Técnicas para o Designer vender o peixe e conseguir novos clientes e projetos

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10 min readDec 3, 2018

Publicado originalmente em Codesigners.cc por Brunão.

Desde que comecei a minha carreira como designer eu sempre fui bastante preocupado com a questão financeira e de vendas. Mas ao contrário de muitos amigos designers, eu sempre tive facilidade e interesse por essa parte: Vender o peixe e conseguir novos clientes e projetos.

Em todo esse tempo como profissional da economia criativa, eu pude testar várias estratégias para vender o meu trabalho, seja como freelancer estando empregado, freelancer ‘full time’ e até mesmo como dono de escritório de design. Para cada uma destas situações houve momentos difíceis onde nada funcionava , mas também algumas outras ações que deram resultados positivos.

Neste sentido, vou listar primeiro algumas características em comum que deram certo nos 3 cenários, e no final vou tentar apresentar algumas ferramentas que podem ser utilizadas por você, mas que não funcionam para todos os cenários…. Bora vender o peixe?

Bota a cara no sol!

Fazer networking é o primeiro item que você deve trabalhar, mas não é necessariamente uma garantia de que você conseguirá novos projetos. Conheço gente que conhece um moooonte de gente, muito mais do que eu, mas passa perrengue em conseguir novos projetos.

O que pude perceber neste sentido é que além de conhecer gente você também precisa mostrar seu trabalho. Seja ele fictício ou feito para um cliente real, se você não tem o que mostrar, você pode até ser amigo da Beyonce que não vai aparecer muito cliente.

“Mas Brunão, você realmente ta falando de portfolio? isso é básico né!”… sim, é, mas veja bem… não é só criar um portfolio no Behance e pronto. Você será um entre milhões. O lance de botar a cara no sol está mais relacionado à ser lembrado.

Pra ser lembrado eu acho que uma das primeiras coisas é ter um trabalho memorável, de boa qualidade. Outra coisa importante é sempre participar de eventos, se oferecer como voluntárioem algum evento onde possa haver um bom networking ou até mesmo possíveis clientes; ir à eventos de business (e não de design) e distribuir seu cartão de visita que linka para seu trabalho.

Uma última coisa que funciona muuuuito bem pra mim é publicar um projeto novo nas redes sociais de tempos em tempos. Praticamente todas as vezes que fiz isso, seja como freelancer ou na Dupplamente, um movimento orgânico de pessoas pedindo orçamento aconteceu. Não tenha medo de botar a cara no sol! Uma coisa importante sobre isso, que demorei pra aprender, é saber publicar na hora certa. Não queime largada, espere o projeto ficar pronto, ou no máximo dê uma prévia de algo já próximo do resultado final (ou que pelo menos demonstre um conceito mais definido do projeto).

Coworking

O Coworking também funcionou pra mim. Um ambiente com profissionais de áreas diversas sempre está muito propício para conseguir novos projetos/clientes. Era comum chegar um novo coworker, rolar aquela apresentação inicial e uma ou duas semanas depois a pessoa me procurar dizendo “Ow, vocês mexem com webdesign né? To precisando refazer meu site”… ou então “Brunão, tem um pessoal aqui que eu vou produzir um vídeo, eles tão abrindo negócio X e precisam de uma marca, você faz né?”.

Além destes negócios pontuais que aparecem no Coworking, mesmo quando você deixa este ambiente os contatos ficam, e são bem mais fortes porquê vocês conviveram por algum tempo. Existe uma sinergia e uma confiança maior dos seus colegas coworkers em te indicar para um cliente dele.

Então, se puder, faça coworking.

Produzir conteúdo sobre sua área de atuação

Este tópico é bastante interessante, e embora eu nunca tenha feito isso de maneira regular, sempre que produzi conteúdo foi praticamente instantâneo o retorno. Uma coisa importante a se dizer sobre isso é que você precisa ‘botar a cara do conteúdo no sol‘… ou seja, tem que produzir conteúdo mas também precisa mostrar para as pessoas.

No ano de 2013 eu estava ‘surfando pela web’ e vi uma chamada para pessoas interessadas em escrever artigos gratuitamente para um portal sobre empreendimento digital. Nem pestanejei e muito menos tive preocupação com ‘ahhhh, mas tão querendo que eu trabalhe de graça’. Pensei apenas que seria um local onde eu teria meu conteúdo publicado, e então submeti minha inscrição para ser um dos colaboradores. Fui aceito para falar sobre design!

O portal era o SynapsesHub, que não existe mais. Escrevi 14 artigos para eles, que vocês podem conferir neste Tumblr do projeto!

Ter escrito estes artigos me renderam um projeto de um pessoal que estava vindo da Venezuela montar uma fábrica de alimentos congelados. Foi um dos projetos mais legais que pude trabalhar, e o diretor da empresa me encontrou através deste artigo que fiz para o SynapsesHub!

