Palpites da rodada — Semana 2

TM Warning
ZONA FA
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21 min readSep 17, 2016

Os palpites da rodada estão de volta!

“One, two, three, four! I declare a thumb war!”

A semana 1 foi um bom lembrete de por que cassinos ganham tanto dinheiro com apostas esportivas. A rodada foi boa em termos de palpites para este que vos escreve: foram 11 acertos contra apenas 5 erros, com incríveis TRÊS desses cinco erros sendo jogos decididos por 1 ponto, e todos os cinco decididos por apenas uma posse de bola. São bons números, que mostram que eu acertei algo sobre a grande maioria das partidas.

Mas nas apostas contra o spread? Apenas 7 acertos e 9 derrotas. Se eu apostasse em todos os jogos (igualmente), eu teria saído com prejuízo da rodada. A natureza imprevisível dos placares da NFL e a alta variância envolvida é o que fazem das apostas contra o spread tão difíceis — e tão lucrativas para Las Vegas. Em geral, minha meta nessas apostas é fechar o ano em 50% de aproveitamento ou acima. Por enquanto, largamos o ano abaixo.

Essa semana, além dos palpites de costume, eu analisei a decisão do final da partida de Raiders vs Saints e a estréia dos quatro QBs “novos” da NFL: Trevor Siemian, Carson Wentz, Dak Prescott e Jimmy Garopollo.

Ah sim, e só pra lembrar, eu avisei vocês sobre Niners vs Rams. Fica a dica.

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Para quem não conhece a coluna, essa é minha coluna semanal onde eu dou meus palpites para todos os jogos da rodada. É um formato rápido e prático de falar um pouco sobre todos os jogos e times da semana, e abordar alguns assuntos relevantes sobre o momento da NFL, a rodada passada, algum jogador, ou coisa do tipo. E, para deixar mais divertido (ou seja, para eu errar e vocês rirem de mim), eu dou também meus palpites contra o spread, uma modalidade específica de apostas.

Para conhecer mais sobre o propósito dessa coluna, ver meus palpites para a rodada 1, ou então para entender o que diabos é essa tal de aposta contra o spread, você pode ler a minha coluna da semana passada.

E por falar em spread, essa é uma boa hora de lembrar que essa coluna NÃO é um guia de em quem ou como apostar, é só uma brincadeira que eu comecei a fazer mas minhas colunas para deixar os palpites mais divertidos.

E lembrem-se, o mais importante: eu não odeio seu time só por que apostei contra eles. Sério!

Dúvidas, comentários ou sugestões? Deixe nos comentários, nos mande pelas nossas redes sociais (Twitter ou Facebook) ou mande um email para canalzonafa@gmail.com!

Nota: Spreads seguindo o consenso de Vegas no momento que eu comecei a coluna.

Palpites da Semana 2 da NFL

(Time da casa em caixa alta)

Jets sobre BILLS
Jets (-1) sobre BILLS

É difícil achar um time mais destruído que o Bills nesse momento. Com a recente lesão de Sammy Watkins, o Bills pode ter que jogar essa semana sem ele, Cordy Glenn (seu franchise LT), Marcell Dareus (talvez seu melhor jogador), Shaq Lawson (1st round pick) E Reggie Ragland (2nd round pick). Sabe, três dos cinco melhores jogadores do time mais suas duas primeiras escolhas no último Draft. Eu honestamente sinto pelo Bills, um time com bons jogadores que parecia ter chances de dar um passo à frente esse ano, e agora essa expectativa parece ter ido por água abaixo antes mesmo da temporada começar de verdade.

Então é, eu não me sinto confortável escolhendo o time mais baleado e desfalcado da NFL para ganhar um jogo num Thursday Night, que costumam ser jogos mais físicos e feios. Sair todo mundo vivo desse jogo já vai ser uma vitória.

Nota: Essa coluna começou a ser escrita terça feira, então essa parte foi escrita antes do Thursday Night. Pelo atraso na coluna, lancei esse palpite no Twitter. Na hora de publicar, acabei mantendo o texto original.

