NBB9 — Semana 12: Revendo o mau momento do Flamengo

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
4 min readFeb 2, 2017

O time, antes invicto, acumula três derrotas seguidas, e mais adversários perigosos pela frente.

Com atuações abaixo do esperado, começo do segundo turno tem sido terrível para o Mengão (Luiz Pires/LNB e Staff Images/Flamengo/Divulgação)

Há algumas boas semanas atrás, mais precisamente no dia 8 de Dezembro. Postamos um texto com a seguinte, e oportuna pergunta: Quem vai parar o Flamengo? Na ocasião, estávamos na 6ª rodada e o Rubro-negro ainda não havia perdido. Na verdade, eles só viriam a conhecer um revés na nona partida em que disputaram, contra o Basquete Cearense, no dia 20 daquele mês.

Nada que pudesse causar qualquer desespero. Até a 14ª rodada, quando seguraram o Mogi das Cruzes em menos de 60 pontos, o recorde ainda era invejável, 12 vitórias e apenas 2 derrotas, 85.7% de aproveitamento e a liderança disparada.

E esse acabou sendo um momento fatídico, que marcou a última vitória da equipe. O começo da segunda rodada marcou uma onda de resultados negativos e lesões de peças fundamentais.

As lesões a a falta de reposição

O Flamengo nunca havia perdido três vezes consecutivas durante a fase de classificação do NBB. É óbvio que não podemos simplesmente ligar o alarme vermelho e dizer que o Fla está em crise. Afinal, qualquer equipe de esportes coletivos é passível de sofrer com um momento ruim. Cabe a nós localizar e avaliar quais fatores acumulados levaram a essa sequência negativa.

O Flamengo não é um time necessariamente jovem; tem seus principais jogadores, todos acima dos 30 anos. Até por isso a segunda unidade da equipe tem bastantes por jovens talentosos. Pedrinho Rava, Léo Bispo, Lelê. Inclusive, as próprias contratações visaram trazer um sangue mais jovem e capaz de contribuir, desde já, com Ricardo Fisher e Humberto, principalmente na armação.

Assim,chegamos no primeiro fator, e talvez o mais determinante, o histórico de lesões da temporada. Fisher e Humberto já haviam chegado “bixados”, o que limitou as opções do time na armação. Tendo assim dois alas-armadores dividindo essa responsabilidade no time titular, caso de Marcelinho Machado e Ronald Ramon. Além de aumentar a responsabilidade do craque do time, Marquinhos, em cantar e puxar as jogadas.

Marcelinho, apesar da idade, encaixou bem novamente no time titular e estava fazendo sua melhor temporada desde o NBB 4. Suas médias até agora são de 18 pontos por jogo, 3.7 rebotes e 4.4 assistências (a melhor dele nos NBBs nesse quesito).

Porém, aí que a casa caiu. Já era bizarro o time estar dando certo sem um armador de ofício nos 5 iniciais, mas a bola estava sendo movimentada com competência, com o time sendo o 3º em assistências por jogo em toda a liga. Só que após o jogo com o Mogi, Marcelinho machucou, ou seja, foi-se a segunda maior fonte de pontos da equipe, atrás apenas de Marquinhos.

A partir daí os números ruíram

“Oras, mas Marcelinho era tão importante assim”. Para esse time com poucas opções prontas na rotação, SIM! As médias no Flamengo estão irreconhecíveis, nesses últimos jogos, principalmente em se tratando do desempenho ofensivo.

O time até manteve um desempenho defensivo razoável, sua média de pontos sofridos é de 77.4 por peleja, enquanto nesses três últimos jogos permitiu os semelhantes 77.6. O problema foi o ofensivo e a efetividade na conversão desses pontos, a equipe que até jogar contra o Bauru Basket ainda não havia feito menos de 80 pontos numa partida do torneio, o fez duas vezes nessa série de revezes (63 contra Bauru e 77 contra o Vasco). Devido a isso, a média de pontos do time na temporada, que é 86.8, foi de 77.3 pontos nos últimos três jogos.

O Rubro-negro havia 80+ pontos em todas as partidas, porém quando enfrentou Bauru, nem chegou aos 70 (Caio Casagrande/Bauru Basket)

Fica só nisso? Opa, aí que não! Sem Marcelinho para participar da distribuição das bolas bem como conferir mobilidade para os outros atletas em quadra, o número de assistências caiu drasticamente, foi de, aproximadamente, 19.6 por jogo (3ª melhor marca da liga) para 15.3, sendo concentrada principalmente nas mãos de Ramon e Marquinhos.

Tem mais queda? Só mais uma, e também bem acentuada! O Rubro-Negro não é a equipe mais empolgante se pensarmos nos chutes de longa distância. São a 3ª pior equipe da liga, com 32.4% por cento, porém não é algo absurdo se pensarmos que o Basquete Cearense, o 4º melhor, converte 33.6% de suas chances. Mas nesse curto período de derrotas o Fla tem uma média esquecível, 20.9% (o time chegou a matar apenas 11.1% dos triplos contra Bauru). Não que Marcelinho fosse melhorar essa média com seus arremessos, ele tem 32.5% de aproveitamento na temporada. Mas, tendo consciência de sua histórica capacidade de matar triplos, e a própria mobilidade e liberdade que ele daria para caras como Marquinhos, Ramon e Olivinha, pode ter certeza que os números não seriam tão terríveis.

Agora vem o final da prova de fogo

Temos que convir que o acumulado de lesões, calhou de pegar a pior sequência de adversários que o Fla poderia ter. Entre 14 de Janeiro e 16 de Fevereiro, os adversários foram e serão: Brasília (perdeu); Mogi das Cruzes (venceu); Franca (perdeu); Bauru (perdeu) e Vasco (perdeu); Pinheiros (jogarão); Mogi (jogarão) e Campo Mourão.

Essas três partidas que virão por sinal, são importantíssimas. Não que o Flamengo vá perder os playoffs ou sair do G-4. Porém, para a corrida longa e chegar na pós-temporada, vencer esses adversários que provavelmente estarão lá, e com força, servirá para garantir confiança aos próprios atletas.

E se a sequência de derrotas se estender, aí rapaz…

--

--