Grupo Caixa-Preta e o teatro feito por negros em Porto Alegre

Alison Rodrigues Soares
Carretel Arte & Jornalismo
2 min readMay 5, 2018

O Caixa-Preta é um grupo de teatro porto-alegrense que começou sua trajetória em 2002 apresentando obras clássicas com protagonismo de atores e atrizes negros. Desde então peças clássicas europeias como Hamlet e Antígona, por exemplo, são adaptadas aos matizes culturais afro pelo diretor Jessé Oliveira que é um dos fundadores do grupo.

Diretor de teatro Jessé Oliveira responsável pelo grupo Caixa Preta. Foto: Arquivo Pessoal Jessé Oliveira

Também há destaque do grupo para escritores negros: o escritor senegalês Birago Diop e o brasileiro Luiz Silva, conhecido como Cuti, são representados em peças do grupo: a peça “O Osso de Mor Lan” foi baseada no texto de Diop enquanto as obras “Transegun”, “Dois Nós da Noite” e “Madrugada, me Proteja” são de autoria de Cuti. Jessé destaca abaixo os trabalhos do grupo:

Essas obras, apesar das adaptações, representam de forma original os diálogos e os enredos dos clássicos. O que diferencia o grupo na sua interpretação dessas peças é justamente o destaque ao negro como protagonista das histórias.

Representação da peça de teatro Transegun. Foto: Carlos Cruz/blog grupo Caixa-Preta

O grupo já enfrentou dificuldades de financiamento para a produção dos espetáculos, porém Jessé salienta que essa realidade vem melhorando com editais, uase sempre da FUNARTE, que preveem beneficiamento do teatro.

“Se a gente não tem uma fonte de financiamento preferimos não fazer. Como atores que vivem de arte podem se dedicar ao trabalho sem essa condição?”

Jessé também dá destaque ao legado trazido pelo grupo. Além do trabalho coletivo feito pelas pessoas que participam desse projeto ele destaca como o grupo foi feliz no fomento do público para o teatro feito por negros além do inventivo a um próprio mercado de trabalho que se constitui a partir disso:

As temporadas de apresentações e eventos culturais do grupo são esporádicas e a sua última aparição foi em dezembro de 2016 no Encontro de Arte de Matriz Africana, onde se apresentam artistas negros e se debate o contexto da negritude nas artes.

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