderem na Noite Sem Fim. Independentemente disso, não planejam ter uma conversa coerente com alguém sobre seus setecentos anos de idade. Não tente tirar algo deles, e definitivamente não tente reproduzi-los. Alguns deles provavelmente te odeiam só porque você é um Giovanni.

Pochtli

O Fundador da família Pisanob. Horrivelmente feio. Alguns chegam a afirmar que lembram os deuses com presas e penas da mitologia da América Central, quando olhando para ele. Ele quase nunca sai de seu refúgio, um antigo templo no centro do México, mas prefere trabalhar com um grande número de carniçais ao seu serviço. Nos últimos anos, ele vem lutando uma batalha cruel contra os cruéis Cainitas do Sabá.

Esses Membros o temem, pois é dito que ele rasga as almas dos corpos de suas vítimas e os transformá em seus escravos irracionais. Ele foi um dos primeiros mortos-vivos realmente capaz de relatar a presença e a existência dos Precursores do Ódio, a notícia que interessa todo o Clã Giovanni. No momento, o extermínio sistemático de sua família é a sua maior preocupação, mas os líderes Giovanni parecem ainda não ter tomado qualquer aviso especial desses eventos.

Dada a doentia aparência do fundador Pisanob e sua predileção por invocar servos zumbi bamboleantes, não é surpresa que comecem a circular rumores que dizem que Pochtli seja um Capadócio ao invés de Giovanni. Contudo, rumores aparte, existe, de fato, forte evidência que Pochtli possa de fato ser uma das crianças caídas da linhagem. Primeiro, nenhum dos Giovanni sobreviventes que seguiram os conquistadores de Cortês a Tenochtitlan clamou ter Abraçado Pochtli, embora eles prontamente admitam ter Abraçado outros Pisanob.

De fato, se os registros da família e a memória dos Membros não estiverem errados, nenhum Membro Giovanni de quinta geração visitou o Novo Mundo durante a conquista dos astecas. (Dada a desconfiança da viagem de alto mar durante o século XVI, nenhum ancião apreciaria fazer uma viagem oceânica de meses sem um motivo extremamente forte.) Segundo, existem contos sobre outros Membros da Meso-América que falam de um antigo vampiro que viveu entre os astecas com uma ninhada de crias suas e foi adorado como um deus da guerra, Huitzilopochtli. Obviamente, as similaridades entre este Huitzilopochtli e o pai dos Pisanob, Pochtli, são pronunciadas.

Contudo, estes mesmos Membros meso-americanos insistem que Huitzilopochtli se escondeu entre os astecas muito antes do século XII, provavelmente 400 anos antes do primeiro Giovanni colocar os pés no Novo Mundo. E finalmente, alguns Giovanni citam o assunto do semblante cadavérico de Pochtli. Como os predecessores Capadócios dos Giovanni, Pochtli parece ser um cadáver ambulante, com pele pálida e seca esticada sobre ossos proeminentes e uma face horrenda com olhos fundos, sem nariz e lábios que se distanciaram para expor um maxilar de presas afiadas. A única evidência “Giovanni” a demonstrar características similares são os Premascines ou uns poucos “atavismos do Sangue”. Como tal, muitas das evidências circunstanciais sustentam a teoria que diz que Pochtli é um sobrevivente do Clã Capadócio, mas ainda não existe nenhuma prova concreta.

É possível que o senhor de Pochtli tenha encontrado a Morte Final antes que pudesse retornar do Novo Mundo, ou que ele ainda exista mas está pouco disposto a levar o crédito por criar um infeliz deformado como o líder dos Pisanob. É possível que Huitzilopochtli seja outro Membro de verdade ou que seja meramente um mito promulgado pelos Cainitas que, pelos padrões Giovanni, sejam pouco melhores do que os selvagens dos quais cresceram. Também, um bom número de casos foi documentado nos quais os Membros se tornaram fisicamente deformados pelo Abraço, embora seu clã não tenha nenhum histórico de tal deformidade. A vitae cainita é uma substância volátil cujos efeitos sobre a fisiologia mortal não podem ser sempre prognosticados. Consequentemente, é possível que Pochtli seja nada mais do que um Membro Giovanni com um rosto infeliz, que tem sido caluniado meramente por ser diferente.

