Toronto Raptors — Guia NBA 2017/18

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readOct 6, 2017

Sem movimentos significativos, a aposta continua em sua dupla de armadores

Sem muita necessidade de fazer grandes movimentos ou alguma tentativa ousada de troca, olhar para o elenco do Toronto Raptors na temporada passada e para o atual não tem diferenças significantes.

A bem da verdade a equação e o formato de que se espera ver já está bem consolidado há alguns anos. A combinação Dwane Casey no comando e Kyle Lowry e DeMar DeRozan tocando o show em quadra tem dado muito certo para a franquia canadense.

As principais movimentações no últimos anos têm sido para completar o quinteto titular com talento e montar uma segunda unidade mais concisa. O resultado até então tem sido satisfatório, com idas aos playoffs consecutivas desde 2014. O que falta então para esse time colocar uma competição à frente do Cleveland Cavaliers?

Como foi temporada passada?

O Raptors tem uma fórmula, um time consistente no qual confiam para conseguir o sucesso relativo que vemos já há alguns anos. A temporada 2016/17 não foi diferente nesse sentido.

E realmente não havia muito dum porque de ficar à caça de grandes estrelas. DeMar DeRozan e Kyle Lowry são mais do que o suficiente para dar conta do recado. A base do time, ainda formada por Jonas Valanciunas, é bem mais densa do que a maioria das franquias do Leste.

O time perdeu pompa e caiu para a terceira posição na conferência graças ao bem armado Celtics de Isaiah Thomas e Brad Stevens. Mesmo assim continuou com a regularidade conhecida.

DeRozan continuou demonstrando o quão brilhante é ofensivamente. Em tempos de chutadores monstruosos até entre os chamados big men, com seu jogo ao redor do aro e arremesso de média distância ele explodiu em pontos na temporada.

Ele foi o quinto maior cestinha da liga com 27.3 pontos por jogo, foi o foco ofensivo absoluto da equipe definindo 34.3% das jogadas quando estava em quadra. E como disse, ele não é um chutador de longa distância, 92% de seus arremessos foram de 2 pontos. Ele foi o vice líder em toda a liga de em chutes de dentro do perímetro convertidos — atrás apenas de Anthony Davis.

Enquanto o ala-armador encarava a briga lá dentro, com seu eficiente chute saindo do drible e fade-aways, Kyle Lowry, não só se responsabilizava pela armação, mas aparecia como uma excelente opção da linha de três.

Pela primeira vez em sua carreira o armador acertou mais de 40% das tentativas de longa distância. E isso arriscando ainda mais do que no ano anterior, 3.2 convertidos por jogo em 7.8 tentativas.

Com isso, ele teve sua melhor média de pontos da carreira, 22.4, e uma terceira seleção seguida para o All-Star Game. Somaram ainda em suas médias 7 assistências por jogo e 1.5 roubos de bola, mantando-se como um dos bons defensores da liga.

A contribuição em diversos setores, por sinal, lhe garantiu mais win shares do que seu companheiro de backcourt, 10.1 ao longo de toda a temporada.

Completaram a temporada o elenco formado por um Jonas Valaciunas saudável e rebotando melhor do que nunca, e mais à frente na temporada chegou Serge Ibaka, não conseguiu segurar a barra no comando do Orlando Magic e voltou a uma equipe mais competitiva com papel de coadjuvante.

Porém, mais uma vez precisaram encarar o Cleveland Cavaliers nos playoffs, dessa vez nas semifinais, e não conseguiram evitar a varrida do time de LeBron James.

Enfim, um quinteto titular muito sólido, capaz de manter ou até melhorar seu status na temporada seguinte, formado por: Kyle Lowry, Dear DeRozan, DeMarre Carroll, Serge Ibaka e Jonas Valanciunas.

O que mudou?

Nada de muito significativo nas mudanças do elenco. Nenhuma força absoluta que eleve o nível da equipe, apenas quem precisava ficar ficou!

