Menos pessoas entre você e a sua comida
O impacto de uma relação mais próxima com produtores orgânicos do nosso Estado.
Por Eduardo Boorhem
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De tempos em tempos, pegamos o carro e subimos a Serra. A cena da foto é real: nosso encontro com os produtores no Sítio Solstício, em Sumidouro. Esse processo, apesar de custoso e demorado, traz um fator pra lá de importante — ainda que invisível — para cada cesta entregue do Clube:
O fator humano.
O Clube Orgânico é um negócio de impacto social feito por pessoas, para pessoas. Aqui, apostamos na relação direta entre quem produz e quem come, pois acreditamos que só dessa forma será possível democratizar o acesso a alimentos orgânicos de maneira justa e transparente.
E por que a gente faz isso?
Além do aspecto social que gira em torno da comida (e faz com que a gente se apaixone todos os dias por esse trabalho), tem também outro benefício claro: estar em contato com os produtores do nosso Estado, de forma sistemática e repetitiva, gera uma relação de confiança única para quem faz parte do Clube.
E, de forma prática, isso significa benefícios reais para você e pra toda a cadeia de orgânicos. Segundo um relatório de inteligência divulgado pelo Sebrae em 2015, para o setor de alimentos:
"De cada dez toneladas de alimentos produzidos no Brasil, apenas quatro chegam ao consumidor final."
O mesmo relatório indica que entre as principais causas das perdas estão a falta de armazéns, a deficiência nas embalagens, veículos inadequados e excesso de manuseio no produto.
Em resumo: tem gente demais entre você e a sua comida.
Não fosse o desperdício o bastante, a questão da qualidade é ainda mais sensível na percepção de quem compra. É comum a crítica sobre a durabilidade dos alimentos orgânicos em relação aos convencionais, mas você já parou pra pensar o tempo que ele demora, em média, para percorrer o caminho entre o campo e a sua geladeira?
Repare bem. Quando você vai ao mercado, no Rio, e compra uma rama de cenoura orgânica embalada, veja se o rótulo indica a procedência de São Paulo. Se sim, muito provavelmente significa que esse produto saiu do produtor e, até você, passou pela mão de 3 intermediários — ao menos 1 por dia — o que impacta diretamente no tempo de vida quando você leva essa mesma cenoura para casa.
Dessa forma, comprar de iniciativas locais é bom porque:
- aumenta o poder econômico de negócios nascidos perto de você;
- garante que você está levando um produto de maior qualidade e frescor;
- reduz substancialmente os impactos ambientais causados pelo transporte.
Ter menos pessoas entre você e a sua comida faz diferença na relação e também no sabor de cada preparo. Conhecer (e se importar com) a origem está longe de ser um modismo passageiro e cada vez mais a procedência será chave na decisão de compra de qualquer bem de consumo — de comida, então, nem se fala.
O impacto positivo de uma relação mais próxima com produtores orgânicos percorre toda a cadeia, do campo à mesa, e você é o principal agente capaz de promover essa mudança.
Vamos juntos, uma cesta de cada vez?
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