PANTHERS sobre 49ers
49ers (+13.5) sobre PANTHERS

Eu não consigo honestamente acreditar que estou apostando em Blaine Gabbert duas semanas seguidas, mas aqui estamos.

A performance defensiva de San Francisco no MNF da semana passada não realmente significa nada, tanto por ser um único jogo de amostra como por ter sido contra um absurdamente inepto ataque de Los Angeles, mas eu estou apostando no potencial defensivo do time, e isso é ainda mais significativo se Cam Newton estiver mesmo baleado na semana 2. Embora a defesa de Denver esteja naturalmente em outro patamar, a fragilidade mostrada pela linha ofensiva de Carolina é uma preocupação, e vai ser um teste interessante para uma defesa do Niners que chamou a atenção na Semana 1.

Por outro lado, não existe a menor chance do ataque horrível que o Niners mostrou na semana 1 conseguir se impor contra uma defesa como a do Panthers, a não ser que algo mude. Então tem isso. É difícil questionar o resultado do jogo, ainda mais em Carolina. O que eu questiono é o spread de 13.5 pontos, considerando o que eu imagino que seja um time de SF melhor do que o esperado, a má atuação de Denver na Semana 1, e o status duvidoso de Cam Newton. Esse último ponto, em particular, me preocupa: Ron Rivera disse que Newton jogará, mas não sabemos se ele estará 100%, e o MVP é um jogador que depende muito do seu físico e mobilidade, especialmente contra a pressão. Contra uma defesa melhorada de San Fran, isso pode ser significativo, e estou apostando que o Panthers não cobre o spread.

Ravens sobre BROWNS
Ravens (-6.5) sobre BROWNS

Não tem muito o que falar aqui, a não ser “Eu não vou escolher o Browns até segunda ordem”. Eu estou guardando meus pensamentos mais detalhados a respeito para uma coluna futura, mas o Browns está ainda naquela etapa de “desintoxicação”, onde primeiro ele tem que se livrar de toda a bagagem e bagunça herdada da direção anterior antes de poder dar os próximos passos. Funcionou recentemente com Raiders e Jaguars, e para mim o Browns está acertando todos os passos iniciais. Mas, por outro lado, isso significa que eles ainda serão ruins por um bom tempo.

LIONS sobre Titans
LIONS (-6) sobre Titans

Eu não estou totalmente convencido de que o Titans é bom. Eu adoro Mariota e acho que será uma estrela, mas ele perdeu boa parte da temporada de calouro e imagino que esteja tendo dificuldades para se entrosar com um corpo de recebedores que está em constante fluxo desde que o havaiano chegou. Para mim, o Titans se encaixa naquela ingrata categoria de times jovens que costumam frustrar os torcedores: jovens e talentosos, mas que ainda não descobriram sua identidade e ainda não estão encaixando de forma produtiva. O futuro do Titans me parece promissor — eu só tenho dúvidas quanto ao presente.

Por outro lado, eu gostei do que vi do ataque de Detroit contra Indy. A defesa adversária era sem dúvida péssima, mas minhas expectativas sobre o Lions se reinventar como um time que explora os passes curtos e jardas após a recepção parece estar bem encaminhada, e acho que Detroit tem as peças para fazer esse esquema funcionar. O time carece do potencial para atingir um nível maior, mas parece estar montando uma boa base ofensiva sem Megatron.

TEXANS sobre Chiefs
TEXANS (-2.5) sobre Chiefs

A virada da semana passada do Chiefs foi fantástica, mas ela também serviu para esconder alguns dos muitos problemas que Kansas City mostrou no primeiro tempo, e sua defesa está sentindo bastante a falta de Justin Houston e a saída de Sean Smith. Sem Keenan Allen, o Chargers não conseguiu explorar essa deficiência no segundo tempo, mas a vida vai ser mais difícil contra DeAndre Hopkins e o promissor Will Fuller. JJ Watt deve estar mais inteiro depois de uma Semana 1 onde pareceu bastante limitado pelas lesões, e o time já deu mostra que não vai ter pudor de correr garganta abaixo dos adversários. Nesse momento que o Chiefs ainda tenta se remontar com algumas ausências, o Texans é um adversário ruim para eles, e não da pra contar com 380 jardas de Alex Smith pra salvar a pátria todas as vezes.