Se os rumores e conjecturas forem verdadeiros, entretanto, levantam uma série de questões. Por que foi dada a oportunidade a Pochtli sobreviver, em lugar de ser destruído com o resto do clã? Ele criou mais de sua espécie dentro de seu antigo templo? E suas recentes “falhas” têm haver com o indicativo dos Precursores do Ódio de alguma agenda sinistra e secreta, onde ele talvez planeje se unir com os Lazarentos em seus esforços para erradicar os Giovanni? Qualquer que seja a verdade, nenhuma resposta parece ser oferecida. E as conjecturas continuam.

Os Pisanob estão felizes em continuar suas atividades sem seus anciões olhando sobre seus ombros e cobrando-os por tributos espirituais. Os Giovanni centrais, claro, são contrários a deixar os Pisanob trilharem seu caminho felizes, mas como viajar nos reinos fantasmagóricos é muito, muito difícil, sua melhor aposta é derrubar os Pisanob e reconstruir o que foi arruinado no México.

Os rumores correm soltos entre estes Pisanob que ainda estão em contato com os outros. “Augustus está vindo aqui”, diz um, “pois ele foi ultrajado por Pochtli e quer beber de sua garganta morta pessoalmente”. “Os Giovanni estão chamando Pochtli em Veneza. Se ele for, eles irão matá-lo — assumindo que ninguém o faça no caminho. Se ele não for, eles irão colocar a família toda em sua cola!” clama outro. “Não”, diz um terceiro. “Eles estão convidando todos Pisanob para um encontro de 4 de Abril no templo para um contra-ataque massivo contra todos nossos inimigos.

Eles têm muito investido em nós para nos abandonar — mas qualquer um que não se apresente para a Grande Reunião será caçado e empalado!” Toda a inquietação entre os Pisanob é muito infeliz, pois um dos experimentos de Pochtli foi, no final das contas, liquidado. O resultado é chamado (de forma bastante arrogante) o Ritual de Pochtli, e ele poderia ser a ferramenta que os Pisanob precisavam para virar a mesa — se eles conseguirem sobreviver para ensiná-lo para o resto da família.

Necromancia Pisanob

As raízes da Necromância Pisanob se entrelaçam com as práticas sombrias das culturas mesoamericanas dos astecas e, num grau menor, seus predecessores, os maias e toltecas. A magia da morte praticada por esta linhagem do clã Giovanni está inexoravelmente ligada à cerimônia elaborada dos ritos religiosos astecas. Como resultado, os Pisanob se tornaram dependentes de ornamentos ritualísticos empregados por seus ancestrais. Privados destes, os Necromantes Pisanob acham muito difícil executar a Arte Negra, se não impossível.

Em termos de jogo, o jogador de tal personagem sofre um aumento de +2 na dificuldade quando tenta jogadas de Necromância , embora isto possa ser superado por uma cena ao custo de um ponto de Força de Vontade. Tão inexoravelmente ligados ao ritual como os Pisanob são, não é de surpreender que eles tenham desenvolvido um grande número de rituais necromânticos aos quais indivíduos dentro da família têm acesso e guardam preciosamente. Dos seguintes, apenas o Ritual de Pochtli é amplamente praticado pelos Membros fora da linhagem Pisanob dos Giovanni.

