Será na terceira tentativa o título do Bauru Basket no NBB?

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
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4 min readMay 27, 2017

Da mesma maneira que ontem, expomos pontos que fazem do Dragão apto ao título

Confiando na experiência e no peso da camisa nos últimos torneios, o Bauru busca sua primeira taça do NBB (Foto: Divulgação/LNB)

Não falta muito para o início do primeiro jogo das finais do NBB. Finalmente, na nona temporada da liga nacional teremos um campeão que não seja o Flamengo ou o Brasília. As duas equipes que chegaram à tão sonhada final parecem ter sido escolhidas à dedo pelo destino. De um lado a artilharia jovem, atlética e saturada de bons armadores do Paulistano Basquete. Do outro experiência, defesa e dependência de suas estrelas para arrumar o jogo no Bauru Basket. Opostas como água e óleo, seja no estilo de jogo, seja na formação do elenco, um fato devemos apontar, ambas as equipes merecem estar no palco que pisarão logo mais.

Ok! Se ambas merecem, o quê tem cada uma para levantar o troféu? Ontem apontamos os aspectos do Paulistano, então hoje é a vez do Bauru. O primeiro ponto a ser tocado é que o próprio Dragão, finalista das duas últimas temporadas, não teve o seu começo de temporada dos sonhos. Mesmo com a boa temporada de Rafael Hettsheimeir, o time não conseguia conquistar espaços. Eis que veio o inesperado! Hetts saiu, foi jogar na Europa, além dele o time possuía apenas garotos na reserva e o super experiente e físico Shilton, que ocupou a vaga de titular.

Pela lógica o time pioraria, certo? É o que os adversários desejariam. A presença defensiva de Shilton bem como sua tenacidade em rebotar deram um chega pra lá na desconfiança por sua idade. O time começou a render mais, acabou o torneio com a melhor defesa do campeonato, sofrendo apenas 74.5 por jogo. A eficiência do pivô permitiu certos riscos no ataque, como a chuva de bolas de três que a equipe está acostumada, foram 10 bolas de três convertidas por confronto, 2ª maior marca da liga e algo que os deixariam empatados com Charlotte Hornets em 11º lugar na NBA!

Alex Garcia, 37 anos; Jefferson William, 34 anos; Shilton, 34 anos; e Valtinho , 40 anos. Todos esses jogadores experientes representam uma alta parcela de distribuição de minutos. Alex e Jefferson são essenciais em quadra tanto tecnicamente como lideranças, por isso jogam mais 30 minutos por jogo. Shilton é titular, mas joga cerca de 20 minutos por jogo, o fôlego escasso e a exaustão da briga no garrafão obrigam o treinador a apelar para formações mais abertas durante o jogo. Valtinho é reserva de qualidade para Gegê, o Bauru sofreu com a saída de Ricardo Fisher da armação, por isso sua experiência é inestimável.

O que esse último parágrafo falando de idades tem a ver com o jogo? O adversário é o Paulistano, um time com média de idade de cerca de 21 anos. O Bauru até tem seus jovens promissores como Gabriel Jaú, Stefano ou Michael, mas apenas Jaú ganhou alguns minutos de qualidade nos playoffs. Agora, quem pensa que a dependência desses atletas mais experiente é uma desvantagem, pode estar bem enganado.

Nem vou entrar no mérito do quão absurdo e incansável é Alex Garcia, vamos falar do jogo do time paulista mesmo. Em teoria a molecada do Paulistano pode sim cansar, porém as coisas não operam nessa simplicidade utópica. O sistema do Dragão é feito para que essas engrenagens “mais velhas” funcionem. Posses com passes extras até achar um homem vire para chutar; valorização dos rebotes para que o time possa ter posses para trabalhar; tenacidade e inteligência na defesa compensam pelos limites da idade. Entenda Bauru como aquele celular antigo, que não quebra de maneira alguma, mesmo com o passar do tempo; não é touch, não tem opções de alta-tecnologia, mas opera em aplicações básicas e necessárias ao cotidiano.

Dito isso, o há algumas discrepâncias entre os principais jogadores dos times. Num ranking entre os principais pontuados das equipes nos playoffs. No top 5 pontuadores, 3 são bauruenses. Olhando mais a fundo a pontuação entre o time da capital até é melhor distribuída. Mas estamos falando de jogos decisivos, uma final! O peso da capacidade de alguns jogadores em determinar os rumos das partidas é essencial. Jefferson e Alex estão disparados na primeira e segunda colocação, respectivamente. O primeiro tem 18.8 pontos por jogo, enquanto o Brabo tem 17.6. Já o terceiro é Lucas Dias, do Paulistano, que por mais que tenha crescido de produção na pós-temporada, tem 14.7. O que quero dizer é, na hora de uma decisão, um momento clutch Bauru tem dois atletas capazes de chamar a responsabilidade, tanto em termos de capacidade, tanto em termos de experiência para isso.

E caso queira colocar os trunfos coletivos de ambas as equipes na balança. Podemos dizer que o time da capital não é tão melhor que Bauru no ataque quanto Bauru é melhor que eles na defesa. Um pouco confuso, certo? Vamos aos números! A cada 100 posses, O Paulistano faz 112.5 pontos, enquanto o Dragão faz 109.2, uma diferença de 3.3 em favor do alvirrubro. Porém na defesa, a cada 100 posses do adversário, o Bauru sofre 101.6 pontos, já o Paulistano sofre 106.2, ou seja, 4.6 pontos a mais que o time do interior.

Resumo

Se o Paulistano faz de sua jovialidade uma arma, o mesmo vale para a experiência de Bauru. Ainda que enfraquecida em relação ao ano passado, a equipe tem dois jogadores material de MVP, Jefferson William e Alex Garcia. A produção de pontos de ambos, bem como a manutenção da eficiência de caras como Léo Meindl nos playoffs será essencial. Pesa ainda as frustrações de dois anos consecutivos como vice-campeão, um terceiro ano na mesma condição deve ser um pouco imperdoável na cabeça de alguns dos atletas!

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