PATRIOTS sobre Dolphins
PATRIOTS(-6.5) sobre Dolphins

Essa linha de 6.5 pontos está esperando apenas uma definição sobre o status de Rob Gronkowski para a Semana 2 — se o astro do Pats jogar, ela sobe; se não jogar, ela cai. E se ela parece um pouco alta, é porque a performance de Jimmy Garoppolo em sua estréia como QB titular chamou a atenção. E positivamente.

Ao contrário de outros dos “novos QBs” dessa coluna (mais sobre eles daqui a pouco), Garoppolo não teve um playbook mais “básico” ou simplificado para facilitar sua entrada no time titular: o que ele conduziu domingo a noite era pra valer. Claro, teve algumas adaptações para melhor servir às suas habilidades, mas isso acontece com qualquer time. Mas as leituras e jogadas eram as que o Patriots sempre faz, e nisso Garoppolo pode ter se beneficiado desse ser seu terceiro ano no time com o mesmo playbook e mesmos coordenadores, uma vantagem que Prescott, Wentz e Siemian não tinham e que sem dúvida ajuda na adaptação. E, em parte, isso também ajudou o time a jogar dentro da sua zona de conforto.

E Garoppolo executou muito bem o esquema, fazendo as leituras e jogadas que eram necessárias nas horas certas. Foi uma boa performance, e o jovem QB merece os elogios. Mas estudando os vídeos posteriormente o que chamou minha atenção é o quanto a preparação tática do Patriots ajudou seu titular, com um plano de jogo perfeito.

Não é segredo para ninguém minha admiração pela comissão técnica do Patriots, e esse jogo foi um ótimo exemplo. O ataque de New England manteve o seu estilo de passes rápidos e leituras curtas — uma conclusão lógica dadas as ausências de seus dois tackles titulares — mas fez um bom trabalho atacando os elos mais fracos da defesa do Cardinals, especialmente o cornerback calouro Brandon Williams. O calouro foi isolado, teve que enfrentar formações exóticas e rotas que se cruzavam, e ficou completamente perdido ao longo do jogo, o que rendeu a Garoppolo vários lançamentos fáceis e recebedores livres. Como muito bem disse no twitter o Liga dos 32, foi um trabalho fantástico de facilitar a vida do QB sem precisar simplificar as jogadas e o playbook. Também ajudou o fato de que a defesa do Cardinals cometeu um número enorme de erros de comunicação e posicionamento, mas foi um plano excelente.

Em uma sequência particularmente cruel, uma das primeiras jogadas do Patriots foi um jet sweep para uma corrida do WR Julian Edelman. Logo depois, o Pats usou a mesma formação e a mesma jogada… só que dessa vez Edelman não pegou a bola, e ao invés disso se aproveitou do instante de hesitação da defesa do Cardinals e de seu movimento inicial para conseguir uma recepção fácil de 7 jardas. Ao longo do jogo, o Pats usou essa formação por mais umas sete ou oito vezes, e Edelman correu mais uma vez… mas o impacto inicial foi tão forte que a defesa foi obrigada a respeitar suas pernas o jogo todo, e parecia que TODAS as vezes o camisa 11 ficava livre para uma recepção fácil.