Ritual de Pochtli

As ações deste ritual foram realmente desenvolvidas em conjunto com vários vampiros Ghiberti que residiram no templo de Pochtli por quase duas décadas. Por ambas as famílias terem uma longa história de cerimônias elaboradas, elas se sentem mais confortáveis pesquisando uma com a outra do que com a principal corrente Giovanni. O que eles desenvolveram é algo como um meta-ritual. Ele não pode ser feito por si, mas apenas em conjunção com outro ritual necromântico, ou com o uso pesadamente ritualizado de uma trilha necromântica. A ação do ritual é esta: dois ou mais Membros necromantes mantêm uma fonte mortal e infligem incisões na forma de hieróglifos egípcios ou símbolos astecas blasfemos. Eles então bebem desses ferimentos. Cada Necromante participante deve fazer seu próprio corte e beber apenas dele. Depois disso, o poder necromântico do Membro busca empregar ganhos em benefício do conhecimento de todos os participantes. Este ritual possibilita aos Necromantes realizar feitos realmente espantosos da magia da morte. Todos participantes no Ritual de Pochtli devem conhecer este ritual, conhecer Necromancia ao estilo Pisanob ou Ghiberti e devem ativar o mesmo ritual ou trilha imediatamente depois de seu uso. Você deveria interpretar os gritos de terror de se entalhar um alvo com símbolos necromânticos que também se tornam feridas enrugadas para matar sua sede tanto quanto possa sem chamar a atenção de transeuntes! (E se você está fazendo esse tipo de coisa em público, então talvez devesse pensar sobre ir para uma sala separada para fazer os rituais longe dos olhos dos outros).

Ritual de Teyolia

Há muito tempo atrás, os astrólogos maias predisseram que o fim do mundo ocorreria pouco depois do fim de um período de mil anos. O retorno recente do Antediluviano Ravnos reforçou em Pochtli uma crença de que os maias estavam certos. Ele acredita que o fim do mundo predito é, de fato, a inevitável Gehenna. Num esforço para sobreviver ao fim das eras, Pochtli e seus tenentes desenvolveram um meio de rasgar os corações dos Membros e preservar dentro deles o sangue do coração, ou a teyolia, dos Membros sacrificados. Quando a Gehenna vier, Pochtli pretende oferecer os corações de suas vítimas aos terríveis deuses do sangue num esforço para que o poupe e a sua família morta-viva. Este rito terrível é desconhecido pela maioria dos Membros Pisanob além de Pochtli e seus mais confiáveis tenentes. Se qualquer Giovanni de fora dos Pisanob fizer uso desta prática, é bem provável que toda a linhagem Pisanob seja extinta. Para executar este ritual, o Necromante deve arrastar um vampiro capturado ao topo do Templo de Pochtli. Lá, deitado no altar do templo, o Membro a ser sacrificado tem seus membros segurados por quatro carniçais camozotz. O Necromante então abre o tórax da vítima com uma adaga de obsidiana, enfia sua mão dentro e arranca o coração, trazendo a Morte Final sobre o sacrificado. O coração então é preservado num recipiente especialmente preparado, referido como um chacmool. Nenhum teste é necessário. O processo tem sucesso a menos que seja interrompido. É possível diablerizar o Membro sacrificado ao se beber do sangue do coração, com todos os benefícios e de s vantagens concomitantes da prática. Também é possível que o ancião Pisanob possa usar o poder inerente nos corações para abastecer feitiços necromânticos mais poderosos… tais como os rumores estranhos mas persistentes de Membros sul-americanos clamando ser uma pessoa mas parecendo com outra. Tipicamente um personagem de jogador não conheceria este ritual. O rito é melhor usado como um fim especificamente horrível para um personagem em termos de jogo — é improvável que um coração roubado por meio deste rito volte a jogar (uma vez que Pochtli e companhia precisam dos corações para outras coisas) e essencialmente é apenas um meio muito desagradável para acabar com um personagem. Por este ritual não exigir uma disputa, tudo que você tem a fazer (apenas!) é levar sua vítima ao Templo de Pochtli — o único está no México — então provavelmente fora de seu cenário de jogo usual, assim levando você a ficar fora de jogo por um tempo (Narradores espertos usarão esta viagem como uma oportunidade para outra história, com as dificuldades de contrabandear vampiros por fronteiras internacionais…). Vampiros hábeis podem enganar suas presas previdentes numa “visita” ao templo com promessas de ajuda, poder, saúde ou conhecimentos, embora apenas uma terrível morte o espere.

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Quer conhecer mais sobre os segredos sombrios da Linhagem Pisanob?

Então confira os links abaixo:

Os Reinos Sombrios do Novo Mundo

A relação entre os vampiros do Clã Giovanni e as almas inquietas do Reino Sombrio de Obsidiana.

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Fanpage brasileira do universo clássico de RPG de Mesa, Mundo das Trevas (World of Darkness).