Reavaliando as escolhas de primeira rodada do Draft de 2018 — Parte 2

Guilherme Beltrão
ZONA FA
Published in
8 min readMar 25, 2019

Parte 1 aqui. Depois de uma temporada completa, será que as notas dadas no dia da escolha permanecem?

17 — Los Angeles Chargers — Derwin James, S, Florida State

Nota inicial: A+

Muitos estão pensando que eu fiz essa reavaliação em dois textos para não ficar muito grande pro leitor, mas a verdade é que eu dividi apenas para colocar Derwin James no topo do texto. O calouro de Florida State foi simplesmente espetacular em seu primeiro ano na NFL, se tornando um dos líderes da defesa do Chargers e sendo eleito para o 1st Team All-Pro. Não preciso falar mais nada, né?

Nota final: A+

18 — Green Bay Packers — Jaire Alexander, CB, Louisville

Nota inicial: B+

Uma das poucas coisas que o torcedor do Packers pode tirar de positivo na conturbada temporada de 2018 foram as performances de Jaire Alexander. Na minha avaliação inicial, o maior problema com ele era sua durabilidade. Mesmo não tendo jogado os 16 jogos (jogou 13), Jaire Alexander foi o terceiro jogador que mais participou de snaps defensivos em Green Bay. O teto dele é bem alto e o Packers encontrou seu titular na posição.

Nota final: B+

19 — Dallas Cowboys — Leighton Vander Esch, LB, Boise State

Nota inicial: C+

O primeiro erro feio dessa segunda parte. No review da escolha eu destaco justamente o upside de LVE, que mesmo em um ano de titular impressionou o suficiente os scouts de Dallas para valer uma escolha de primeiro round. E a verdade é que ele acabou se provando uma excelente pick para o Cowboys. Jogando ao lado do espetacular Jaylon Smith, LVE ajudou o America’s Team a ir para os playoffs com uma agressiva e dominante defesa. Tanto ele quanto Smith pareciam estar em todos os lugares do campo, e isso se refletiu nos números. Vander Esch quebrou o recorde da franquia de tackles de um defensor calouro, com 176. Baita pick!

Nota final: A

20 — Detroit Lions — Frank Ragnow, C, Arkansas

Nota inicial: B

O objetivo do Lions no Draft era simples: melhorar o jogo corrido e a proteção a Matthew Stafford. A escolha de Frank Ragnow foi feita baseada nisso, e o calouro cumpriu uma das funções muito bem e outra nem tanto. Jogando de RG, Ragnow foi fundamental na melhora do jogo terrestre do Lions (que passou sei lá quanto tempo sem um corredor chegar a 100 jardas em um jogo, coisa que acabou em 2018). Na proteção a Matthew Stafford, encontrou mais dificuldades, cedendo 4 sacks e 22 pressões ao longo do ano, mas enfrentou caras como Aaron Donald, Linval Joseph e outros, o que ajuda a gente a entender. Apesar disso, sua estatística mais importante é que ele foi titular nos 16 jogos de Detroit no ano, atributo fundamental para a posição. Foi uma temporada bem regular e há espaço para melhorar no futuro.

Nota final: B-

21 — Cincinnati Bengals — Billy Price, C, Ohio State

Nota: B+

É um pouco difícil avaliar a temporada de Billy Price. O calouro perdeu sete semanas com uma lesão no pé, mas retornou na semana 10 e não desfalcou mais o Bengals desde então. Com a OL ainda com muitos buracos e problemas, é normal que tenha afetado a produtividade dele, mas foi um sólido ano no geral. E muitos estão apontando Price como um dos líderes do elenco, mesmo com tão pouco tempo de casa. Quem sabe uma OL melhor ajude o agora segundanista a mostrar todo o seu potencial?

Nota final: B-

22 — Tennessee Titans — Rashaan Evans, LB, Alabama

Nota inicial: B+

A nota inicial de Rashaan Evans se deu por dois motivos: o jogador é extremamente talentoso e chegava para ser titular da posição depois da saída de Avery Williamson. O problema é que ninguém esperava pela ascensão de um jogador escolhido na quinta rodada do Draft de 2015: Jayon Brown. Ele assumiu a titularidade da posição na semana 4 e produziu em alto nível pelo resto do ano, deixando Evans com menos espaço do que imaginávamos. Mesmo assim, deu pra ver algumas boas jogadas do calouro na sua temporada de estreia e possivelmente veremos mais dele no futuro. Só não teve o impacto imediato que eu pensei.

Nota final: C+

23 — New England Patriots — Isaiah Winn, T, Georgia

Nota inicial: B

Isaiah Wynn rompeu o tendão de aquiles na pré-temporada e não jogou um snap sequer no seu ano de estreia. Ele vai ser o titular da OL do Patriots se tudo der certo na sua recuperação, já que New England não renovou com Trent Brown.

Nota final: Sem nota

24 — Carolina Panthers — D.J Moore, WR, Maryland

Nota inicial: B+

Cam Newton finalmente ganhou um alvo, mas uma lesão no ombro incomodou e posteriormente encerrou a temporada do MVP de 2015. DJ Moore, apesar do conturbado ano do Panthers e de alguns probleminhas com fumbles, teve um ano bastante satisfatório, sobretudo se olharmos as circunstâncias em que ele jogou. O PFF, inclusive, colocou ele como o mais bem avaliado WR da classe, o que não é bem um mérito, dado ao decepcionante ano dos recebedores calouros no geral, mas com certeza é algo marcante.