Então é claro que Garoppolo tem muito mérito em ter conduzido bem o jogo, executado o plano e acertado os lançamentos que devia em meio a um playbook complexo. Mas é difícil assistir ao jogo e não sair com a impressão de que o maior mérito pela boa performance ofensiva do Patriots foi seu brilhante plano de jogo — não é uma coincidência que o Patriots foi 10–6 em 2008 com Matt Cassell. E se Jimmy G conseguir funcionar bem como o medium dentro de campo dessa genialidade da comissão técnica, então é bem possível que Tom Brady na semana 5 volte a um New England com uma campanha de 4–0.

GIANTS sobre Saints
GIANTS (-4.5) sobre Saints

O verdadeiro vencedor desse confronto será aquela coisa mágica conhecida como Fantasy Football. Da ultima vez que esses dois times se encontraram, eles combinaram para 101 pontos e 1024 jardas. Eli Manning teve 6 touchdowns, e Drew Brees teve 7. Você não leu isso errado.

Nada que eu vi da defesa do Saints na semana 1 me anima para esperar alguma grande evolução da pior unidade de 2015 (por muito). Quer dizer, melhora sim, até porque piorar é impossível, mas ainda me parece um buraco daqueles. O que é uma pena, porque eu esperava boas coisas desse time esse ano.

Da mesma forma, eu me senti um pouco decepcionado pela performance ofensiva do Giants na semana 1 contra uma fraca defesa do Cowboys. Ainda assim, jogando em casa e com Victor Cruz parecendo estar mais saudável do que esteve nos últimos dois anos, eu espero um pouco mais de energia desse time. É um jogo mais parelho do que parece à primeira vista, mas fico com o time da casa.

Bengals sobre STEELERS
Bengals (+3) sobre STEELERS

Antonio Brown, DeAngelo Williams e o ataque do Steelers destruíram a defesa de Washington na Semana 1, mas estou cético de que esse será o caso contra um subestimado time do Bengals. A linha de frente de Cincy é muito melhor e dificilmente dará tantos espaços para Williams, e a falta de seus vários titulares vai começar a pesar contra um time muito mais completo e profundo. O ataque de Washington foi capaz de mover a bola bem no começo da partida contra uma suspeita e desfalcada defesa de Pittsburgh, só que foi totalmente incapaz de continuar isso quando o placar se tornou mais elástico e os passes curtos pararam de ser eficientes — não vejo o Bengals tendo esse tipo de trabalho, especialmente se AJ Green continuar de onde parou semana passada. Nesse momento, fico com o mais completo e sólido time do Bengals sobre o mais explosivo, mas mais desfalcado, time do Steelers.

REDSKINS sobre Cowboys
REDSKINS (-3) sobre Cowboys

Depois da sua fantástica pré temporada e todo o hype gerado com suas atuações dinâmicas, a estréia de Dak Prescott na temporada regular gerou alguma decepção. Mas isso principalmente se deu por expectativas fora da realidade: jogar na pré temporada e na temporada regular são coisas totalmente diferentes. Você vai ver mais blitzes e ter que lidar com mais pressão, vai encontrar marcações diferentes e formações mais exóticas, e o tempo para tomar decisões e executar suas ações cai drasticamente.

Então não é surpresa que a performance de Prescott (55.6% de aproveitamento e apenas 5 jardas por passe) tenha sido modesta. Em parte, por que o próprio Cowboys tentou ao máximo simplificar sua vida, focando seu plano de jogo e seu playbook em passes curtos e leituras rápidas na linha de scrimmage. Assim, evitavam que seu quarterback tivesse que fazer leituras mais avançadas pelas suas progressões, e que ficasse muito exposto à pressão.

Essa estratégia combinou, de certa forma, com a contrapartida defensiva do Giants, que optou por congestionar a linha de scrimmage e evitar o jogo terrestre do Cowboys — limitando Ezekiel Elliott a 2.6 jardas por corrida — e manter sua cobertura no fundo do campo, dando espaço para Dallas fazer esses passes curtos que compuseram a base do seu plano de jogo aéreo.

