NBA — Semana 15: Dallas Mavericks e o contrato de 10 dias de Yogi Ferrell são juntos a melhor história dessa temporada

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
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4 min readFeb 10, 2017

Com contrato de 10 dias e virando titular, o calouro criou a melhor história desde a Linsanity

Yogi e Dallas foram feitos um para o outro (Ilustação:Heitor Facini/Buzzer Beater)

As vezes é complicado entender o que realmente aconteceu na vida. Uma série de fatores sempre acaba levando a uma troca de experiências e momentos únicos que todos os caminhos apontavam para isso ser absurdo mas, no fim, tudo apontava para que isso acontecesse.

Esse era Mark Cuban no início de temporada do Mavs (Foto: Danny Bollinger/Flickr)

Pegamos o Dallas Mavericks. Desde a temporada 2000–01 o time ficou fora dos playoffs apenas uma vez, em 2012–13. Temporada essa que Dirk Nowitzki, principal nome da história da franquia, ficou fora de 29 jogos, e que no caso o time não teve recorde negativo (41–41). Pois bem, esse ano. Dirk lesionado no início (até o momento perdeu metade da temporada), uma das principais contratações, Andrew Bogut também lesionado. O time a beira do caos, caindo pelos pedaços (como falado aqui) com apenas Harrison Barnes segurando as pontas. Não parecia em nenhum momento o time do Dallas, o mais regular desse século após o San Antonio Spurs.

Agora pegamos Yogi Ferrell. Em 2004 ele era simplesmente considerado o melhor jogador de basquete dentre os jogadores da 4ª série de todos os Estados Unidos pelo ranking Hoop Scoop. Isso fez um alvoroço na vida do garoto. Todos os olheiros queriam ver ele jogar. Todos os garotos que o enfrentavam queriam mostrar que eram os maiorais em cima do melhor jogador do país. O que os pais fizeram? Tiraram ele do programa de basquete. No ensino médio ele foi para Tudor Park, onde não tinha nenhuma história no basquete. Ganhou dois títulos estaduais. Acabou sendo recrutado por Indiana. Lá, durante 4 anos no basquete universitário, foi eleito duas vezes para o primeiro time, uma vez para o time defensivo dos Big Ten.

Chegou em 2016, ele não foi selecionado para a NBA e partiu para o caminho mais comum de todos os bons prospectos que não chegam: D-League. Foi mais de uma temporada lá. No meio do caminho duas chances no Brooklyn Nets, duas vezes jogado para escanteio. Quando ele ia para a D-League, caminhando para jogar no jogo das estrelas, o Mavs, de Mark Cuban, que aliás foi para a mesma universidade de Indiana, decidiu contratar ele por 10 dias.

O time, que já estava capengando com seus titulares, tinha perdido Barea e Deron Williams por lesão. Yogi virou titular. Um cara com um contrato de 10 dias virou titular num time que é o segundo mais regular deste século.

Aí você para e pensa. Se o Dallas tivesse com Dirk inteiro, levando a lógica, acabaria tando tão mal na liga para o ponto de darem um contrato de 10 dias para um cara da D-League ser titular? Não. Se o Mavs não tivesse errado tanto nas contratações esse ano ele precisaria dar essa chance para Yogi? Provavelmente não.

Pelo outro lado, se Yogi não tivesse sido colocado tão alto num ranking com pouco mais de 10 anos os pais deles teriam tirado do basquete? Se isso acontecesse, ele teria desenvolvido e ido para um colégio com história no basquete. Teria ido em seguida para uma universidade com fama no basquete e provavelmente seria selecionado pelo menos como segunda rodada do Draft.

Ou se ele tivesse feito um contrato de 10 dias anteriormente com uma franquia menos problemática que o Brooklyn provavelmente os dois não teriam seguido caminhos opostos. Por que, se parar para analisar, o Brooklyn realmente precisa de um armador.

Mas enfim, parece que desde o início estava traçado que os caminhos de Yogi Ferrell e do Dallas Mavericks estavam cruzados desde o princípio. A partir daí é só magia. O time tinha a sua frente o Spurs em San Antonio e receberia o Cavaliers em Dallas. Dois dos melhores times da liga. Vencidos. Em sequência receberam também o Philadelphia 76ers do melhor rookie do ano Joel Embiid. Venceram. E por fim, veio o dia em que Yogi marcou o nome na história. Ao ir a Portland, enfrentar Damian Lillard e companhia, Ferrel fez magia. 9 cestas de 3 em 11 tentadas, fez com que Damian Lillard acertasse apenas 4 arremessos de 20 tentados.

No Dallas, Ferrel vem tendo 16.3 pontos, 4.5 assistências e 1.7 roubos de bola com apenas 1.7 erros por jogo. Conseguiu assim sacramentar e assinar um contrato de 2 anos. Talvez esse seja o melhor contrato de 10 dias da história?

Não conseguiria por mais que pudesse olhar as estatísticas a fundo para entender o que Yogi faz para que o Dallas fique tão bom. Pode ser simplesmente mágica? Mas, até o momento atual, os 10 dias de Yogi em Dallas são juntos a melhor história dessa temporada da NBA.

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