Nota final: B

25 — Baltimore Ravens — Hayden Hurst, TE, South Carolina

Nota inicial: B

13 recepções, 163 jardas e 1 touchdown. Ótimos números para uma partida, né? Mas esses foram os números de Hayden Hurst em 2018. O calouro teve uma fratura no pé antes do início da temporada, e a competitividade entre os TEs do Ravens foi grande, e fez com que ele perdesse espaço. Precisa se recuperar para 2019 ou o radar de bust vai começar a apitar…

Nota final: C-

26 — Atlanta Falcons — Calvin Ridley, WR, Alabama

Nota inicial: B-

O Falcons não deixou passar a oportunidade de fazer o mesmo que fez com Roddy White/Julio Jones: escolher um WR no primeiro round já pensando em substituir o veterano. E Calvin Ridley mostrou o que todos acreditavam — que ele era o WR mais preparado para a NFL da última classe. Suas 64 recepções, 821 jardas e 10 TDs lideraram os calouros e com certeza ajudaram o ataque de Atlanta. O final de seu ano foi um pouco decepcionante, mas o próprio jogador atribuiu isso ao cansaço na transição College/NFL — a famosa rookie wall. Ele deve receber ainda mais espaço e oportunidades na próxima temporada.

Nota final: B

27 — Seattle Seahawks — Rashaad Penny, RB, San Diego State

Nota inicial: D+

A nota inicial foi uma das mais baixas da primeira rodada porque na minha opinião o Seahawks poderia ter reforçado setores mais carentes nessa escolha. E a única coisa que me faria mudar de ideia era uma temporada sólida do calouro, com muitas oportunidades e toques. Não foi bem o que aconteceu. O titular foi Chris Carson e o reserva foi Mike Davis. Penny ficou disputando posição com Davis e recebeu mais chances quando Carson se machucou. Ainda é cedo para dizer que a escolha foi um fracasso, já que Penny se mostrou bem útil quando participou dos snaps ofensivos, mas em relação a expectativa/realidade, foi uma temporada de estreia tanto quanto decepcionante.

Nota final: C-

28 — Pittsburgh Steelers- Terrell Edmunds, S, Virginia Tech

Nota inicial: D-

Outra escolha com nota baixa pelo mesmo raciocínio da de cima. O pessoal do On The Clock colocou Edmunds como o décimo segundo safety da classe. O Steelers foi lá e pegou ele na primeira rodada. A ideia inicial, acredito eu, era fazer de Edmunds um projeto e deixar Morgan Burnett como titular. Mas as várias lesões do veterano acabaram forçando o calouro a entrar no meio do fogo e assumir a titularidade. E apesar do início conturbado, foi um bom ano de estreia. Edmunds teve na durabilidade sua principal característica, participando de todos os jogos do Steelers no ano. Seu crescimento foi notório e ele já apresenta as ferramentas necessárias para ser um sólido titular nas próximas temporadas.

Nota final: B

29 — Jacksonville Jaguars — Taven Bryan, DT, Florida

Nota inicial: B

Taven Bryan chegou nessa defesa para ter um ano quieto e assumir a titularidade ou até mesmo um papel maior no Jaguars a partir de seu segundo ano. Tanto que Jacksonville dispensou o veterano Malik Jackson, já pensando no futuro com o Bryan. Como a DL do Jaguars era muito boa em 2018, ele pouco viu ação em sua temporada de estreia, com apenas 20 tackles e um sack. Impossível avaliá-lo nesse ano. Nos resta esperar 2019 acontecer para sabermos se com mais snaps e oportunidades ele vai justificar o investimento do Jaguars.

Nota final: Sem nota

30 — Minnesota Vikings — Mike Hughes, CB, Central Florida

Nota inicial: B

Mike Zimmer gosta de um escolher um prospecto de CB cru e desenvolver em um sólido titular. No caso de Hughes, seu início em Minnesota foi tão bom que ele assumiu a titularidade no meio da temporada, e estava jogando muito bem. Infelizmente uma lesão no joelho abreviou seu ano de estreia, mas ele certamente deixou uma imagem muito positiva — tanto que surgiram notícias de que o Vikings estava tentando trocar o CB Trae Waynes nessa offseason. Se voltar da lesão no mesmo nível em que terminou a temporada, Hughes será uma peça importante dessa defesa pelos próximos anos.

Nota final: B+

31 — New England Patriots — Sony Michel, RB, Georgia

Nota inicial: B+

Running backs no primeiro round não me agradam, mas essa era a segunda escolha do Patriots e já no final da rodada. Como RB virou um need na última offseason, achei justa a seleção de Sony Michel. E sua temporada de estreia provou que valeu a pena investir no calouro. Ele foi o melhor rookie RB que Belichick já teve, e mesmo perdendo alguns jogos por lesão foi o principal nome do backfield do Patriots. Nos playoffs, seu papel foi ainda mais importante, principalmente contra Chargers e Chiefs, e ele anotou TDs em todos os jogos de New England na pós-temporada, inclusive o único do Super Bowl LIII. Baita pick.

Nota final: A-

32 — Baltimore Ravens — Lamar Jackson, QB, Louisville

Nota inicial: A

Lamar Jackson estava disponível na escolha 32 e o Ravens foi buscá-lo. Acredito eu que sua titularidade era planejada para 2019, mas quis o destino que Joe Flacco se machucasse e desse a vaga para o menino de Louisville. Jackson ajudou a remodelar esse ataque e levou o Ravens para a pós-temporada depois de um jejum. Não foi um grande ano passando a bola, mas pudemos ver muito potencial no calouro. Com Joe Flacco no Broncos, o futuro é agora e Lamar Jackson vai ser a cara e o cara da franquia de Baltimore pelas próximas temporadas.

Nota final: A

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Guilherme Beltrão
ZONA FA

Trabalhei como produtor e coordenador da NFL no Esporte Interativo. Hoje colaboro no Zona F.A, no @BoltsBrasil e no College Football Brasil.