Charlotte Hornets — Guia NBA 2017/18

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readSep 22, 2017

Voltar aos playoffs vai depender do casamento de Kemba Walker e Dwight Howard

Ah, Charlotte Hornets o grande motivo de piadas dos fãs da NBA. Desde sua criação a franquia não conseguiu muitas temporadas com resultados positivos, são 44% de vitórias em toda sia história, a 5ª pior marca da liga. A gozação piora com o fato do time nunca ter chegado numa final de conferência e de serem detentores da pior porcentagem de vitórias em uma temporada, com os 10.6% em 2011/12.

Michael Jordan adquiriu o Hornets em 2010, buscando dar uma reviravolta em seu status. Porém, ainda não foi possível estabelecer alguma consistência. Foram três idas aos playoffs nesse período, todas caindo na primeira rodada.

Se há algo que podemos elogiar é a não afobação em tentar um sucesso imediato. Muito foi buscado através de drafts, mas, obviamente sem sucesso no desenvolvimento da maioria dos jogadores. A maior questão agora é em como cercar Kemba Walker de talentos que valorizem suas qualidades.

Como foi temporada passada?

Depois da grata surpresa que foi 2015/16, com o estabelecimento de Walker como um All-Star e Jeremy Lin sendo um candidato — e talvez verdadeiro merecedor — do prêmio de melhor sexto-homem. Se esperava que mesmo com a saída de Lin, o desempenho fosse possível ser mantido.

Nicolas Batum também vinha bem, já reconhecido como um dos atletas mais completos da liga, capaz de contribuir como titular em todas as estatísticas.

Era necessário apenas que dentro do elenco, o frontcourt da equipe desempenhasse melhor. Principalmente se tratando de Marvin Williams e Michael Kidd-Gilchrist. Mas, não foi bem isso o que aconteceu.

Kemba não necessariamente deu um passo acima no rol de estrelas da liga. suas estatísticas melhoraram sim, a média de pontos aumentou em 2.3 pontos, e a de assistências subiu em 0.3. O aproveitamento nos chute do perímetro subiram, também, de 37.1% para 39.9%.

Mas não foi o bastante para guiar o time para uma segunda pós-temporada seguida

Naturalmente que isso não é culpa do armador, mais ninguém além de Batum, dentro do que se esperava agregou valor o bastante. Além do franchise player, 5 jogadores fizeram 10+ pontos : Batum, Williams, Cody Zeller, Frank Kaminsky e Marco Belinelli. Mas nenhum em uma sequência decisiva, seria necessário, a bem da verdade, alguém pontuando cerca de 18 pontos por jogo e o mais próximo disso foi o francês com 15.1 pontos. Mas, como disse, a contribuição veio em diversos outros setores, 6.2 rebotes e 5.9 assistências, estatística a qual liderou na equipe.

Marvin Williams e MKG estagnaram e pouco conseguiram adicionar vitórias. Deixando Walker mais uma vez como estrela solitária.

Talvez os saldos mais positivos vieram de Zeller, mais confortável atuando como titular em sua quarta temporada na liga. O outro foi Kaminsky, que provou ser uma boa oportunidade saindo da segunda unidade e podendo ser um role player ou bom sexto-homem no futuro.

Num geral, o início da temporada foi animador e nos fez pensar que não só os playoffs viriam com certa facilidade, mas que Kemba não seria um candidato absurdo ao prêmio de MVP. O recorde nas 10 primeiras partidas foi de 7–3, com o armador fazendo 25.8 pontos, 5.6 assitências e o absurdo aproveitamento de 47.8% nas bolas de três.

O ritmo diminuiu no decorrer do ano e o Hornets amargou a 11ª posição na Conferência Leste. Ao final da temporada o time titular era basicamente Kemba, MKG, Batum, Williams e Zeller

O que mudou?

As peças principais e os jogadores reservas mais importantes foram mantidos. Assim como o treinador Steve Clifford e o GM Rich Cho.

A maioria dos atletas incorporados foram aqueles que terão poucos minutos ou ficarão indo e vindo da G-League. Mas houveram três contratações chave que podem conferir mais competitividade ao time, levando em consideração o enfraquecimento de diversas franquias do Leste.

