Foto: Reprodução

Autores negros que você precisa conhecer

Lucas Aleixo
Carretel Arte & Jornalismo

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Por Alison Soares e Lucas Aleixo

Quando fomos atrás dos organizadores do grupo de teatro Caixa-Preta, que publicamos aqui no Carretel, notamos um certo desconhecimento e até desleixo de nossa parte quando delimitei a pauta: afinal de contas, por que eu nos interessamos no grupo de teatro por eles interpretarem Shakespeare e não por que abordam escritores negros que nunca tinha ouvido falar e que parecem interessantes? Por que não entrar no mundo fascinante dos autores negros que tem tudo para me apresentar histórias tão incríveis quanto a que famosos escritores brancos me apresentam? O nosso encantamento pelo tema e a necessidade de mostrar cada vez mais autores negados pelo nosso ensino básico de educação nos moveu a ir atrás dos cânones da literatura negra e a partir disso fiz uma lista com nomes e indicações de obras:

Foto: Reprodução

Cuti — Luiz Silva (Cuti) nasceu em Ourinhos, São Paulo, e vive na capital. Formou-se em Letras na Universidade de São Paulo, é Mestre em Teoria da Literatura e Doutor em Literatura Brasileira pelo Instituto de Estudos da Linguagem pela Unicamp. Foi um dos fundadores e membro do coletivo cultural e editora Quilombhoje, responsável pela publicação da série Cadernos Negros, do qual também foi criador. Tem entre suas principais obras as peças Transegun e Suspensão, o conto Quizila e os poemas Flash crioulo sobre o sangue e o sonho, Sanga e Negroesia.

Foto: Monica Imbuzeiro/Agência O Globo

Conceição Evaristo — Nasceu em 29 de dezembro de 1946 em uma favela da zona sul de Belo Horizonte, Minas Gerais. De origem humilde, matinha um diário onde anotava as dificuldades de um cotidiano sofrido. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1970. Estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série Cadernos Negros, editado pelo Quilombhoje. Desde então, publicou diversos poemas e contos nos Cadernos. A obra de Conceição tem como característica a abordagem das questões de raça e de gênero, revelando a desigualdade velada da sociedade e recuperar a memória da população afro-brasileira. A autora também tem como marca a abertura de espaço para outras mulheres negras na literatura.Entre suas obras contam Ponciá Vicêncio (2003), Becos da memória (2006), o volume de contos Insubmissas lágrimas de mulheres (2011) e Olhos D’água (2016)

Foto: Reprodução

Lima Barreto — Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881, no Rio de Janeiro. Cursou Engenharia na Escola Politécnica e ainda quando estudante começou a publicar seus textos em pequenos jornais e revistas estudantis. Abandonou a faculdade em virtude do agravamento do estado de saúde do pai, que sofria de problemas mentais. No início do século XX, militou na imprensa contra preconceitos de raça e injustiças sociais.

Em 1914, passou dois meses internado no Hospício Nacional para tratamento do alcoolismo. Seria novamente internado em 1919. Em duas ocasiões se candidatou para uma vaga na Academia Brasileira de Letras, sem sucesso, chagando a receber uma menção honrosa. Faleceu aos 41 anos.Dentre suas principais obras estão “Triste fim de Policarpo Quaresma”, “Numa e Ninfa” e “Cemitério dos vivos”.

Foto: Reprodução

Cruz e Souza — João da Cruz e Sousa nasceu em Santa Catarina em 1861. Filho de escravos libertos pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, recebeu formação secundária em sua cidade natal, aprendendo francês, inglês, latim, grego, matemática e ciências naturais. Publicou seus primeiros versos em jornais da província, em 1877. Fundou o jornal literário Colombo em 1881, que contou com quatro edições. No ano seguinte, redigiu artigos abolicionistas e ingressou em polêmicas literárias no jornal Tribuna Catarinense. Realizou conferências abolicionistas em várias capitais do Brasil até 1883. Nomeado promotor de Laguna em 1884, não assumiu o cargo por não ter sido aceito pelos políticos locais devido sua cor. Consegue modesto rendimento como arquivista do sistema ferroviário Central do Brasil e casa-se com Gavita Rosa Gonçalves, negra e pobre como ele, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente. Faleceu em 1898 em Barbacena, Minas Gerais, em decorrência de tuberculose. Dentre suas obras destacam-se Tropos e Fantasias (1884), A Cidade do Rio (1890), Missal e Broquéis, ambos de 1893.

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