O mais significativo talvez tenha sido a saída de DeMarre Carroll não produziu nem 50% do que fez em seus tempos de Atlanta Hawks e achou uma nova casa em Brooklyn.

À bem da verdade o que podemos dizer é que a segunda unidade ficou mais fraca. Nomes como Terrence Ross, Cory Joseph e Patrick Patterson não estão mais lá. O que dá maior status para reservas como Norman Powell, Delon Wright, Pascal Siaka e o recém-chegado K.J. McDaniels.

Porém, o time não saiu da offseason sem fazer alguns movimentos até interessantes. A começar pela seleção de OG Anunoby na 23ª posição do draft. Sabe todos os textos que você leu — não necessariamente os nossos — sobre vários potenciais steals nesse draft? O ala ex-Indiana Hoosier é um deles!

Alguns aspectos do seu jogo ofensivo, principalmente, ainda são bastante crus, mas a evolução em seu ano de sophomore na NCAA o credenciou como escolha de primeira rodada. Muitos mock drafts o colocavam na segunda rodada, mais por conta da lesão na última temporada do que por qualidade. De qualquer maneira, ele é um defensor acima da média, e a à longo prazo pode apresentar o que o time desejava quando trouxe Carroll.

Posteriormente, o nome de mais destaque a chegar fora C.J. Miles, o nome que deve figurar como titular na ala no início. Um ótimo pontuador de longa distância que se provou em vários momentos mais clutch do que Paul George no Indiana Pacers na temporada passada.

Esse é um time essencialmente jovem, com muitos jogadores sem lá muito experiência que devem ter algum espaço para crescer. O quinteto titular que começará 2017/18 deve ser formado por Kyle Lowry, DeMar DeRozan, C.J. Miles, Serge Ibaka e Jonas Valanciunas.

Jogador destaque

A responsabilidade de representar o time em alto nível de basquete e mídia acaba sendo dividida entre DeRozan e Lowry. Mas se tivermos que escolher um só, acredito que o homem seja o ala-armador.

Ele pode não ser o melhor defensor ou um contribuidor de excelência em diversos espaços como o armador, mas os mais de 27 pontos por jogo no ano passado lhe qualifica como o aquele o qual mantemos os olhos durante uma partida do Raptors.

DeRozan não é o cara que se espera triplos-duplos — sequer duplos-duplos, na verdade — mas a possibilidade fazer jogos seguidos com 30+ pontos é cativante.

Potencial revelação

A franquia canadense tem um número alto de jovens jogadores sem muita experiência para um time que disputa mando de quadra em playoffs. Isso, justamente, confere um rol de possíveis revelações ao longo da temporada.

Anunoby parece a escolha mais lógica, não só por potencial, mas pela limitação do elenco na posição de ala. Mesmo assim dentre uma série de nomes como Siakam, Lucas Bebê, Delon Wright etc. Eu prefiro ficar com Norman Powell.

Ele cresceu bem em seu segundo ano de liga, ficando cada vez mais confiante para arremessar de longa distância quando desmarcado. O ala-armador também foi muito bem na Summer League de Las Vegas, fazendo 19.8 pontos por jogo e acertando 46% de seus chutes de três.

A saída de reservas importantes deve lhe dar mais alguns minutos de quadra em 2017/18

Expectativa na temporada

A densidade do elenco do Toronto Raptors não aparenta ser tão profunda quanto a temporada passada. Ainda assim, seu quinteto titular tem peças de respeito. A maior deficiência é na ala, mas nada que não possamos relevar dada a potência das outras peças para compensar.

Sinceramente, não acho que a equipe vá tão bem quanto no ano passado. Digo em colocação na tabela. Vejo um Washington Wizards mais completo talvez, e o Milwaukee Bucks tem tudo para mais uma temporada de crescimento.

Isso, no entanto, não exclui os canadenses da briga pelo mando de quadra, e eu acharia uma surpresa imensa eles terminarem abaixo da 5ª colocação.

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