Atualmente tenho trabalhado conteúdo gratuito aqui no Codesigners, e estou em produção de uma série de vídeos tutorias que devem ir ao ar no primeiro trimestre de 2019! =]

No mais, indico você a criar seu próprio blog com qualquer ferramenta gratuita, ou ainda, criar uma conta no Medium, que têm se mostrado uma ferramenta bastante relevante nos últimos anos para este tipo de conteúdo mais técnico como Design e Programação.

Uma última coisa que eu gostaria de dizer sobre produzir conteúdo é que, eu nunca fiz pensando neste tipo de retorno. Fiz e ainda estou fazendo porquê gosto do assunto e tenho uma necessidade latente de passar adiante. Lógico que eu acho bom quando meus conteúdos me trazem novos projetos, mas este nunca foi e nunca será o objetivo principal! Mas independente da sua motivação, faça conteúdo de qualidade!

Fale para empresários não para outros designers

Cerca de 100% das vezes que vendi um serviço, não foi outro designer que comprou o projeto de mim, e no máximo 10% das vezes foi outro designer que me indicou. Ou seja, designer não é o o meu (nem o seu) público comprador.

Mas existe um vício nosso de querer impressionar nossos colegas de trabalho, pois naturalmente somos pessoas bastante críticas, e causar uma boa impressão e conseguir elogios de nossos colegas é sempre algo que é muito bem vindo… mas e na hora de pagar as contas?

Partindo dessa premissa, fica mais fácil entender que você deve se comunicar primariamente ao verdadeiro comprador do seu serviço, de modo que ele entenda o que você está dizendo e como seu trabalho pode ajudá-lo.

Além do empresário dono de micro e pequena empresa, alguns designers que eu conheço lidam a maior parte do tempo com agências de publicidade, onde geralmente quem contrata o serviço é o profissional de marketing. Mesmo sendo um cara de agência criativa, muitas vezes esta pessoa também não é obrigada a saber o que é ‘kerning’, ‘responsive design’, ‘mobile first’ e outros termos específicos de algumas áreas de atuação do design. Esse comprador geralmente quer saber o impacto positivo que essas mudanças terão em um contexto geral.

Empresário gosta de resultados, números! Mostre isso à ele. Mostre o quanto seu trabalho como designer irá agregar para que ele possa ser mais bem visto no mercado e claro, para que ele venda mais. Você mostrando ao empresário que seu trabalho como designer pode fazer isso por ele, já é meio caminho andado! Se você conseguir mostrar o como, praticamente o negócio ta fechado!

Em outras palavras, não dê aula de design para seu possível cliente, de uma explicação clara de quais benefícios o design vai trazer para a empresa dele. Se você não sabe como fazer isso, ‘volte 10 casas’ e leia um pouco mais sobre o impacto do design nas empresas desde a revolução industrial.

Os tópicos acima foram estratégias que funcionaram pra mim nas três situações que mencionei, sendo freelancer empregado, freelancer ‘full time’, e sendo dono de escritório de design.

Logo abaixo vou listar coisas que você NÃO deve fazer:

Não seja babaca!

Não precisa nem falar né, mas tem muita gente que é. Ser babaca inclui:

  • Achar que sabe mais que todo mundo ou que já sabe tudo que precisa (uma vez fui dar uma aula em uma universidade à convite de um professor, cheguei lá e vários alunos se comportaram como se eu fosse um tiozão que não sabia de nada e que eles já eram os rockstar do design… tsic… tadinhos). Seja ‘ómilde’ com os tiozão e tiazona (e como todo mundo, claro), porquê sempre vai existir alguém que sabe mais do que você sobre algum assunto.
  • Não puxe o tapete do coleguinha, não seja ‘traíra’. Existe uma linha tênue entre concorrência saudável no mercado e ser um completo idiota que sabota seus colegas de profissão. Eu já fui sabotado por gente que eu encontrava sempre nos eventos e cumprimentava achando que eram pessoas legais. Também fui sabotado por ex parceiro de trabalho e é uma das piores merdas que podem acontecer. Quando você faz uma merda dessas, uma hora ou outra isso vaza e seu nome começa a girar negativamente no rolê. Uma coisa que muita gente talvez não saiba, é que o nosso meio é bem restrito e todo mundo conhece todo mundo. Um vacilo desses e você será ‘persona non grata’ no meio.
  • Não se esconda na sua concha. Este tópico é menos nocivo aos outros e mais nocivo à você mesmo. É um dos que mais tenho dificuldade, porquê sou dessas pessoas que tendem a ficar um bom tempo recluso, estudando um tema muito bem estudado antes de sair por aí falando de algo que não entendo direito… o problema é quando você faz isso por tempo demais e se esquece do mundo (e o mundo esquece de você). Não faça isso! Saia, vá conversar sobre coisas que você ainda está aprendendo.
  • Não seja “Paquitão”. Este é o cara que gosta de aparecer mais que todo mundo… aquela pessoa toxica, que força a barra, que dá aquele tapinha nas costas e é ‘amigona’ de todo mundo de um jeito super artificial e interesseiro; que gosta de aparecer demais, que todo assunto ele sabe mais que todo mundo. Se for tudo verdade que você é o ‘manjador dos manjadores’, seja humilde, e no mínimo ajude quem precisa com seu conhecimento. Agora se for mentira e você for uma fraude, reavalie sua conduta, pois falar demais só pra parecer o fodão não vai te trazer novos clientes (ou pode até trazer, mas no meio do percurso a mentira vem à tona). Quando a pessoa é ‘paquitão’, só ela que não percebe que todo mundo sabe que ela é ‘só papo’… Conheci alguns paquitões, e todos eram só fachada… só pareciam que sabiam muito, que faziam demais… mas na hora de mostrar trabalho, não existia nada consistente. Não seja paquitão.