Prescott fez um bom trabalho lidando com esse espaço livre com passes curtos, mas suas limitações apareceram conforme eles foram reduzindo. Eu falei no Blitz! ZONA FA dessa semana sobre como o fator determinante dessa partida foi a performance dos times na Red Zone, com Dallas falhando ao converter suas chances em touchdowns. O que aconteceu é que, conforme o campo foi encurtando, New York tinha menos espaço para cobrir com sua secundária recuada, e ela foi aproximando-se da zona de scrimmage, tirando esses espaços fáceis para Dak e forçando o calouro e fazer passes mais difíceis e em espaços mais apertados, o que não conseguiu fazer e deu os contornos finais à partida.

Então foi uma atuação decente de Prescott, mas se beneficiando bastante de um playbook muito conservador, e suas deficiências apareceram ao longo da partida. É um bom lembrete de que temporada regular e pré temporada são coisas totalmente diferentes, e que devemos ter paciência com o calouro. Vamos ver como ele se desenvolve, e como será a evolução do playbook do time ao seu redor.

CARDINALS sobre Buccaneers
Buccaneers (+6.5) sobre CARDINALS

É difícil imaginar o Cardinals — que só perdeu para Seattle, San Francisco, Patriots e Eagles em casa sob o comando de Bruce Arians — perdendo dois jogos consecutivos em casa. E eu definitivamente não quero exagerar na reação à Semana 1, mesmo porque, apesar da derrota para metade do Pats, Arizona teve muitas chances de vencer o jogo e cometeu muitos erros incomuns.

Ao mesmo tempo, New England expôs falhas reais do time do Cardinals: a deficiência nos cornerbacks é real do outro lado de Patrick Peterson, e esse problema fica ainda maior considerando que Tyrann Mathieu — a meu ver o melhor jogador de Arizona — está voltando de lesão e pareceu bastante limitado fisicamente contra New England. Se Mathieu não conseguir fazer sua função de dominar o jogo aéreo próximo à linha de scrimmage, isso expõe mais ainda essa deficiência na posição de CB. Além disso, Carson Palmer já faz um tempo que não parece tão afiado quanto foi na temporada regular do ano passado, e dada sua idade, seu histórico de lesões, e o fato de que 2015 foi claramente um ponto fora da curva em sua carreira, eu acho que existe motivos legítimos para se perguntar se Palmer será capaz de jogar como o QB de elite que foi ano passado.

Então ainda que eu não vá apostar contra o Cardinals, eu não acho que será um jogo fácil contra um time do Bucs que pareceu muito bom na Semana 1, em especial Jameis Winston. Uma vitória de Cardinals sem cobrir o spread é minha aposta.

Seahawks sobre RAMS
Seahawks (-6.5) sobre RAMS

Assistindo ao show de horrores que foi Case Keenum e o ataque do Rams segunda feira a noite, fica difícil entender como diabos Jared Goff, a primeira escolha do Draft, conseguiu ser o TERCEIRO quarterback desse time. Eu entendo a ideia de deixar um calouro no banco para não chegar no fogo e desenvolver maus hábitos — especialmente sem bons WRs ou sem uma boa linha ofensiva, como é o caso do Rams — mas não parece ser esse o caso pela forma como Los Angeles (nunca me acostumarei) tem lidado com a questão. E se o problema realmente é não ser capaz de jogar acima desse nível, eu me preocupo pelo futuro do Rams.

A perspectiva de escolher Case Keenum para enfrentar a defesa de Seattle não é das melhores. Minha única ressalva é que se existe um time na NFL que sabe enfrentar o Seahawks, esse time é o Rams. Sua linha defensiva sempre da muitos trabalhos a Russell Wilson, e o time genuinamente parece não ter medo dos favoritos. Então isso me incomoda um pouco.

Ai eu lembro que é Case Keenum enfrentando a defesa de Seattle.

Colts sobre BRONCOS
Colts (+6.5) sobre BRONCOS

Meu palpite para zebra da rodada.

