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Esta publicação busca aliar a ampla experiência prática em gestão dos autores com as mais recentes tendências acadêmicas, trazendo dicas rápidas, mas consistentes, para pessoas que têm interesse em conhecer, aprofundar ou relembrar conceitos relevantes de gestão de negócios.

A Revolução da Rede 5G: o que o Futuro nos Reserva?

5 min readJul 13, 2020

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Fonte: https://networks.nokia.com/sites/content/files/17417-nokia-5g-infographic-vfinal-phase1v2.pdf

GENERALIDADES

Em um contexto de rápidas transformações econômicas, particularmente em razão da digitalização, conectividade é fundamental. A próxima geração de padrões de telecomunicações móveis, conhecida como 5G, possibilitará conectividade estável de alta velocidade.

Cronologia aproximada:

  • 1G (1980): analógica, liderada pelos EUA.
  • 2G (1990): digital, liderada pela Europa (Nokia e Ericsson).
  • 3G (2000): melhora na largura de banda, EUA e Japão como líderes.
  • 4G (2008): “economia dos aplicativos”, liderada pelos EUA.
  • 5G (em construção), liderança é alvo de disputa: a China responde por mais de 50% dos novos padrões de telecomunicações, destacando-se a empresa Huawei.

O 5G é mais do que simplesmente uma conexão bem mais veloz que o atual 4G. Ela é uma miríade de tecnologias inovadoras, como antenas, dispositivos eletrônicos e protocolos de comunicação, os quais requerem padrões para permitir a interação entre diferentes redes.

Enquanto a passagem do 3G para o 4G viabilizou a “economia dos aplicativos” (Google, Facebook e uma infinidade de outros serviços), o 5G possibilitará o estabelecimento de redes para o pleno desenvolvimento da Internet das Coisas (IoT), ou seja, a conectividade simultânea entre uma quantidade altíssima de “máquinas”. Celulares, sensores diversos, satélites e veículos de todos os tipos se comunicarão entre si. O valor está nos dados trocados entre esses dispositivos, os quais fornecerão o big-data para análises e para o uso de Inteligência Artificial.

“Cidades inteligentes”, transporte, processos industriais e logísticos, marketing, saúde, agricultura, meio ambiente, energia e defesa são alguns dos campos impactados. Exemplos de aplicações: compartilhamento de vídeos HD, realidade virtual e aumentada, simulações virtuais, uso de robôs colaborativos, cirurgia remota, monitoramento individual da saúde das pessoas, controle de drones e automóveis autônomos, manutenção de equipamentos, monitoramento da rede e de equipamentos de energia, controle de trânsito e segurança pública.

A 5G irá inserir a dinâmica das redes sem fio em infraestruturas críticas. Ela influenciará quase todos os aspectos da sociedade e inspirará inovações e negócios que podem revolucionar o panorama tecnológico.

IMPACTOS ECONÔMICOS

Relatório da consultoria Morgan Stanley (2019), identificou sete áreas de utilização que poderão gerar US $ 156 bilhões em receita anual incremental até 2030. São elas: US $ 64 bilhões para automação industrial; US $ 9 bilhões para jogos na nuvem; US $ 18 bilhões para wireless fixo; US $ 7 bilhões para veículos autônomos; US $ 20 bilhões para vigilância e cidades inteligentes; US $ 4 bilhões para drones e US $ 32 bilhões para serviços remotos de saúde.

Segundo uma pesquisa conduzida pela Gartner (2018), as organizações planejam implantar 5G principalmente para comunicações, vídeo e Internet das Coisas (IoT). A busca de eficiência operacional é apontada como o principal fator motivador no meio corporativo.

Pelas projeções da Ericsson, quase dois terços da população estará coberta já em 2024, e com um número bem maior de conexões. Contudo, a implantação da 5G exige altos investimentos em infraestrutura, particularmente em estações-base, equipamentos de conexão (especialmente cabos de fibra ótica), uma infinidade de antenas e dispositivos, bem como computação na nuvem. Também são desafios as necessidades de estudos sobre o impacto da 5G na saúde e a regulamentação, tanto internacional, como nacional e local.

ASPECTOS TÉCNICOS E LEGAIS

As principais entidades mundiais responsáveis pela padronização 5G são a União Internacional de Telecomunicações — UIT (define requisitos e diretrizes para o desenvolvimento da tecnologia) e o 3rd Generation Partnership Project — 3GPP (define padrões técnicos).