Ferramentas úteis e diretas para conseguir novos clientes e projetos

  • Redes Sociais em Geral: É muito importante a presença nas redes sociais como forma de ‘cravar sua bandeira’ e poder ser consultado por um possível cliente. Eu sempre usei para divulgar meus conteúdos e basicamente como um ‘cartão de visitas virtual‘ para minha empresa, além de ser também um canal de comunicação. Nada muito além disso.
  • Sites de Freela em Dolar: Se você manja ‘dos ingreis’ e não tem problemas pra se comunicar com gringos, vale a pena tentar alguns sites de oferta de projetos para freelancers e ganhar em dolar. Algumas vezes o valor hora/trabalho oferecido é baixo, mas convertido para BRL vale a pena em alguns casos. Alguns sites que já tentei: Upwork, Indeed, Opportunity, Remote OK.
  • Linkedin: Tenho utilizado o Linkedin mais recentemente. Está sendo muito útil para fazer networking de forma amigável porém não muito invasiva. Não tenho um objetivo muito exato com o linkedin, mas percebo que o engajamento dentro dele é bastante relevante quando publico links para meus artigos por lá. Outras coisas interessantes do Linkedin são as recomendações e depoimentos. Peça para pessoas que já trabalharam com você te recomendarem ou deixarem um depoimento, isso pode ajudar muito.
  • Dribbble: Alguns dos profissionais que como designers têm profile no Dribble, e tenho conhecimento de que já pegaram vários projetos por terem seu perfil nesta plataforma. Também já vi relatos de pessoas de startups e empresas de tecnologia que recorrem ao Dribbble para conseguir bons designers de UX/UI. O Dribbble não é aberto à qualquer um e você precisará de convite para ter um profile, ou então deverá adquirir uma conta paga.
  • Behance: Eu particularmente acho o Behance um pouco anti-democrático. Acho os algorítimos dele um pouco viciados, uma vez que já encontrei diversos projetos muuuuito bem executados e que nunca foram destaque na plataforma, enquanto que alguns outros escritórios/profissionais que já tiveram projetos em destaque alguma vez, parecem sempre serem revisitados pelo algorítimo avaliador do Behance e conseguem um novo projeto como destaque. Essa é só uma impressão minha e posso estar completamente enganado. De qualquer forma, o Behance ainda é sim uma grande vitrine, e se você der a sorte de cair nas graças da comunidade e receber muitos likes no seu projeto, você pode obter clientes com certeza.
  • WhatsApp: Este último é controverso, e poderia ser transmutado em “responda de forma rápida e esteja disponível em horário comercial“. Muitos designers que conheço são introspectivos, mais projetistas do que designers de relacionamento. Se você pretende vender seu serviço mas odeia se comunicar com pessoas, você vai precisar rever isso e encontrar uma solução. Pra mim, todas as vezes que respondi aos meus clientes (ou interessados) rapidamente pelo whatsapp, eu tive a clara impressão de passar uma imagem de eficiência à eles. Só tome cuidado para que ele não abuse, deixe sempre claro seus limites e horários desde o início.

Tudo muito obvio né…. pois é, mas o segredo está em como você vai usar todas essas dicas. Não sei se consegui deixar muito claro, mas com certeza irei produzir mais conteúdos por aqui destrinchando um pouco mais estes tópicos e também mais técnicas que utilizo para vender meus serviços.

No mais, o que escrevi neste artigo é basicamente o que mais deu certo para mim, com maiores recorrências de sucesso. Das coisas que não deram certo eu posso citar campanha de Google Adwords, fazer promoção dos meus serviços, fazer pacotes de serviços com valor fixo, sites de leilão de serviço (tipo 99designs) e outras coisas.

Espero poder te dar um norte ou ao menos reforçar coisas que você já pratica mas estava na dúvida de que funcionam. Pra mim funcionou sim!

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