É um péssimo sinal quando seu Franchise QB completa 31 de 47 passes para 385 e 4 TDs e seu time ainda perde em casa, mas essa é a realidade do Colts. Andrew Luck voltou de lesão parecendo cada centímetro do Franchise QB de outrora, mas sua performance magnífica foi desperdiçada devido a mais uma exibição péssima da defesa de Indy. Contra a fortíssima defesa de Denver, é sinal de alerta aqui. Eu reconheço isso. Ainda assim… feeling.

E por falar em QBs, esse jogo também marcou a estréia de Trevor Siemian como QB titular, o segundo-anista que foi escalado para segurar o forte até Paxton Lynch estar pronto. E, assim como Prescott, Siemian se beneficiou de um playbook muito mais conservador, voltado para passes laterais na linha de scrimmage e leituras simplificadas, inclusive para evitar que a pressão da formidável linha de frente de Carolina.

Siemian completou bons-no-papel 69.2% de seus passes, mas a grande maioria deles mal cruzou a linha de scrimmage, ou foram para rotas curtas e laterais nas quais esperava-se que seus dinâmicos recebedores produzissem com as pernas depois de uma separação inicial — e de fato, mais de metade (97 de 178, ou 55%) de suas jardas vieram após a recepção.

Siemian teve algumas boas conversões em passes mais longos, e seu maior sucesso na partida provavelmente veio nos momentos que usou as pernas para fugir da pressão e estender jogadas — inclusive convertendo algumas terceiras descidas importantes. Mas os momentos de maiores problemas para o segundanista também vieram nas situações onde esses passes curtos não eram suficientes: foram duas interceptações (uma não foi culpa de Siemian) e duas outras que a defesa deixou cair, e elas vieram em lances onde Siemian foi forçado a fazer uma leitura mais difícil, segurar mais tempo no pocket esperando uma chance para uma conversão longa, ou então quando teve que encaixar um passe mais difícil em uma janela mais apertada.

Mas se existe uma diferença entre Siemian e Prescott é essa: Dallas precisa que Dak faça mais do que só leituras fáceis, e que comece a produzir para o time ter chance de se manter acima da superfície enquanto Tony Romo está fora. Já Denver, com sua fortíssima defesa e emergente jogo terrestre, provavelmente só precisa que Siemian tome conta da bola e faça o feijão-com-arroz. Eles ganharam um Super Bowl ano passado com essa fórmula, e começaram o ano ganhando de um dos mais fortes times da liga com mais do mesmo.

RAIDERS sobre Falcons
RAIDERS (-4.5) sobre Falcons

A atuação da defesa de Oakland me incomodou um pouco na semana 1, mas depois daquela vitória apertada e emocionante no final, eu estou bem mais confiante no Raiders do que antes. Foi um time que teve muita dificuldade de vencer jogos apertados em 2015 — em parte porque Derek Carr foi o pior QB da NFL em quartos períodos — e começou o ano em grande estilo. Com minha grande aposta ao título da AFC West Chargers — fora do páreo depois da lesão de Keenan Allen, eu preciso de um plano B, e esse será o Raiders até que alguém me prove o contrário.

Mas sobre a semana 1, o grande foco de atenção e debate foi a curiosa e rara decisão do técnico Jack Del Rio de, perdendo de 35–34 depois de um touchdown nos segundos finais, optar por tentar a vitória com um 2pt conversion ao invés de chutar o extra-point para levar o jogo para a prorrogação. Como a análise fácil é elogiar o que deu certo como sendo uma boa decisão, e criticar o que de errado como sendo uma decisão ruim, eu queria entrar rapidamente na questão e definir de uma vez por todas se foi a decisão correta ou não do técnico Del Rio.

Acho importante, antes de mais nada, frisar que nesses momentos o importante não é analisar o resultado, mas sim o processo. Você, como técnico, não tem controle sobre o resultado da jogada — seu dever é escolher a jogada que te da a maior chance de sucesso possível. Você não controla o resultado, mas você controla o processo, e tem que garantir que esse seja o melhor possível. Nem toda decisão que deu certo foi boa, e nem toda decisão que deu errado foi ruim.

