A tecnologia está deixando o Cinema melhor ou pior?

Rebecca Albino
CineOpinativo
Published in
5 min readSep 10, 2017

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Antigamente isso aqui era tudo mato!

Não vou começar o texto falando que a tecnologia está por toda parte e aquela coisa toda, pois, assim, isso é óbvio. O fato de você estar me lendo aqui já prova isso.

A discussão, na verdade, está em saber se todas os avanços tecnológicos estão tornando o Cinema — em toda sua amplitude — melhor ou pior. Ela está ajudando a tornar a experiência mais agradável ou mais cansativa?

Quando se fala em tecnologia, é importante salientar que ela tanto pode ser muito boa, como pode ser muito ruim. O que difere um resultado de outro? O uso que se faz dela.

Da mesma forma que vemos casos e mais casos de pessoas expondo intimidades e levantando falsas acusações de outras na internet, também tiramos casos inteligentes e até tocantes de internautas que usam as redes sociais para o bem comum.

A tecnologia na nossa ida ao cinema

Ir ao cinema hoje em dia não é mais a mesma experiência de 10, 15 anos atrás. As empresas que exibem os filmes (como a Kinoplex, por exemplo) tiveram que se reinventar para tirar as pessoas do sofá e levá-las para as salas espalhadas — em sua maioria — pelos shoppings do país.

Isso aconteceu, principalmente, por causa da facilidade de se ver filmes online. A compra de filmes piratas, a baixação através dos torrents e, mais recentemente, os serviços de streaming, colaboraram muito para o avanço das salas.

Alguns artifícios usados foram investimentos pesados em qualidade de som, alta definição da imagem (e do tamanho), o 3D, cadeiras com reclinação perfeita, pipoca gourmet, além de algumas salas cheias de frufru — como o 4DX, De Lux ou o caso do D-Box, que já falamos aqui.

Poltronas 'chaise longue', pipocas com azeites especiais, vinhos e espumantes.

Isto é, são recursos que, por mais que você curta assistir seu filme em casa, algumas experiências você só terá na sala de cinema e, para isso, é só ir no shopping mais próximo.

Por outro lado, devemos lembrar que todo investimento tem que ter retorno, afinal é um comércio; e isso acaba influenciando no preço do cinema. Você lembra quanto pagava para assistir a um filme há 10 ou 15 anos? Eu sim. Já assisti filmes pagando R$ 2,50 (meia).

Juro. Por. Deus.

E vale lembrar: além de bem mais barato, ainda dava para colecionar o ingresso, visto que o papel era de qualidade! Hoje, se você não tomar cuidado, o papel rasga, mancha, fica ilegível antes mesmo de entrar no cinema.

A tecnologia e as cenas dos filmes

Não há dúvida de que o visual dos filmes ficaram melhores. Afinal, se a câmera do seu celular pode fazer grandes feitos, imagina o quão avançados estão os equipamentos utilizados no cinema?

Alguns filmes servem como uma vitrine para ver o que há de novo no mercado tecnológico voltado para a produção cinematográfica. Os filmes de super-herói, sempre lotados de efeitos especiais, podem confirmar.

Quando passam do ponto e acabam abusando da tecnologia, por outro lado, algumas cenas podem ficar toscas — e até meio feias -, fazendo com que nos perguntemos: já passamos dos anos 2000, será que isso não poderia ser mais convincente?*

Olha só como o Harry se transforma (lê-se como o efeito falha) depois que ele afunda a varinha no nariz do trasgo.
Se liga nesse bebê creepy!

Em resumo: é legal, é bem-vindo, mas não deixe passar do ponto!

A tecnologia e a diversidade de produções

Produzir está muito mais fácil hoje em dia, mesmo que não pareça. Digo isso por causa dos nossos celulares, que nascem no mercado já gritando e implorando para você produzir conteúdo.

Já reparou que uma das maiores preocupações das marcas de smartphones está exatamente na câmera? A campanha do "Clicada com um iPhone" que o diga.

A praticidade de um aparelho que ajusta som e imagem conforme o ambiente em que você está, deixa o trabalho do aspirante a produtor muito mais fácil.

Com isso, diversos curtas, documentários, filmes e webséries feitas por pessoas que tem vontade, ganham vida todos os dias no Youtube, Vimeo e por aí vai.

São ideias que, anos atrás, ficariam no papel ou esperariam muito tempo e muito recurso para conseguir participar de algum edital ou simplesmente para nascerem.

E olha que participar de edital é a parte mais tranquila de toda a burocracia que envolve produzir e distribuir um material audiovisual, hein!

Isto é, qualquer pessoa pode contar uma história, transmitir uma opinião, registrar um momento ou um cenário social. A diversidade é importante para que nos tornemos mais ricos e com o olhar mais crítico. E isso é muito bom!

Conteúdo independe de tecnologia

Lembra que no tópico anterior eu mencionei o seu celular? Olha, por mais que muitas lojas e marcas queiram vender a ideia de que, para ser Videomaker, Youtuber ou algo do tipo, você precisa de um kit completo com uma câmera DSLR ou um iPhone 7, a história não é bem assim.

Veja bem, é indiscutível que um bom equipamento gera ótimas imagens e, consequentemente, qualidade superior de produção; além de dar um ar de profissionalismo muito maior. Isso é claro, mas precisamos voltar um passo.

É importante lembrar que o conteúdo de qualidade sobrevive independente da tecnologia. Isto é, para fazer uma história, pense nela (muito), estruture personagens e saiba como irá contá-la (storytelling, pode entrar!).

Se você não sabe se equilibrar em duas rodas, não vai adiantar comprar uma bicicleta de corrida. Não é o equipamento que irá completar a corrida ou fará o filme, será você.

Logo, se você se preocupar em comprar equipamentos, sem se preocupar em estruturar o que irá filmar e aprender a fazer isso, então a parte mais legal da sua semana será esperar encomendas e abrir caixas.

Aposte no conteúdo e, depois, defina a melhor tecnologia para sua produção!

Em suma, para ficar bom, acredite no equilíbrio. Ir ao cinema é bacana independente de cadeiras que tremam; ir ao cinema é um evento social, é imersão, é assistir a um filme na tela grande. Exagerar em artifícios pode tirar a atenção do que é mais importante: o filme em si.

* calma, isso não acontece apenas e exclusivamente em filmes de super-herói! Na verdade, é muito comum em filmes de ação, terror etc

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Rebecca Albino
CineOpinativo

Ama Cachorros, Cinema, Cerveja e Carboidratos. Ah, e Calvin & Haroldo!