Alimentos orgânicos: o que são e como identificá-los?

clubeorganico.com
Clube Orgânico
Published in
6 min readSep 28, 2018
Pé de couve no Sítio Solstício, do produtor Renato Agostini, em Sumidouro — RJ [crédito: Clara Mazini]

Por Eduardo Boorhem

É cada vez mais comum ouvir por aí que as pessoas estão aderindo ao consumo de orgânicos. Seja de produtos in natura, aqueles que vêm direto do campo sem nenhum processamento (os mais conhecidos), ou até mesmo de alimentos processados e industrializados, como o refrigerante.

Mas, mesmo com o crescimento, sabemos que o acesso à categoria ainda é restrito — limitado a menos de 15% da população urbana do país. Ou seja: existem muitas barreiras que impossibilitam (ou, pelo menos dificultam) a expansão do consumo de orgânicos no Brasil.

Muito se fala sobre o preço, as formas limitadas de venda, a oferta restrita (tanto em disponibilidade quanto em variedade) e até sobre o visual dos produtos — infelizmente, ainda é comum as pessoas não comprarem fruta feia. Existe muito material sobre esses assuntos e, pra fazer diferente, a gente entende que é preciso dar um passo atrás e buscar entender, na raiz do problema, porque orgânico ainda não é para todos.

Hoje, estamos aqui para falar de:

  • Diferenças produtivas básicas
  • Afinal, por que é mais caro?
  • O certificado importa
  • Como identificar
  • E onde comprar

Diferenças produtivas básicas

Primeiro de tudo, você precisa saber o que caracteriza uma produção orgânica. Por definição, alimentos orgânicos são aqueles oriundos de sistemas sustentáveis de agricultura que não permitem o uso de produtos químicos sintéticos prejudiciais para a sua saúde e a do meio ambiente.

Isso inclui variações de fertilizantes e agrotóxicos sintéticos, bem como organismos geneticamente modificados (os GMOs, em inglês).

"Mas então, o que pode ser usado?"

É simples, é como sempre foi: fertilizantes naturais, com manutenção preventiva do solo, rotação de culturas, uso inteligente da biodiversidade (incluindo consórcio de culturas), adubação verde, compostagem orgânica e controle biológico de insetos, doenças e pragas.

Agora, tenta imaginar o que essa mudança na forma de produzir significa, na prática, para você, consumidor da vida urbana moderna.

Consumir alimentos orgânicos, sejam eles in natura ou não, é apoiar um tipo de produção que, na essência, prioriza o bem estar das pessoas e do planeta. É, ao mesmo tempo, um resgate aos velhos e bons hábitos alimentares com um olhar atento e cuidadoso para o futuro — nossas próximas gerações.

Vale ressaltar que vários dos componentes químicos liberados para uso da agricultura convencional no Brasil são proibídos em outros países, sobretudo na Europa e nos EUA. Ou seja: muitas vezes estamos nos alimentando daquilo que os outros não tem coragem se quer de produzir, quanto mais de comer.

Afinal, por que é mais caro?

Já falamos aqui sobre este assunto, mas nunca é demais repetir. Alimentos orgânicos são, em média, 30% mais caros que alimentos convencionais. A resposta para essa diferença é simples: existem mais barreiras (leia-se, custos) para certificar que um produto orgânico é, de fato, orgânico.

Por isso, e também pelo tamanho ainda limitado da demanda, o preço final acaba sendo maior — mesmo em casos em que o custo da produção é similar à versão convencional do alimento. Outro ponto chave a se considerar é que nós comparamos preço sem comparar valor, ignorando toda a forma de produção ou impacto causado para aquele produto chegar até nós “em oferta”.

Pensa aí: no final, quem vai pagar a diferença de um produto convencional mais em conta?

Fica a reflexão. Mas como a gente não gosta de te deixar na mão, pensamos que seria importante você saber outro ponto que influencia diretamente no preço:

Quem consome orgânicos come menos e é mais saudável.

