Paulistano — Guia NBB 2017/18

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readDec 31, 2017

Uma das equipes que melhor contratou, a jovem equipe da capital voltou ainda mais encorpada

Finalmente chegamos à última prévia sobre as equipes do NBB para a temporada 2017/18. Apesar de já estarmos com boa parte do primeiro turno da fase de classificação percorrida seria injusto deixar de falar do jovem e cativante Paulistano.

Não se esperava uma longa corrida na pós-temporada para um time tão jovem quanto o da capital paulista. Superando nossas expectativas, as dos torcedores — e possivelmente as da própria comissão e diretoria do clube — eles seguiram firmes até uma final inédita contra o Bauru Basket.

O título não veio, como já sabemos, mas o vice-campeonato provou que a renovação do basquete brasileiro segue um bom caminho. E ainda abriu margem para que o Paulistano pudesse se fortalecer ainda mais para atual temporada adquirindo o status de favorito para ter um repeteco da final na pós-temporada.

Como foi temporada passada?

Mesmo para o mais otimista torcedor da equipe era difícil imaginar que chegariam tão longe quanto chegaram. A temporada no imaginário geral era uma etapa para que um time recheado de jóias brutas pudessem se refinar, adquirir experiência e, com reforços futuros, desafiassem a hegemonia Flamengo-Brasília em títulos nacionais.

Com média de idade de 21,5 anos se esperava muito que dois de seus garotos tomassem um protagonismo ao qual ainda não estavam acostumados. Mesmo com figuras mais experientes no time titular como Renato Carbonari e Jonathan Luz, caberia a Lucas Dias e Georginho como foco na decisão das jogadas. O resultado foi um início de campeonato inconstante, sem muito brilho.

Muito em conta da falta de confiança de Lucas Dias, ainda baleado devido a uma lesão. Porém em determinado momento o time engrenou. A mão da gestão de Gustavo De Conti pesou, a molecada voltou a jogar bola e o próprio ala-pivô recobrou sua confiança, os pontos e o aproveitamento nos arremessos de três dobraram.

Assim o time se classificou para os playoffs na sexta colocação, atrás do Bauru. Nos playoffs algumas provas de fogo. Venceram Basquete Cearense e, o igualmente jovem, Franca em cinco jogos. A convicção sobre a possibilidade se estabeleceu e fortaleceu com a varrida para cima do Vitória nas semifinais.

Com o time motivado e em grande forma, e a súbita evolução do menino Yago Mateus sendo aproveitado em momentos decisivos deu força para que não se intimidassem frente aos veteranos do Dragão. Prova disso foram as duas vitórias nos dois primeiros jogos da série — uma delas em pleno Panela de Pressão.

Entretanto não conseguiram segurar a vantagem sofreram a virada que culminou na derrota no jogo decisivo em Araraquara.

Mesmo assim provaram o valor de sua juventude e grande prova do sucesso foi a presença massiva de membros do clube nas premiações individuais. Arthur Pecos foi o melhor sexto-homem, Georginho foi o jogador que mais evoluiu e Gustavinho, o treinador, foi eleito o técnico do ano.

O que mudou?

O Paulistano perdeu peças significativas após a temporada 2016/17. Pecos foi para o Flamengo, Renato para o Vasco, o argentino Hure voltou para seu país natal e Georginho assinou com o Houston Rockets da NBA. Todos peças importantíssimas na rotação.

Seria algo preocupante, se a atuação no mercado não tivesse coberto as carências deixadas com tanta eficiência e deixando o elenco ainda mais profundo.

Lucas Dias, Yago, Jonathan e Guilherme Hubner renovaram com o time. E ainda chegaram Dú Sommer, Elinho, Lucas Colimério e as três principais contratações os norte-americanos Kyle Fuller e David Nesbitt, e mais tardiamente, livre por conta da desistência do Brasília, Deryk Ramos.

Assim, um time que com poucas contratações pontuais manteriam o status de competidor para as primeiras posições se transformou em favorito.

Até agora vimos excelentes sinais de todos os contratados. Fuller provou seu valor como um exímio pontuador; Dú Sommer galgou um espaço valioso na rotação; Deryk, mesmo que não tão dominante, é um perigo constante nos chutes de longa distância; e até Elinho, o qual muitos acharam que acabaria perdendo alguns minutos para Yago entrar mais, é o atual líder de assistências da liga com 7.7 por jogo.

Prova do entrosamento fácil foi o título paulista antes do começo da temporada, pra cima do badalado e reforçado Franca.

No NBB, até aqui, ainda há o que se acertar, mas já é melhor que os primórdios da edição passada. Eles ocupam a quinta colocação, empatados com o Franca em sete vitórias e três derrotas — mas perdem no critério do confronto direto. Porém depois da derrota para Pinheiros, no dia 6 de Dezembro, eles não encararam nenhum revés, cinco vitórias seguidas.

Jogador destaque

Com dez partidas jogadas poderíamos dizer que Kyle Fuller conseguiu um pouco dessa pontuação de destaque, inclusive sobre como vem conquistando a própria torcida.

Entretanto é difícil não dar os créditos a Lucas Dias aqui. O jovem cresceu quando precisaram dele na pós-temporada passada e em sua segunda temporada pelo clube. E mesmo não pontuando tão bem, suas atuações como combo-ala o conferem algumas contribuições em estatísticas que o gringo não faz muito bem.

Mesmo sem ter melhor índice de eficiência da equipe — abaixo de Nesbitt e Elinho — , os 10.9 pontos, 4.4 rebotes, 2.2 assistências, 1.4 bolas recuperadas de média o mantêm como um dos focos de decisão de jogadas da equipe, mesmo com as taxas de conversão dos arremessos de quadra, três pontos e lances livres não estarem tão bem assim.

Potencial revelação

Revelação e Paulistano são duas palavras que combinam muito. E é impossível não fazer a associação dessas duas palavras sem a imagem de Yago surgir à mente. Aos 18 anos ele é uma dos diamantes do basquete brasileiro, tendo seu valor reconhecido nas convocações de Aleksandar Petrovic, treinador da seleção, para as qualificatórias da Copa do Mundo.

Com Elinho, Deryk e Fuller dividindo funções na rotação dentre os armadores o jovem não tem tido tantas oportunidade assim. A média de minutos é de 11.1 por partida, menor até que a da temporada passada, 14.5. Algo que deve aumentar com o decorrer de 2017/18, principalmente quando seu sangue frio em momentos decisivos pesar.

Por enquanto Yago tem 3.6 pontos, 1.8 assistências e 1.0 rebotes, mas quem já acompanha o garoto sabe que isso é apenas uma etapa de sua carreira que já nos deixa cheios de expectativas.

Expectativa na temporada

O Paulistano tem indubitavelmente um dos elencos mais profundos do NBB. Não apenas com um time titular regular e coeso, como um banco recheado de jogadores que podem entrar e fazer a diferença. E fizeram isso sem precisar abrir mão da garotada para adicionar um batalhão de veteranos.

A equipe vai brigar até o fim por uma das quatro vagas que classificam diretamente para as quartas de final. O equilíbrio dessa edição torna isso uma tarefa difícil; algo que ainda se combina com os grandes momentos de Mogi, Pinheiros e Flamengo.

O que importa mesmo, no final das contas, é o desempenho nos playoffs, e já tivemos a prova de quem Gustavinho tem o pulso firme necessário para extrair o melhor possível desses garotos. Parece um pouco prepotente, mas deixando um pouco de lado o que aconteceu na temporada até aqui e avaliando as perspectivas que tínhamos antes do início, acho difícil o Paulistano não chegar às semifinais pelo menos

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