A primeira veio do draft. Cho pode ter acertado em algum contribuidor imediato pela primeira vez desde que escolheu Kemba em seu primeiro ano em Charlotte. Aproveitando a profundidade de talento na classe de 2017, ele selecionou talvez o melhor disponível na 11ª posição, Malik Monk.

Monk é um dos chamados “mais prontos” para NBA. Se faltava um pontuador de qualidade nesse elenco, o calouro vindo de Kentucky pode ser a solução. Ele liderou sua universidade em pontos, com 19.8 por jogo, acertando 45% de seus arremessos de quadra e 39.7% de seus chutes de três.

O sucesso em produzir ao lado de um armador que domina a bola como De’Aaron Fox pode facilitar sua adaptação ao lado de Kemba. Anima ainda sua altura e boa perspectiva de evolução no setor defensivo.

O outro a chegar foi Michael Carter-Williams. Mesmo sem contribuir bem desde seu ano de rookie, ele pode ser uma opção consistente substituindo o titular da posição, principalmente para defender outros armadores mais altos.

E, finalmente, tivemos a troca que enviou Belinelli e Miles Plumlee ao Atlanta Hawks por Dwight Howard. O salário não condiz com seu nível de produção nos últimos anos, mas para um elenco o qual a maior deficiência é justamente no garrafão é um grande achado pelos valores envolvidos na troca.

O 3x Melhor Defensor do Ano não precisa fazer muito para se fazer útil. Basta continuar rebotando na casa dos dois dígitos — e sabemos que ele ainda tem físico pra isso — , colocar números razoáveis em tocos, e principalmente ser o homem dos pick and rolls de Charlotte.

Apenas os corta-luz serão o suficiente para deixar Kemba Walker em boa posição pra pontuar, e garantir o mesmo espaço para Malik Monk. Num time repleto de arremessadores de longa distância razoáveis quando livres, o desempenho de Howard nesse aspecto específico mudará completamente o status de competitividade da equipe. Podendo transformá-los em uma grata surpresa na temporada regular.

O maior erro, talvez, tenha sido mandar Frank Mason III para o New Orleans Pelicans, alguém que poderia agregar bastante no banco, até mais que MCW

Com as aquisições o time titular deve ser: Kemba Walker, Malik Monk (Jeremy Lamb), Nicolas Batum, Cody Zeller (Marvin Williams) e Dwight Howard.

Jogador destaque

A face indissociável à Charlotte há umas boas temporadas é Kemba Walker. Ele é o centro do lado ofensivo da franquia, além de ser o único jogador com qualidade de All-Star.

Em seus 6 anos de produção, são 18.4 pontos por jogo. Sendo que nas últimas duas temporadas ele se estabeleceu como uma presença dominante com 20+ pontos de média em ambas.

Não é a ele que falta talento, e sim àqueles que o cercam. Principalmente de um Big Man capaz de fazer um screen decente que o livre de marcadores de perímetro mais embaçados.

Potencial revelação

Malik Monk é outro que soa como escolha óbvia. Seu rival direto para ocupar a posição de ala-armador é Jeremy Lamb que, convenhamos, passou longe de virar o grande jogador um dia prometido por scouts.

Ele é um pontuador nato, capaz de produzir highlights tanto em seus chutes de longa distância quanto usando seu atleticismo para enterrar em cima de pivôs.

Basta ver se cairá novamente a maldição do subaproveitamento de suas qualidades e da falta de responsividade às expectativas que ocorreu com Marvin Williams e Kidd-Gilchrist. Faço aposta alta em que ele já poderá produzir e se fixar como titular da equipe em seu primeiro ano.

Expectativa na temporada

O Oeste perdeu diversas estrelas para o outro lado do mapa, isso já abriria espaço para o elenco do ano passado tascar uma vaga baixa nos playoffs.

Porém, o Hornets se reforçou bem nos setores necessários e pode inclusive surpreender além do esperado chegando entre os quatro primeiros colocados. Parece absurdo, já que nenhuma das contratações são certezas de produtividade, mas se tudo encaixar como o planejado, espere esse time roubando vitórias de equipes mais fortes.

É isso, não pegar playoffs em 2017/18 pode ser considerado fracasso!

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