Dito isso, vamos dar uma olhada nos números. Primeiro, qual seria a chance do Raiders ganhar o jogo se levasse o jogo para a prorrogação com um Extra Point?

Vegas estabeleceu o Saints como favoritos por 1 ponto nesse jogo, o que significa que eles acreditam que New Orleans venceria esse jogo 51.3% do tempo — muito provavelmente por jogar em casa, já que é estatisticamente comprovado que jogar em casa aumenta suas chances de vitória. No entanto, na prorrogação, onde tudo pode depender de uma posse de bola ou do cara-ou-coroa (que é 50–50), eu acho que essa diferença tão pequena é desprezível e podemos dizer que dois times tão parelhos (que inclusive empataram no tempo normal) teriam 50% de chance cada de vencer no tempo extra (desprezando a chance de um empate).

No entanto, isso parte do pressuposto que o jogo já foi para a prorrogação. O que não é nem de longe tão garantido como já foi um dia, já que agora os XPs estão mais longos e mais difíceis. Desde a mudança da regra dos extra points, os kickers da NFL tem acertado seus chutes 94,0% do tempo. Ou seja, o Raiders ainda poderia perder o jogo no tempo normal simplesmente por não acertar o chute extra. Entre a chance de 94% de chance de acertar o XP e a chance de 50% de vencer o jogo se ele fosse para a prorrogação, podemos concluir que a chance de Oakland de vencer o jogo indo para o chute era de 47%.

Como no caso da 2pt conversion o resultado era muito mais simples — ou o time ganha o jogo se acertar, e perde se errar — a conclusão lógica que chegamos é simples: é vantajoso para o Raiders tentar ganhar o jogo com a conversão de 2 pontos se ele tiver uma chance acima de 47% de conseguir a conversão.

Então eu olhei o aproveitamento dos times nessas jogadas desde a mudança da regra do extra point, para tirar o efeito dos fake extra points. Nesse período, times converteram suas 2pt conversions 49.5% do tempo. Mas como a amostra era muito pequena e limitada nesse tempo (já que 2pt conversions acontecem a uma frequência muito menor que extra points), eu acabei pegando uma amostra maior, de 6 anos. E o resultado foi quase idêntico: nesses 6 anos times converteram 49.3% de suas conversões de dois pontos. Ou seja, na média, já valeria mais a pena tentar a conversão do que tentar levar o jogo para a prorrogação.

Mas colocando em contexto a decisão de tentar a conversão fica ainda mais evidente. Esses números de 49.5% são para a média da NFL, mas isso não significa que os times envolvidos sejam médios. Para começar, eu acho razoável assumir que o Raiders seja um ataque acima da média: eles foram basicamente médios em 2015, mas agora com uma linha ofensiva melhorada (especialmente com a adição de Osemele) e um ano a mais de evolução para Carr e Amari Cooper, é normal assumir que o ataque deva evoluir. E, mais importante, o Saints é uma defesa bastante abaixo da média, vindo de uma temporada onde foram a pior da NFL por quilômetros em DVOA e uma das piores da história da NFL (vale lembrar que Oakland anotou cinco touchdowns no jogo, também).

Então entre essas variáveis todas é fácil presumir de que o Raiders tinha uma chance confortavelmente superior a 47% de anotar a conversão de dois pontos e, portanto, de ganhar o jogo. E é isso que, como técnico, você tem que fazer: tomar as decisões que deem ao seu time a maior chance de vencer a partida.

CHARGERS sobre Jaguars
CHARGERS (-3) sobre Jaguars

Jacksonville, para ser sincero, me surpreendeu positivamente na primeira partida da temporada, jogando quase de igual para igual com o Packers em casa. Mas, fora de casa, esse matchup me parece desfavorável: a maior força do Jaguars está nos seus WRs, mas o Chargers tem um dos melhores grupos de CBs da NFL, e a grande fraqueza do time de San Diego (defesa terrestre) pode não ser tão explorada por um ataque terrestre extremamente anêmico do Jaguars. Perder Keenan Allen foi um grande golpe para o Chargers, mas o time ainda tem outras armas pra não começar o ano 0–2.