Portanto, você acaba gastando menos com comida (e com remédios também!).

O certificado importa

Não há dúvida: o certificado é importante porque ele é a única forma de garantir de ponta a ponta que aquele alimento é, de fato, orgânico, respeitando todos os elementos básicos necessários desse tipo de produção.

Em recente entrevista para a Organis, Alexandre Schuch, da certificadora ECOCERT BRASIL, contou sobre o "lado de dentro" do processo de certificar um alimento como orgânico. Diante de tantos questionamentos de consumidores, produtores e até da mídia sobre o nível de segurança do selo, ele falou sobre o processo de garantia:

"O sistema de certificação é baseado em método, procedimentos e inclusive sanções, além de ser totalmente regulado por Lei."

Todas as certificadoras são auditadas anualmente; no caso do Brasil, pelo MAPA e Inmetro, que verificam minuciosamente o trabalho de verificação. Se uma não-conformidade grave é verificada, a certificadora pode ser suspensa.

E claro, nunca é demais convidar você, consumidor, a participar do processo, seja comprando direto de produtores ou mesmo indo em feiras, questionando e se envolvendo na causa dos orgânicos.

Como identificar

A resposta aqui é fácil: tem o selo de Orgânicos do Brasil e / ou de certificadora autorizada, com dados de origem vinculado ao produto (nome de quem faz e onde faz)? Pode comprar que é orgânico mesmo.

Você também pode comprar através de venda direta, como é feito em feiras livres e outros modelos que priorizam a relação do consumidor com o produtor. No Clube Orgânico, que é um clube de assinatura de cestas de orgânicos, todos os produtos contidos na cesta são orgânicos certificados diretamente pelos próprios produtores, que entregam sua produção junto do certificado para controle dos assinantes.

Agora, se você já ouviu alguém falar…

  • É orgânico porque é pequeno
  • Ou tem um formato estranho

Saiba que esses argumentos são mitos do nosso universo. Alimentos orgânicos não são necessariamente menores (como a couve gigante na foto desse post) ou fora de padrão estético — essas são características apenas de uma produção que não chegou no seu potencial máximo. E também tem outro fator importante: na produção orgânica, dificilmente se aceita desperdiçar um alimento somente pelo seu visual, por isso é tão comum ver produtos pequenos ou "feios" à venda no mercado orgânico.

Vender (e comprar) esse tipo de alimento é uma forma de respeitar todo o processo envolvido na produção dele:

Energia e tempo para transformar semente em comida de verdade.

E onde comprar

Chegou até aqui? Que bom saber que você está com a gente em busca de uma vida mais orgânica. Hoje em dia, alimentos orgânicos são mais facilmente encontrados nos grandes centros urbanos, em feiras e também já disponíveis em algumas redes de mercado. No entanto, é no online que uma silenciosa (e importante) revolução da comida vem acontecendo — dia após dia.

Plataformas que se dedicam a promover a conexão direta entre consumidores e produtores de alimentos orgânicos estão cada vez mais em voga, graças a um modelo moderno que promove relações mais justas e transparentes.

As formas de comprar são muitas: seja pelo WhatsApp, Instagram e Facebook, diversos sites pelo Brasil tornam mais fácil e acessível esse tipo de alimento. O Clube Orgânico conecta consumidores do Rio de Janeiro e de Niterói com entregas semanais, quinzenais e mensais em todos os bairros.

Procure na sua região.

Se envolva, conecte-se à boa comida: limpa, local e justa. Mudar individualmente a sua forma de consumo é o primeiro passo que podemos dar em direção à mudança que queremos ver no mundo — uma cesta de cada vez.

Seja um associado: clubeorganico.com | Loja | Facebook | Instagram

--

--

clubeorganico.com
Clube Orgânico

compre online e receba em casa alimentos naturais, 100% orgânicos, direto dos produtores.