As redes de comunicação móvel tradicionalmente usam bandas de baixa e média frequência, os quais alcançam grandes distâncias e penetram paredes. Como essas faixas de frequências já estão congestionadas, a 5G tende a utilizar bandas de frequência mais altas. Contudo, frequências mais altas alcançam menores distâncias e não penetram obstáculos. Em consequência, diferentemente da 4G que utiliza grandes torres, a 5G necessita de uma imensa quantidade de pequenas antenas. Essas pequenas antenas podem ser do tamanho de detectores de fumaça, mas, assim como os roteadores WI-FI, necessitarão estar conectadas por cabos, os quais demandam dinheiro e tempo para serem instalados.

O processo de criação dessa infraestrutura exige também a obtenção de aprovações e permissões dos governos nacionais e locais. A liberação de bandas pelos órgãos reguladores, particularmente as de alta frequência, tem sido apontada como um fator de atraso para a implantação da 5G. A falta de alinhamento entre políticas públicas e o setor privado tende a atrasar os países na corrida por esse novo padrão tecnológico.

DISPUTAS GEOPOLÍTICAS

As expectativas de alto impacto na economia e a inserção da 5G em infraestruturas críticas, bem como o estabelecimento de novos padrões tecnológicos, têm desencadeado disputas geopolíticas. Os países que conseguirem uma posição de liderança tendem a obter vantagens econômicas e estratégicas significativas.

Em termos gerais, a competitividade no campo da 5G é avaliada pela disponibilidade do espectro eletromagnético, robustez da indústria, investimentos em infraestrutura e iniciativas comerciais no uso das redes 5G. China, Estados Unidos, Coréia do Sul, Japão, Reino Unido, Alemanha e França estão na vanguarda. As empresas em proeminência são: a chinesa Huawei, a finlandesa Nokia, a sueca Ericsson, a sul coreana Samsung, a chinesa ZTE e a japonesa Fujitsu. As norte-americanas Intel e Qualcomm têm relevância na detenção de patentes e na fabricação de microcircuitos eletrônicos críticos para equipamentos de 5G.

Especialistas em redes móveis alertam que os EUA podem ficar atrás da China. O medo é que os chineses estabeleçam o padrão dominante, com seus equipamentos na rede 5G obtendo mais dados, o que é a base para os avanços da Inteligência Artificial. Além disso, equipamentos 5G são portas para espionagem.

A Huawei é forte nas áreas dos equipamentos de redes, dos negócios de telefonia móvel e fabricação de chips. A empresa é acusada de roubar tecnologia e ter estreitas ligações com o governo chinês, o que pode viabilizar espionagem cibernética. Receia-se que, em caso de conflito com a China, a Huawei possa desligar boa parte da rede 5G e talvez transformar dispositivos conectados à IoT, como carros autônomos, em armamentos.

O Pentágono confia que o setor comercial dos EUA ajudará na corrida da 5G contra a China. Argumenta que as inovações na 5G acontecerão no setor privado e busca encontrar formas de incentivar a inovação nessa área.

SEGURANÇA E APLICAÇÕES MILITARES

O crescimento da quantidade de dispositivos conectados aumentará as ameaças à segurança. Estima-se que o número de ataques cibernéticos se amplie, os quais se aproveitarão de vulnerabilidades em variados equipamentos e também no sistema como um todo.

No campo militar, à semelhanças dos empregos civis, a 5G permitirá que uma enorme quantidade de dados seja compartilhada, possibilitando consciência situacional do campo de batalha e comunicação instantâneas, bem como tomada de decisões mais rápidas.

CONCLUSÃO

A 5G ainda não é a rede móvel dominante no mercado. Contudo, para um futuro breve, sua predominância parece ser inexorável. O quebra cabeça-cabeça começa a se formar, já sendo possível reconhecer seu potencial para interligar pessoas e coisas. A implementação da 5G enfrenta desafios econômicos, técnicos, de regulação e geopolíticos. Estamos em um momento interessantíssimo para acompanhar o desenrolar dos fatos para então saber em qual tipo de conectividade estaremos vivendo nos próximos anos.

Referências

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Rodolfo Wadovski
Rodolfo Wadovski

Written by Rodolfo Wadovski

Oficial da Reserva da Marinha do Brasil, Mestre e Doutor em Administração pelo Coppead/UFRJ

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