Packers sobre VIKINGS
Packers (-2.5) sobre VIKINGS

O motivo explícito de Vegas para manter essa linha baixa é que Sam Bradford é considerado “provável” para substituir Shaun Hill como QB titular da franquia, e portanto daria um upgrade na posição para um time que tem boas armas em todos os outros lados do campo. Mas eu estou cético. Hill pode não ser um bom Quarterback, claro, mas também não existe qualquer evidência para acreditar que Bradford seja. Na verdade, seus números na carreira são até inferiores aos de Hill, embora em uma amostra maior.

Bradford foi a pick #1 do Draft de 2010, mas desde então ele não fez nada para indicar que fosse um bom quarterback. Na verdade, quando saudável, Bradford sempre jogou como um jogador abaixo da média da NFL, e agora está vindo de uma temporada onde foi 34th entre 37 QBs qualificados em QBR. E isso considerando que ele chegou de paraquedas no time e teve 2 semanas para conhecer o playbook. Por que as pessoas consideram que Bradford vai ser a solução desse time?

Green Bay passou longe de parecer o time dominante que eu esperava na semana 1 contra Jacksonville, mas desde que consigam evitar os erros que o Titans cometeu semana passada, devem conseguir vencer esse jogo contra Minny.

BEARS sobre Eagles
BEARS (-3) sobre Eagles

Por fim chegamos ao último dos 4 “novos” QBs da NFL. E entre os quatro novos QBs que vi essa semana, Carson Wentz foi sem dúvida o que mais me impressionou.

Ao contrário de Garoppolo, Wentz não entrou em um sistema já pronto com um brilhante plano ofensivo que tornou sua vida muito mais fácil, e ao contrário de Prescott e Siemian, não teve nenhum playbook simplificado para facilitar suas leituras e evitar riscos. Ao invés disso, o novo técnico Doug Pederson implementou seu playbook, e colocou Wentz para comandá-lo logo de cara.

E a performance do calouro nessa situação difícil foi excelente. Não só pelo resultado — como eu disse, processo sobre resultado — mas pela forma como ele foi alcançado. Wentz foi ótimo com suas leituras e passes, sabendo a hora de soltar o braço, a hora de adotar uma postura conservadora contra a pressão, e balancear seu ataque. Sua linha de 22/37, 278 e 2 TDs foi boa, mas não conta toda a história.

É perigoso com QBs jovens focar nas grandes jogadas de efeito e ignorar as pequenas e consistentes jogadas em cima das quais um jogador precisa construir suas atuações, mas Wentz impressionou nas duas frentes: lendo as jogadas, achando suas opções de checkdown quando necessário, lidando com a pressão, movendo as correntes de forma consistente… e fazendo alguns lançamentos lindos, com precisão, força e toque na bola, que mesmo entre os veteranos da NFL poucos são capazes de fazer, e que mostram porque Wentz era tão bem cotado antes do Draft.

Também é importante frisar que ele estava enfrentando uma defesa do Browns que está dando os primeiros passos em uma grande reconstrução, e que ainda tem muito chão pela frente. Um jogo é uma amostra pífia para tirar conclusões, especialmente contra uma defesa que deve ser bastante fraca, e eu estou apostando que a defesa do Bears será um bicho diferente para Wentz solucionar e que vai ser um bom segundo teste. Mas, como diz o poeta, você não tem uma segunda chance de causar uma boa primeira impressão, e a primeira de Wentz foi bastante positiva.

Record 2016: 11–5
Record 2016 (Spread): 7–9

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Blog brasileiro sobre esportes americanos. Economista de formação. Sabermetrista por paixão. Opiniões pra toda ocasião. Irritante. Às vezes sai algo que presta.